Bia Seidl diz que a mulher moderna vive sob forte pressão
Por Redação - 14/01/13 às 12:01
As lutas pelos direitos das mulheres ao longo da história, assunto tão abordado na trama de Lado a Lado, fizeram Bia Seidl estudar a fundo as transformações sociais do início do século XIX até os dias de hoje. Em cima do muro entre o feminismo e o tradicionalismo, a intérprete da doce e submissa Margarida exalta o atual lugar de destaque da mulher. Mas acredita que o preço pago por essa independência tenha sido alto demais.
"A jornada é tripla: temos de ser boas mães, esposas compreensivas e excelentes profissionais. A mulher de hoje precisa de coragem para abdicar de qualquer uma dessas experiências", conta.
Aos 51 anos, a atriz carioca faz questão de evidenciar que, de tempos em tempos, deixa os palcos e os estúdios de tevê em segundo plano. Tudo para cuidar de sua família.
"Tenho minha porção Margarida e sinto um prazer enorme em liberá-la. Diminuir o ritmo de trabalho ao longo dos anos foi fundamental para que eu me sentisse bem na carreira e na vida", conta a atriz, que estreou na tevê em Jogo da Vida, novela global de 1988.
Entre os anos 1980 e 1990, Bia participou de cerca de 20 produções para a tevê, entre elas, novelas como A Gata Comeu, Mandala e Vale Tudo, e minisséries como Engraçadinha… Seus Amores e Seus Pecados e Memorial de Maria Moura. Nos últimos anos, ela assume que passou a selecionar melhor os convites e privilegiar as participações especiais.
"Adoro ser atriz, mas não tenho vaidades de ter apenas as personagens principais ou de glamourizar a profissão. Faço minhas escolhas baseadas na minha trajetória e nas minhas vontades", conta.
OF: Lado a Lado é a primeira novela que você faz na íntegra desde o remake de Paraíso, de 2009. O que a instigou a aceitar o convite?
Bia Seidl: Margarida é exatamente o oposto das duas protagonistas da trama, mulheres destemidas e com pensamento avançados. É legal fazer esse contraponto, pois minha personagem representa a típica mulher da sociedade da época: submissa e sem pensamento crítico. É uma figura que entrega sua vida para o crescimento familiar. E são os conflitos com os filhos e o marido que vão a desenhando ao longo da novela.
OF: Sua carreira é marcada por vários personagens de época. O que a atrai para este tipo de trabalho?
BS: É uma identificação. Sou do tipo estudiosa e acredito que a televisão possa ir além do puro entretenimento e ter uma função mais didática e informativa. Me considero uma sortuda por ser chamada para trabalhos tão ricos como Memorial de Maria Moura e Terra Nostra, da Globo, ou Sangue do Meu Sangue e Ossos do Barão, no SBT. Esse gosto por tramas ambientadas no passado também se reflete em minhas escolhas do teatro.
OF: Além do desenvolvimento feminino, quais foram suas outras referências ou inspirações para compor a Margarida?
BS: Esse trabalho de dar estofo ao personagem depende muito do texto. No caso de Lado a Lado, o roteiro me dá todos os componentes necessários para atuar. Mas não me contive a isso. Desde que fiquei sabendo da novela, em fevereiro do ano passado, procurei por livros que me dessem essa visão política de uma época marcada por machismo. Engraçado, praticamente todas as minhas referências e pesquisas sobre as mulheres do início do Século XIX remetem a um ser que age subliminarmente. À sombra dos maridos, elas foram se sobressaindo.
OF: Na trama, Margarida é a mulher de Bonifácio, personagem de Cássio Gabus Mendes, um poderoso Senador da República. Alguma primeira-dama brasileira serviu como fonte de inspiração para você?
BS: Pesquisei alguns casos, mas não quis me espelhar na história de ninguém. Durante a preparação, vi que, em vez de me inspirar em pessoas, seria melhor fazer um exercício de comparação. Me aprofundei na temática da corrupção dos políticos. E fiquei triste ao ver que pouca coisa mudou. Os políticos continuam a agir a partir dos seus interesses sem qualquer cerimônia. Assim como o Bonifácio (risos).
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