Boni: “Hebe era um ser humano de verdade e não um fantoche dos produtores”

Por - 30/09/12 às 16:22

Ag.News

Sob o título ‘A Força da Hebe Camargo’, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni – ex-executivo todo poderoso da TV Globo – escreveu um texto, que foi publicado na coluna de Regina Rito, do jornal O Dia.

Entre outras coisas dentro da síntese do ser humano Hebe, que morreu na madruga de sábado (29), após uma parada cardíaca, ele, que é dono da TV Vanguarda, afiliada da Globo nas cidades do Vale do Paraiba, destaca a espontaneidade da apresentadora, um de seus maiores trunfos para o sucesso:

 “Era um ser humano de verdade e não um fantoche dos produtores.”

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 Confira o texto, na íntegra:

"Não foi com a doença que Hebe Camargo se tornou uma pessoa forte e destemida. Nasceu assim. Começou a demonstrar a sua força logo na inauguração da televisão brasileira, ao fugir do programa inaugural para ter um momento de amor. Ao escapar do programa para dar uma namorada livrou-se de cantar o hino da TV, com uma letra horrorosa do poeta Guilherme de Almeida que dizia: “Vingou, como tudo vinga, neste teu chão Piratininga”. Pior que a letra era a melodia. Hebe se mandou e deixou a bomba para Lolita Rodrigues. Dai por diante, sem jamais ser rebelde, ela abandonava textos da produção preferindo o improviso e a naturalidade. Nunca brigava com ninguém, mas fazia tudo do seu jeito. E que jeito. Alegre, maliciosa, inquisidora, impiedosa, Hebe, em seus programas divertia-se às gargalhadas ou se emocionava as lágrimas. Era um ser humano de verdade e não um fantoche dos produtores. Era metida.

Não tinha medo de entrar em qualquer assunto, mesmo que não o dominasse. Sua personalidade era mais forte que do que sua autocritica. Deixava de lado o profissionalismo trocando pela postura de um ser humano sem medo da verdade. E era assim com os velhos companheiros. Aliada e fiel. Aí está a Lolita Rodrigues, que não me deixa mentir. Outras amigas que adoravam a Hebe e eram adoradas por ela, foram embora antes da Hebe, como a Dercy Gonçalves e a Nair Belo.

 Ao mesmo tempo que rendia homenagem aos medalhões Hebe se empolgava com os novatos e abriu muitas portas para artistas que devem a ela o seu sucesso. Eu mesmo tive o apoio da Hebe. Na Rádio Nacional de São Paulo, onde eu engatinhava e ninguém me dava bola, a Hebe me prestigiava. Foi madrinha de muita gente boa. Distribuía bom humor e amor. Hebe, como ser humano e como profissional, jamais será substituída. Sua força vinha de uma personalidade superior voltada para o bem. Certamente foi graças a essa força que a Hebe manteve o sucesso por tanto tempo nas emissoras em que trabalhou. 

Certamente foi usando essa força que Hebe lutou contra o câncer e prorrogou sua vida. Ela estava feliz ao voltar para o SBT, de braços com a alegria e com a esperança. Não deu tempo. É triste. Hebe se foi quando estava prestes a renascer. Carinho, amor e um selinho para Hebe onde quer que ela esteja. Do seu eterno fã, Boni.”


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