Boris Casoy não aceita os que são contra a vacinação e cobra o presidente: “Eu não perdoo Bolsonaro!”
Por Redação - 20/07/21 às 06:02
O programa “Conversa com Bial” desta segunda-feira, 19 de julho, entrevistou o jornalista e apresentador Boris Casoy, que tem 80 anos de vida e 65 de carreira. Ele questionou o presidente Bolsonaro sobre a campanha negativista da vacina contra o Covid-19, lamentou Lula candidato, os altos e baixos da Lava Jato, o apoio ao Golpe de 64 e FHC, e muito mais.
Bial começou questionando sobre seu tradicional bordão “Isso é uma Vergonha!” e se as vergonhas mudaram desde que começou a usar a frase na televisão.
Eu não gosto de caracterizar vergonhas. Elas são tantas que eu tenho medo de ofender algumas delas, excluindo desse hall. As vergonhas são as mesmas, elas só mudam as vestimentas. Elas se modernizaram, passaram a usar instrumentos novos. Mas o ser humano é ser humano e as vergonhas são as mesmas. Não uso vergonha para questão moral. Vergonha para mim é parte de uma visão política, parte de uma irritação e de uma indignação. Nunca da questão moral.
“O Brasil é sem vergonha?”, perguntou o apresentador.
“Não! Diria que a elite brasileira ou é sem vergonha ou é perto disso. A elite que tem as mãos na direção do país realmente é uma elite a quem falta muito vergonha. Mas a população brasileira é correta, honesta, decente. Tem esperanças, acredita.”
LAVA JATO
“A Lava Jato foi uma grande novidade, fez a diferença. Eu na minha vida já longa não tinha assistido um fato como esse, quando você tinha um país que não punia os seus ladrões e de repente aparece um grupo de juízes, de promotores, que começam a reagir ante a uma situação absurda onde se tolerava, inclusive a imprensa, se achava que a vida era assim. Eu senti esperanças”, disse ele e revelou onde as investigações acabaram errando.
“A Lava Jato teve erros. As gravações clandestinas, até criminosas, mostraram que a Lava Jato teve erros. Eles são amplificados por aqueles que tem interesse em destruir a Lava Jato. Analiso como um corpo: era um corpo doente, que estava sofrendo uma intervenção cirúrgica e estava reagindo. É uma reação em cadeira. Alguns de dentro da cadeia mesmo. Você vê que as pessoas estão voltando”. Boris lamentou a liberdade do ex-presidente, que havia sido preso pela Lava Jato:
VACINA
Casoy lamentou as campanhas contra a vacinação e diz que teria tido mais sorte se já existissem algumas delas quando criança. Ele e a irmã gêmea tiveram poliomielite com 9 anos de idade.
“Se houvesse vacina, eu e minha irmã gêmea não teríamos sido vítimas da poliomielite. Cada criança salva é um cidadão lá na frente. Cada criança salva de poliomielite é um cidadão lá na frente que pode ser um médico, um bom marido, um bom pai, um operário, um profissional liberal.” E criticou nosso presidente por apoiar os negacionistas:
Apareceu essa bobagem, essa besteira muito estimulada pelo presidente da República. Eu não perdoo Bolsonaro, ele pode ter as virtudes que tiver mas isso anula as virtudes. Não tem vacina contra burrice, mas vai surgir. E vem o presidente da República e combate a vacina.
“Eu ainda escapei porque meu pai tinha condições e levou eu e minha irmã para se curar nos Estados Unidos e remediou um pouco. Ando normalmente. Fiquei com os movimentos mais débeis, mas foi uma operação que me salvou. Nem todo mundo pode ser operado.”
APOIO AO GOLPE DE 64
“O que me levou a apoiar o golpe de 64? Eu tinha 23 anos, estava começando a faculdade, era uma profunda convicção democrática. Eu tinha pânico do comunismo. Já tinha acontecido em Cuba. Tinha muita gente que queria aquilo, certamente iludida e imaginando que era igualdade, fraternidade… comunismo é uma tremenda ilusão. Na minha cabeça o golpe era uma limpeza. Era contra a corrupção e a favor da democracia. Essas duas coisas foram abandonadas e as coisas foram se complicando. Aí a gente ficou sabendo da tortura e você passa a não concordar com uma série de fatores. Não era isso que a gente imaginava.”
CRENÇA EM DEUS
Boris Casoy ficou conhecido por ter perguntado a Fernando Henrique Cardoso, em uma campanha para eleição a prefeitura de São Paulo, em 1985, se ele acreditava em Deus. Muitos atribuem a derrota do político a essa questão.
“Bolei essa pergunta, porque na época havia um esforço de não mostrar que havia um apoio do partido comunista, do PCdoB porque aquilo puxaria para baixo a candidatura do Fernando Henrique, que muita gente considerava um perigoso esquerdista. No primeiro debate não deu tempo de fazer essa pergunta”, contou e continuou:
Ele acha que não foi o que o derrotou. Ele acha isso. Mas um dia, por causa dessa história, eu estava com ele, num sábado no Palácio, e eu fiz o seguinte raciocínio: ‘Olha, Fernando Henrique. O que aconteceu foi o seguinte: ao fazer essa pergunta, eu fui a pedra colocada por Deus no seu caminho pra te desviar da prefeitura e ir para a presidência. Se você tivesse ido para a prefeitura, certamente não seria um caminho para a presidência da República. Quando o Papa vier ao Brasil, você tem que pedir a ele que vá até mim, de joelhos, agradecer e registrar o fato de que eu sou o primeiro judeu na história a converter um presidente da República ao cristianismo’.
ON LINE
Depois de deixar a televisão, Boris Casoy criou um canal no YouTube, onde apresenta seu “Jornal do Boris”, para quase 4 milhões de inscritos.
“Eu obedeço a mim mesmo e o horário. Estou me divertindo. É a hora do recreio. Pena que tenho que acordar as 6 da manhã”.
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