Bruna Hamú sobre bulimia: ‘Eu sabia que não era normal e nem saudável’

Com as reprises acontecendo por conta da pandemia, muitos atores estão tendo a oportunidade de rever alguns trabalhos. E Malhação Sonhos é um deles. Aproveitando a oportunidade, OFuxico conversou com exclusividade com Bruna Hamú, que no início de carreira chegou a morar fora do país quando trabalhava como modelo. Enfrentando a realidade de muitas meninas, ela terminou desenvolvendo um transtorno alimentar, mas conseguiu controlar a doença ainda no início. Nesta entrevista, a atriz revelou também estar na melhor fase de sua vida, após o fim do seu casamento com o empresário Diego Moregola.  

Alerta

Nascida em Brasília, Bruna tinha só 20 anos quando morou fora do país. Foi em busca de um sonho que ela começou a modelar, mas descobriu que a pressão para estar magra ia muito além do que ela esperava.

“Se eu não emagrecesse, ganharia apenas metade do pocket money da semana. Isso acabou tendo um efeito contrário, comecei a comer muito mais e foi aí que eu comecei a vomitar, porque não podia deixar o meu corpo absorver a energia que eu estava ingerindo. E eu, na época, morava com meninas que achava ‘normal’, inclusive, uma delas me disse pra vomitar e não engordar. Mas graças a Deus eu tive muita consciência. Liguei pra minha família e contei o que tinha acontecido. Eu sabia que não era normal e nem saudável. Eu tive o apoio que precisava e com isso consegui me reestruturar. Mas é um assunto que precisa ser visto pela sociedade. Muitas meninas sofrem deste transtorno por pressão de um corpo ‘perfeito’ e muitas infelizmente acabam falecendo. Os pais precisam ter um olhar atento e diálogo desde sempre, para que nossas crianças cresçam com consciência”, disse a atriz, que hoje tem 30 anos e vive uma vida plena e feliz com o próprio corpo.

Malhação 

Diferente da antecessora, – Viva a Diferença – que abordava temas mais atuais como: racismo estrutural, xenofobia, assédio sexual, machismo, bullying, bissexualidade entre outros, Malhação Sonhos, que foi exibida em 2014, vem na contramão e aborda assuntos mais leves, seguindo os padrões da emissora.

“Há seis anos Malhação Sonhos, falava sobre muitos assuntos necessários para a sociedade, de forma leve e divertida, quando cabia o riso. Eu acredito que, ainda hoje, é uma novela extremamente atual neste aspecto, que inspira muitas pessoas a não só sonhar, mas também irem atrás dos sonhos e acreditarem, como muitos personagens. Falar sobre este assunto neste momento que estamos vivendo é muito simbólico”, explicou Bruna, que tem aproveitado a reprise para reviver a personagem.

“Eu sempre assisto meus trabalhos, justamente pra ter meu feedback e ver onde posso melhorar, mas como estamos tendo o privilégio de ver uma reprise, onde não temos a pressão das gravações, nem de “Como é que eu posso fazer melhor?”, eu vou assistir para prestigiar a novela, fomos muito felizes fazendo, crescemos muito. Já faz seis anos, mesmo com o tempo percebo que a paixão do público ainda é a mesma. Isso me deixa emocionada porque significa que a paixão que todos nós entregamos reverbera nos dias de hoje”, pontuou a atriz, que recentemente fez uma participação na novela A Dona do Pedaço.

Maternidade

No decorrer desses seis anos muita coisa aconteceu, Bruna se casou com o empresário Diego Moregola, teve seu primeiro filho, Júlio, se separou e hoje é uma mãe dedicada, mas ela também amadureceu durante este processo e como ela mesma gosta de dizer, de dentro pra fora e de fora pra dentro. 

“Foi onde eu me senti mulher, realmente, com responsabilidades reais, com uma vida dependendo completamente e exclusivamente de mim. Nasceu um filho e uma mãe, e todo um processo de entender este novo lugar. Estamos aprendendo juntos. É literalmente um coração fora do peito, não é mais sobre você, mas sobre essa nova vida que você acabou de conhecer, mas que tem muito mais valor do que a sua própria vida. Alguém que está aprendendo a falar e andar, mas que já te ensina sobre a vida e o outro. Buscamos a cada dia ser uma nova e melhor versão de ontem pra conseguir educar pelo exemplo, para que se torne um ser humano de caráter e dignidade. Eu creio que o meu lado feminino floresceu, a mulher que estava escondida começou a sair, porque me trouxe para novos lugares como pessoa”, declarou.

Criativa, ela tem gastado a energia do filhote de apenas três anos com muita brincadeira em casa.  

“E bota energia nisso (risos), brinco que ele é ligado nos 350… Não para um segundo e glória a Deus por isso. Eu tive que me virar nos 30, literalmente, com a pandemia, sem escola, sem poder sair. Eu peguei na internet algumas atividades que poderia fazer dentro de casa, montei uma amarelinha na minha sala com fitas, o sofá virou um pula-pula, fizemos vários bolos, e sempre estava inventando novas brincadeiras. De algum jeito eu tinha que gastar tudo isso”, disse.

Separação

Parafraseando uma letra de música do compositor Tom Jobim, “É impossível ser feliz sozinho”, Bruna está separada desde dezembro do ano passado, mas feliz, bem e plena. Vivendo a vida, um dia de cada vez, e sem necessariamente ter um par romântico ao lado. 

“Eu estou na melhor fase da minha vida, porque “A alegria do Senhor é a minha força”. É um versículo, mas que se tornou real em mim. Eu sempre busco, mesmo em meio às adversidades da vida e do dia a dia, escolher a felicidade. Eu acredito que é uma escolha, uma decisão de todos nós. Com que lente você vai enxergar? Às vezes a gente precisa apenas trocar a nossa lente da situação”, explicou. 

Debatendo sobre relacionamentos nas redes sociais, a atriz participou de algumas lives – Filhas de Ester – e falou sobre homem e mulher se tornarem um só após o casamento. Seguindo esta dinâmica, ela respondeu sobre como é manter a individualidade dentro da relação.

“Eu acredito que para duas pessoas se casarem, elas têm que ser realizadas sozinhas, ser felizes sozinhas para que possam fazer o outro feliz, posteriormente. Quando você tem esse cenário, tem duas individualidades que escolheram se tornar um só e não pessoas dependentes emocionalmente uma da outra, o que traz muitos conflitos para o relacionamento. Quando você se casa e tem uma relação com uma pessoa, vocês estão criando uma aliança, e essa aliança se torna um. E cada um tem o seu papel dentro da relação. O casamento só vai ser bem sucedido quando houver transparência e respeito das partes, entendendo o tempo, as diferenças, o espaço do outro, e com isso escolher se doar, servir e se entregar pelo parceiro todos os dias. É uma parceria e são escolhas diárias. Casar não significa perder sua individualidade, mas que a partir desta individualidade, tenha a escolha de compartilhar com a outra pessoa todos os dias, seu coração, seus pensamentos e sua vida. São decisões e escolhas diárias, e não transferência de felicidade.

Deus e Pandemia

Religiosa, Bruna gosta de compartilhar com os fãs os ensinamentos da bíblia e a importância de Deus, que segundo ela, é maior que a sua própria vida. 

“Porque hoje eu sei que sem Ele, eu nada sou. Hoje tudo que eu faço, tudo o que eu sou, eu entrego nas mãos Dele e deixo-me moldar para o que Ele me criou para ser a cada dia. A minha meta de vida, hoje, é ser mais parecida com Jesus todos os dias. Não é sobre ser perfeita, porque nunca seremos, mas é sobre se deixar ser transformada, deixando as coisas deste mundo para trás e trazendo a realidade do senhor para a nossa vida. Eu sempre fui cristã, mas só entendi a importância de tudo há um ano. Foi quando entendi que nada mais tem valor”, explicou. 

Sobre a pandemia, Bruna acredita que são os momentos de crise que nos trazem para a realidade e sim, é possível olhar com positividade tudo que está acontecendo, pois ela acredita que estamos vivendo numa sociedade individualista.

“São nestes momentos que eu sempre busco entender do Senhor o porquê de tudo isso. O que eu posso mudar em mim através desta situação, o que esta situação está me trazendo para me moldar? São situações de crise que alargam a nossa fé, é quando percebemos que não temos o controle sobre absolutamente nada, mas quando entregamos ao Senhor, ele pode fazer absolutamente tudo. Eu acredito que é um período que a humanidade passou a olhar mais para dentro. Período de muita reflexão e crescimento pessoal. É em momentos como este que percebemos que precisamos nos unir e fazer pelo outro, não só por nós mesmos”, concluiu.