Bruna Marquezine: ‘Não sinto saudade do formato novela’

Por - 18/05/20 às 19:22

TV Globo/Fábio Rocha

Bruna Maquezine lança seu primeiro filme no posto de protagonista, intitulado Vou Nadar Até Você. Para detalhar sobre seu atual projeto na sétima arte, a atriz conversou com a jornalista Tania Morales, da rádio CBN, por meio da live intitulada “Arte na quarentena”.  

“O filme tem um universo bem único, um convite a mergulhar junto com a Ofélia. Ela é uma menina que mora em Santos com a mãe. Elas estão em um momento delicado, pois perde a avó. Ela não conhece o pai, a mãe não dividiu sobre o pai, ela tem questões [mal resolvidas] com esse relacionamento do passado”, iniciou ela.  

No longa-metragem, a personagem vive uma jovem nadadora em busca de conhecer o pai fotógrafo.

“Por histórias que Ofélia ouviu e histórias que conheceu, ela descobre que ele é um fotografo e decide conhecê-lo de uma forma nada convencional para encontrá-lo. Ela foi feita no mar, é uma relação de muita segurança. Então, a personagem vai ao encontro do pai nadando, e vamos acompanhando essa jornada desse possível pai [Tedesco] ou não, é uma jornada de autoconhecimento de uma jovem mulher”, destacou.  

A atriz está lançando um projeto na sétima arte

Preparação

Para viver uma nadadora, Bruna ficou em torno de um mês em São Paulo, fazendo laboratório, treinando nas raias de um clube no Pacaembu.

“Precisava entender mais da técnica e me preparar fisicamente, precisa ter disposição física”, contou ela.

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Convites

A famosa revelou o porquê não fez mais filmes no decorrer de sua trajetória artística.

“Eu nunca recebi muitas propostas pra fazer cinema, por mais absurdo que pareça. No meio das artes existe uma separação de atores de teatro, teatro e cinema. Lamentável não deveriam nos rotular”, confessou e completou:

“Fiz filmes com a Xuxa, mas eu era bem novinha, depois disso fui emendando uma novela na outra. Nunca tinha tempo de buscar projetos no cinema, e sair da obra aberta pra fechada foi extremamente prazeroso. Para o ator é melhor porque dá para dar mais cores, criar mais camadas, se tornar mais dono do personagem, o trabalho é muito mais profundo. Foi uma delícia, um desafio gostoso. Me redescobri como atriz em meu ofício”, ressaltou.

A artista contou no bate-papo que iniciou seu ofício muito cedo, ainda na infância.

“Fui vista por muitos anos como atriz de TV. Novela tem um valor cultural, mas é um formato que fiz muito, comecei com 7 anos, explorei bastante. Chega um momento que todo ator precisa buscar novos desafios. Eu estava exausta mentalmente, emocionalmente e fisicamente, gravando de 13 a 14 horas por dia, ia pra casa pra me preparar, decorar as cenas do dia seguinte, gravar em torno de 30 cenas. Em reta final de novela, vivemos no modo automático”, desabafou.  

Apaixonada por máquina analógica

Dá para acreditar que no auge de seus 24 anos, Marquezine é encantada por tirar retratos por meio de máquinas analógicas?

“Adoro registrar momentos. não me dediquei à fotografia como eu queria, durante as filmagens sim. Hoje o meu xodó é a câmera analógica, tenho várias. E revelo os filmes. Já postei algumas, 80% das imagens no Instagram”, descreveu ela.

Rede sociais

“Sou bem ativa entro todos os dias, leio bastante. Não tenho paciência para gerar conteúdo. Eu posto pouco, recebo algumas criticas por isso. Acho chato essa logística viver o 'agora' e ter de postar na hora, senão virou assunto antigo. Com a câmera me desapeguei completamente, não sinto pressão”, explicou.

A beldade explicou que, mesmo sendo pessoa pública, não sente vontade de expor sua intimidade.

“A parcela da minha vida pessoal que divido é pequena, não sinto o desejo de tirar fotos minhas [de seu cotidiano] não é natural dividir uma foto em casa para alimentar as redes sociais. A minha intimidade divido pouco”, disse.

O que ela acha do interesse do público por sua privacidade?

“Fui me acostumando com esse interesse da minha vida pessoal. Até acho compreensível, mas não alimento isso. Preservo o que é importante pra mim. O que agrega à vida do outro é a minha arte, dar voz a causas importantes que não estão sendo discutidas. A minha plataforma de Instagram não foi batalhada e sim conquistada, nunca tive uma estratégia, foi natural”, reforçou ela.  

Ela ainda destacou se está com saudade de fazer novela.

“Não. No momento não sinto saudade do formato novela, sou sincera. Não quero que soe ingratidão. Sou muita grata por tudo que aprendi. Não é uma decisão definitiva, é um formato que fiz muito e agora quero explorar outros. Gostaria de trabalhar mais com séries. Estou apaixonada por cinema e quero fazer bastante”, falou.

Bruna disse que tem vontade de trabalhar em outras vertentes da arte de interpretação.

“Morro de vontade. Tenho vontade de roteirizar, mas sou crítica e insegura com isso. Minhas ideias são soltas, não me levo a serio, sou bem crítica. Tenho vontade de produzir e dirigir também. O mundo está aberto, abrindo espaço pra gente se aventurar”, afirmou.  

Bruna Marquezine em viagem missionária

Isolamento social

A atriz destacou até que ponto aprendeu com essa experiência de isolamento social, que o Brasil e o mundo vive na atualidade, por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus.

“São muitos, individuais e coletivos. Quem tem o privilégio de estar em casa está trabalhando os relacionamentos, o convívio é complexo e difícil. É um momento de olhar para o outro. Meus pais se mudaram pra minha casa, estamos todos juntos, novamente [ela saiu da casa da família há um ano]. Estou fortalecendo meus pilares mental, emocional e espiritual, usando diversos recursos de terapia, meditação… É inevitável não sentir medo, não se sabe o que nos espera, estamos em transição. A desigualdade me destrói, mesmo sabendo que estou fazendo o que posso. É triste. São altos e baixos, Têm dias que meu olhar é mais esperançoso [se emociona comolhos marejados]. Eu tento manter minha fé, acreditando que existe humanidade vendo gente se movimentando para o próximo”, ressaltou ela.

Por fim, a artista ressaltou as missões humanitárias que integra.

“Eu apoio uma ONG, um projeto que atende crianças e famílias refugiadas em São Paulo, um trabalho feito por meio da arte. É uma causa complexa, parece que cria-se uma resistência [das pessoas]. Minha primeira missão foi no Oriente Médio, me criticaram por que eu não ajudava meu país. Uma crítica injusta e equivocada, estava tentando entender uma realidade distante da minha. Já fui para Angola também, na Aldeia Nissi, que faz um trabalho belíssimo. O lugar que sou mais feliz é em campo, servindo em projetos, minha vida tem mais sentindo”, concluiu.   

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