Bruno Gagliasso chora com a não exibição do beijo homossexual
Por Redação - 05/11/05 às 15:31
Os efusivos aplausos do elenco que assistiu ao último capítulo de América, no bar Novo Fórmula do Gol, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, na noite de sexta-feira, dia 4, não contagiaram Bruno Gagliasso.O ator chorou, quando viu que não iria ao ar o beijo entre seu personagem Junior e Zeca (Erom Cordeiro). De acordo com pessoas que participaram da reunião, Bruno teria ido para outro espaço do local, acompanhado da namorada Camila Rodrigues, a Mari, e derramado suas lágrimas.
Já passava da meia-noite, quando Bruno saiu apressado do Fórmula do Gol. O semblante era de revolta mas, nas palavras, foi contido. Disse apenas que lamentava não ter sido exibido o beijo que o Brasil queria ver. A cena em que Junior e Zeca selariam o amor do casal homossexual, na trama de Glória Perez, foi repetida sete vezes nos estúdios da Globo. Se exibida, entraria para a história da teledramaturgia brasileira.
Mas, a frustração pelo corte do beijo na edição final do capítulo, não foi somente de Bruno Gagliasso. O intérprete de Zeca, o novato em televisão Erom Cordeiro, também gostaria que a cena tivesse sido mostrada.
“Acho um retrocesso não se quebrar mais esse tabu. Mas era de se esperar que isso acontecesse porque, de acordo com as últimas pesquisas da Central de Atendimento ao Telespectador (CAT), as opiniões estavam divididas. E venceram os 50% contrários. De qualquer forma, a mensagem da autora foi passada, tanto na forma delicada do envolvimento dos dois rapazes, quanto na aceitação da viúva Neuta (Eliane Giardini) da condição homossexual de seu filho”, destacou Erom.
Totia Meireles taxou de decepcionante o fato de o beijo homossexual não ter sido exibido. E vários outros atores fizeram coro com a intérprete de Vera, como Cissa Guimarães, a Nina, que acrescentou a expressão “é isso aí”, ao comentário da amiga. Sobre o destino da advogada, Cissa brincou:
“Se houvesse América 2, o Pedro (Werner Schünemann) acabaria com ela”.
Feliz por ter conquistado o amor de Sol (Deborah Secco), o ator Caco Ciocler, intérprete do Ed, não encontrava explicações para a censura ao beijo dos dois rapazes.
“Sei lá se isso não partiu até da Câmara, lá em Brasília! Afinal de contas, o Severino Araújo, antes de perder o posto de presidente da Câmara dos Deputados, já tinha se manifestado contrário ao beijo. E, mesmo depois de renunciar, continuou insistindo nessa tecla”, observou Caco Ciocler.
Ao lado de Caco, Camila Morgado (May) e Cinthia Falabella (Cidinha) destacaram os pontos positivos do fechamento da história de Glória Perez, mas não deixaram de lamentar o fato de Junior e Zeca não terem se beijado.
“Achei justo o final da May. Pena que não teve o beijo”, destacou a intérprete da vilã que, até o último momento, fez de tudo para separar Ed e Sol.
Edson Celulari que, por acompanhar o filho Enzo, de oito anos, a um compromisso com coleguinhas da escola, não tinha assistido ao último capítulo, fez uma indagação ao ser informado pelos jornalistas sobre a polêmica.
“Será que foi a Globo que não permitiu? Mas quem sabe, na reprise, o beijo de Junior e Zeca será exibido? Dá até um título legal: Beijo aos sábados”, brincou, em tom de crítica, o tio Glauco, enquanto se preocupava em saber se a bateria de sua escola do coração, a Beija-Flor de Nilópolis, já tinha chegado ao Novo Fórmula do Gol. “A novela falava da Vila Isabel, mas no elenco tem o Anderson Muller que é filho do Anísio (Abrahão Davi, patrono da Beija-Flor)”.
Aílton Graça, o Feitosa, também torcia para que o beijo homossexual fosse exibido.
“Numa novela marcada por tantos avanços, como foi o caso da mãe do Junior aceitar a homossexualidade do filho, da Islene (Paula Burlamaqui) ter aprendido a lidar com a deficiência da filha, do Jatobá (Marcos Frota) mostrar tudo que o deficiente visual pode fazer para ser incluído na sociedade, não se justifica cortar a cena do beijo. Foi uma pena não ter sido quebrado mais esse tabu. Serviria para as pessoas se tornarem cada mais tolerantes com as diferenças”.
Juliana Paes, que esteve no local por apenas 20 minutos, após o fim do capítulo, foi uma das poucas que destoou dos companheiros. Ela assistiu ao capítulo em casa, na companhia do namorado Carlos Eduardo Baptista e, ao chegar ao restaurante, comentou que achou perfeito o final da história.
E a protagonista Deborah Secco, que foi presenteada com um lindo buquê de flores pelos camareiros de América, ficou em cima do muro.
“Ah, gente, não vamos falar desse assunto do beijo, não! Eu assisti na casa de uma amiga, me emocionei e chorei muito com o final da novela”.
A autora Glória Perez e o diretor Marcos Schechtman não se reuniram com elenco e equipe, no restaurante em que foi comemorado o estrondoso sucesso do final de América. Para Edson Celulari, a maior prova de que a novela parou o Brasil foi o que ele sentiu pelas ruas do Rio de Janeiro, quando se destinava do Itanhangá, bairro onde reside, para o Novo Fórmula do Gol, em Jacarepaguá.
“A cidade está vazia. Isso prova que todo mundo está em casa, ligado no desfecho da comovente e polêmica história de América”.
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