Cantores protestam contra Ordem dos Músicos, no Rio

Alcione, Jorge Aragão, Zélia Duncan, Lenine, Sandra de Sá, Jards Macalé, Ivo Meireles e Wagner Tiso foram alguns dos nomes consagrados do nosso cenário musical que participaram do show intitulado Fora da Ordem, realizado na noite de segunda-feira, dia 27, no Rio de Janeiro.

O evento foi a forma encontrada para tornar público o protesto da categoria contra a Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) que, segundo os participantes não anda em sintonia com a classe. Uma multidão se reuniu nos Arcos da Lapa, área central, que além de apoiar o movimento, cantou e dançou com seus ídolos.

Jorge Aragão, por exemplo, desta a importância do show como uma forma de mostrar que a classe dos músicos é unida.

“Acho uma obrigação estar aqui, porque esse movimento está procurando o bem de todos os músicos. O fato de eu ser um nome consagrado, não quer dizer que não tenho cobranças. Já tive shows quase cancelados, porque um de meus músicos estava com a mensalidade, embora eu e o contratante estivéssemos em dia com a OMB. Se a OMB sabe botar ordem na hora que lhe é conveniente, também precisa saber que nem tudo está em ordem com as pessoas. Há muitas pessoas, muito mais competentes que eu, que estão fora de cena. Desde que me entendo por músico, ouço falar da história do jabá (para as músicas serem executadas nas rádios e tevês) e nada é feito para acabar com isso. Sem falar o problema mais recente que é a pirataria. Isso prejudica a todos os músicos. Posso estar mal informado, mas não sei de nada que a OMB esteja fazendo pela gente”.

Lenine também acredita que o mais importante do show Fora de Ordem é a mobilização que o assunto despertou na categoria.

“Não importa se seja um nome consagrado ou não que está aqui nos Arcos da Lapa. O importante é a gente estar reunida, questionando quais os benefícios que a OMB traz para todos nós. Enquanto cidadãos, somos todos iguais e temos os mesmos direitos. Com os músicos, isso não é diferente”.

Ivo Meireles analisa a questão de forma coletiva e não individual.

“Chegou a hora de a categoria se unir para mudar essa Ordem dos Músicos do Brasil. Antes tarde que nunca”.

E Sandra de Sá acha que a maneira encontrada – um show em praça pública – a melhor para mostrar ao maior número possível de pessoas que o mundo musical não é feito só de felicidade.

“Temos que sacudir a torcida para que ela fique sabedora do que acontece com um grande número de nossos compositores, por exemplo, que não conseguem sobreviver dos direitos autorais. Temos que nos valorizar e exigir respeito. Nem direito a voto temos na OMB. Precisamos saber mais como essa banda toca e melhorar o ritmo”.

Show Fora da Ordem

Com direção geral é de Tibério Gaspar e a produção musical de Téo Lima, o show Fora de Série é uma iniciativa do movimento dos músicos que se organizou no chamado Fórum Permanente de Música, contra a situação da OMB. Uma das principais reclamações do movimento é o fato de que a OMB mantém a mesma presidência no poder há 40 anos. O show foi gravado ao vivo e sairá em CD e DVD, a fim de arrecadar fundos para o movimento.

Além do evento que levou a questão para a rua, o movimento dos músicos que protesta contra a atual situação da OMB, fez um abaixo-assinado com mais de 1.100 assinaturas de arranjadores, cantores, compositores, copistas,  instrumentistas, letristas,  maestros,  orquestradores,  produtores musicais e professores de música. Assinaram o abaixo-assinado, segundo os organizadores do Fora da Ordem: Chico Buarque, Caetano Veloso, Egberto Gismonti, Ivan Lins, Gabriel O Pensador, Fernanda Abreu, Joyce, Lobão, Marco Pereira, Nelson Motta, Zeca Balero, Luis Carlos da Vila, Simoninha e de Wagner Tiso, entre outros. Eles protestam contra a a ameaça de cassação do registro profissional do colega Eduardo Camenietzki, por ter defendido a antecipação das eleições na OMB e solicitam às
autoridades competentes que promovam, através do Ministério Público Federal, uma intervenção na entidade.