Cartas que assassino de John Lennon escreveu a policial vão a leilão
Por Redação - 18/02/13 às 17:50
Mark Chapman, o assassino de John Lennon, escreveu cartas ao policial que o prendeu, Stephen Spiro, durante quatro meses, em 1983. Nas cartas, o criminoso dizia que se sentia próximo ao cantor e o aconselhou a ler o livro de J. D. Salinger The Catcher in the Rye/À Espera no Centeio, porque este era o seu “depoimento”.
As quatro cartas que enviou ao policial naquele ano estarão à venda, a partir desta segunda-feira (18) US$ 75 mil dólares (R$ 150 mil) no site Moments in Time, especializado na venda de documentos históricos e autógrafos raros, segundo a CNN.
Stephen Spiro, que diz que esta foi a única vez que alguém que ele tinha prendido havia lhe escrito cartas, contou que vendeu as cartas porque já tem 66 anos e não saberia o que fazer com elas.
Chapman, que matou Lennon com um tiro, no dia 8 de Dezembro de 1980, escreveu a primeira carta no dia 15 de Janeiro de 83: “Estou contente por nós podermos manter em contato. Nunca esquecerei a primeira vez que nos encontrámos…”, dizia
Nessa primeira carta, Chapman ainda explicou as razões que o levaram a escrever para Spiro: Em primeiro lugar, ele queria ser amigo, depois queria lhe pedir ajuda para encontrar a cópia do livro de Salinger que lhe foi tirada na noite em que fui preso. E, por fim, queria saber a quem Spiro se referia quando, na altura da detenção, no carro de polícia, disse a um colega que sabia que alguma coisa importante lhe ia acontecer naquela noite. Chapman ainda insistiu para o policial ler o livro À Espera no Centeio.
Cerca de 15 dias depois, dia 28 de Janeiro, Chapman voltou a escrever para dizer a Spiro que, desde a altura da detenção, sentiu-se “próximo” dele. Ele ainda tentou explicar de que forma o livro de Salinger era seu depoimento, dando como exemplo uma mulher que se imolou em Saigon durante a guerra do Vietnã. “Ela acreditava tão profundamente no seu objetivo que optou por acabar com a vida em vez de continuar a viver neste mundo hipócrita”.
No dia 19 de Março, Chapman escreveu uma nova carta pedindo a Spiro que lhe falasse sobre a família e os filhos e voltou a aconselhá-lo a ler À Espera no Centeio. Relativamente a John Lennon, ele escreveu: “Vou deixá-lo decidir se Lennon era hipócrita ou não. […] Sim, Lennon era um hipócrita do mais alto grau, mas havia outros que podiam – e teriam – servido o mesmo objetivo”, disse.
Vale lembrar que o assassino de John Lennon já declarou várias vezes que matou o ex-Beatle porque este era um alvo mais fácil do que outros em quem tinha pensado, como o apresentador de televisão Johnny Carson ou a atriz Elizabeth Taylor.
Chapman foi condenado a uma pena de prisão de 20 anos e desde 2000 pode pedir a libertação, que lhe sempre é negada, quando comparece a um júri. Yoko Ono, a viúva do antigo Beatle, disse que, caso Chapman fique livre, isso ainda pode ser um perigo para ela e para os dois filhos de Lennon.
A Moments in Time também está vendendo, por 650 mil dólares (R$ 1,3 milhão), o álbum Double Fantasy, que Lennon autografou a pedido de Chapman cinco horas antes do mesmo o assassinar. O álbum foi encontrado na porta da casa do músico por um homem que o disponibilizou para a polícia como prova do crime. O mesmo homem o recebeu de volta algum tempo depois e o vendeu em 1999 através da Moments in Time, que agora o está leiloando.
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