César Lattes é homenageado pelo Google. Saiba que era ele!

Por - 11/07/24 às 07:36

Físico César Lattes homenageado pelo GoogleCésar Lattes foi reconhecido este ano como um dos maiores físicos do país - Foto: Divulgação

O cientista curitibano César Mansueto Giulio Lattes, físico que tornou-se conhecido por descobrir a partícula subatômica méson pi (píon), é o homenageado pelo Google nesta quinta-feira, 11 de julho.

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Em menos de dois anos e meio, entretanto, o cientista brasileiro passou de figura proeminente na Universidade de São Paulo à herói nacional, título confirmado em 2024 por decreto do governo brasileiro para comemorar os cem anos de nascimento dele.

Nascido em Curitiba no dia 11 de julho de 1924, Lattes se graduou em física e matemática na Universidade de São Paulo (USP). Depois, tornou-se sobretudo um dos pupilos do professor ucraniano naturalizado italiano Gleb Wataghin, contratado para assumir o Departamento de Física da USP. 

Antes de mais nada, o curitibano é tido até hoje como o mais brilhante dos jovens físicos daquela geração. Fase que contou com nomes por exemplo como Mário Schenberg (considerado o maior físico teórico do Brasil) e José Leite Lopes (responsável pela primeira predição do bóson Z).

Quais os triunfos de César Lattes

Lattes se destacou por apoiar diversas iniciativas que alavancaram a ciência e a pesquisa no Brasil, como o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio, em 1949. Além do atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1951, e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada, em 1952.

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Sua maior façanha, porém, foi a descoberta de uma das subpartículas responsáveis pela coesão do núcleo do átomo. Isso inaugurou um novo campo de estudos da física. Na época, uma das principais questões da física atômica era saber como os prótons mantinham-se unidos no núcleo dos átomos.

Intrigado com a questão, Cesar Lattes, acompanhado do professor Giuseppe Occhialini, foi para a Universidade de Bristol, na Inglaterra, em 1946. Lá, integrou a equipe do H. H. Wills Laboratory, chefiado por Cecil Frank Powell.

O méson pi

Lattes acreditava que a melhor maneira de se chegar a uma resposta para a questão subatômica era estudando os raios cósmicos em vez dos aceleradores de partículas. Por isso, em 1947, foi até o Chacaltaya, pico de 5 mil metros nos Andes Bolivianos.

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A ideia era “fotografar” a trajetória das partículas oriundas dos raios cósmicos por meio de chapas fotográficas de emulsão nuclear. Um método criado por Cecil Frank Powell.

Antes da viagem, Lattes pediu à Kodak que acrescentasse mais boro à composição das placas de emulsão nuclear. Graças a isso, a revelação das chapas fotográficas mostrou o que seria identificado como uma nova partícula atômica, o méson pi (ou píon).

A descoberta ganhou descrição por Lattes no artigo Processes involving charged mesons, publicado pela revista Nature em 1947. O texto aparece coassinado por seus colegas de laboratório, Powell, Occhialini e Hugh Muirhead. A façanha marcou o início de um novo campo de estudos, a física das partículas elementares.

Controvérsia ou injustiça?

Três anos depois, em 1950, o comitê do Nobel concedeu o prêmio de Física a Cecil Frank Powell pelo desenvolvimento do método fotográfico para estudo de processos nucleares e por achados relacionados aos mésons. O motivo de o prêmio não ter ido para o brasileiro foi a política interna do Nobel. Até 1960, a regra era premiar apenas o chefe da equipe responsável pela descoberta.

Entretanto, pela descoberta do méson pi aos 27 anos de idade, o brasileiro até hoje é lembrado por mudar os rumos da física, dando espaço para o surgimento de um novo campo de estudos, e pelos seus esforços em desenvolver a educação e a ciência de ponta no Brasil. Lattes morreu em 2005, aos 80 anos, em Campinas (SP).

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino