Chandelly Braz esbanja sensualidade em personagem que pega fogo

O jeito despojado de Chandelly Braz em nada lembra o perfil sensual de Marcina, papel que interpreta em Saramandaia. E a atriz consegue se distanciar tanto da personagem que, praticamente, passa despercebida por onde anda. Às vezes, até nota olhares e comentários de pessoas nas ruas. No máximo, alguém se aproxima para falar de seu trabalho, mas nada que interfira em sua rotina. Tamanha discrição, ela bem que gosta de manter. 

"Acho que tenho o poder de me camuflar, o que é ótimo", avalia.

Em cena, Chandelly precisa encontrar o equilíbrio entre o "sex appeal" de Marcina e a ingenuidade da personagem. Que, apesar de, literalmente, queimar de paixão, só perde a virgindade na reta final da trama. Por conta disso, não faltam cenas provocantes. Em algumas, inclusive, a atriz precisa ficar nua. Algo que encara com naturalidade.

"Quando a nudez é justificada, quando não é usada de uma maneira banal e apelativa, não tem problema nenhum", simplifica.
            

Na primeira versão da trama, escrita por Dias Gomes em 1976, Marcina era interpretada por Sônia Braga. Mas Chandelly prefere não enxergar o fato como uma grande responsabilidade. Para ela, o mais importante é conseguir representar as dualidades do papel de forma crível.

"É uma responsabilidade fazer uma personagem como a Marcina porque ela é uma mocinha complexa. É sedutora e arde de desejo, mas tem uma doçura, um romantismo exacerbado", pondera.

Para entender as nuances do papel, a atriz fez uma preparação, durante cerca de um mês, com Dani Lima e Rossela Terranova. Na ocasião, Chandelly estudou como seria ter um corpo que esquenta e chega até a pegar fogo.

"Também fiz um trabalho com o Sérgio Guizé para encontrarmos a harmonia entre os dois personagens", acrescenta, referindo-se ao intérprete de João Gibão, grande amor de Marcina e motivo de seus intensos calores corporais.

Logo em sua primeira cena, gravada nos Lençóis Maranhenses, Chandelly precisou colocar em prática o que vinha ensaiando em sua preparação. É que, de cara, Marcina pegaria fogo.

"Na televisão, você experimenta no 'valendo', com a câmara ligada. Acho que foi a cena que mais me marcou", constata.

Mas fogo de fato, durante as gravações, quase não teve. Quando foi preciso, a sequência contou com uma dublê, que usava uma roupa adequada e estava preparada para se colocar nesse tipo de situação. Às vezes, apenas um pouco de fumaça, que é gerada através de um aparelho específico, basta. Mas é na pós-produção que o trabalho é ainda mais minucioso.

"Nessa cena no Maranhão, eu não usava nada. Não usava maquiagem no corpo, nem fumaça. Colocaram os efeitos depois", revela.
 

Em sua segunda novela – a primeira foi Cheias de Charme , quando interpretou a periguete Brunessa, Chandelly ressalta a sorte que vem tendo em sua trajetória televisiva. Afinal, em pouco tempo só atuou em projetos bem-sucedidos. Além da trama das sete, que alcançou a satisfatória média de 30 pontos de audiência, a atriz estreou em Clandestinos – O Sonho Começou, seriado resultante da peça de João Falcão. Foi por conta do espetáculo, intitulado apenas de Clandestinos, que esta pernambucana, nascida em Recife e criada em Ipojuca, no interior do estado, se mudou para o Rio de Janeiro.

"Em Clandestinos, minha personagem falava o tempo todo: 'Não adianta ter talento, nessa profissão tem de ter sorte'. E acho que eu tive muita sorte porque a primeira vez em que apareci foi em um projeto muito bom", analisa, lembrando a garota de Olinda que interpretava em sua estreia na Globo.

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