Chrigor, ex-Exaltasamba, é preso por racismo
Por Redação - 28/09/05 às 12:13
A noite era de confraternização entre pagodeiros, que juntos – como no show Amigos, feito por cantores sertanejos – gravaram o DVD Amigos do Samba. Vavá, Netinho de Paula, Molejo, Délcio Luiz, Liomar (vocalista do Pique Novo), Márcio (do Art Popular), Douglas (Pixote) e Flavinho Silva (100%) se apresentaram individualmente e em grupo.
Na platéia, o cabo PM João Luis Ribeiro da Silva, lotado no 21º BPM, aplaudia quando gostava da performance e virava de costas quando não era de seu agrado. A noite poderia ter sido maravilhosa, até que um incidente entre o PM e o pagodeiro Chrigor acabou virando caso de polícia.
Tudo começou quando Chrigor, ex-vocalista do Exaltasamba, se apresentou. João, além de dar as costas para o palco, fez um gesto obsceno. Foi o suficiente para o cantor se indispor e falar no microfone:
“Ô, negão, me admira você!”, disse Chrigor.
O público vaiou João, e Chrigor continuou:
“Pega esse dedo e enfia você sabe onde. Se não gostou, vai embora. Eu sou de Jesus, nada me aborrece”, disse o cantor, emendando num rap que falava sobre inveja.
João pagou a conta e já estava deixando a casa quando Chrigor finalizou:
“Vai embora, ô negão! Quero ver você fazer isso aqui no palco, aí é mole!”
Os amigos de João Luis iniciaram uma pequena confusão e o show foi interrompido. Nervoso, o cabo PM queria tirar satisfações com o cantor, e a confusão se estendeu até o lado de fora da casa de shows. Tenso, João decidiu ir para a delegacia e acusar Chrigor de racismo.
Apesar da tentativa do cantor sair pela porta lateral da casa de shows, Chrigor acabou sendo levado para a 38ª DP (Braz de Pina), onde prestou esclarecimentos até às 6h30 da manhã do dia 28 de setembro. O delegado plantonista Ítalo Bittencourt ouviu também Alexsander Cruz Nunes, amigo de João Luis, que testemunhou o incidente. No registro e ocorrência nº 05721, foi instaurada uma investigação de injúria, mas João Luis não ficou satisfeito e ainda quer que Chrigor seja autuado por racismo.
“Tenho todo o direito de não gostar de um show. Ele exagerou, me deixou em situação vexatória e foi racista. O público todo assistiu à cena. Racismo é crime. Ele tentou reverter a situação, pedir desculpas na delegacia, mas não aceitei. No palco, ele se vangloriou e ainda me insultou cantando rap. Religião não tem nada a ver com isso, ainda usou o nome de Deus”, argumentou João Luis.
Chrigor, que foi à delegacia acompanhado de um produtor musical, tentou minimizar a situação:
"Não precisava ter chegado a esse ponto. Ele foi desrespeitoso, vaiou, xingou e fez gestos obscenos. Não sou racista, não quis ofender ninguém chamando de negão”, defendeu-se Chrigor, que é evangélico.
O delegado poderá ouvir novas testemunhas, como os outros cantores que se apresentaram no evento e funcionários da casa de shows.
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