Claudia Raia usa felicidade para encarar gravação de sua vilã, em Salve Jorge

Do alto de sua exuberância, o que Claudia Raia mais transparece é alegria. Aos 45 anos, ela mesma assume o jeito mais juvenil de ser.

"Sou tão elétrica, tão adolescente de cabeça e meu corpo acompanha ainda", avalia.

E é com esse mesmo bom humor que a atriz chega para gravar suas cenas na pele da vilã Lívia, de Salve Jorge. Principalmente por se tratar de uma personagem que não representa nada disso. Pelo contrário: é obscura, fria e má.

"Sou entusiasmada e faço questão de levar minha alegria para o set, só consigo trabalhar assim", assegura.                

Mas a preparação para a novela foi como um soco no estômago de Claudia. Ao conhecer de perto histórias de pessoas que já foram traficadas e de mães que perderam suas filhas mortas pelo tráfico humano, ela não conteve as lágrimas. Chorou tanto, que Gloria Perez chegou a conversar com a atriz.

"Ela disse: 'Para de chorar, até porque é você que vai promover isso'. E eu falei: 'Eu sei!!!'", recorda, imitando a voz de choro que fez ao responder à autora.

Apesar de interpretar uma personagem que representa um universo pesado como o do tráfico de pessoas, Claudia prefere encarar o trabalho de maneira prática.

"Primeiro, é um grande papel, que me dá oportunidade de fazer muitas coisas. Em segundo, tenho de pensar com a cabeça da personagem, não com a minha", simplifica.    

Em suas sessões de análise, Claudia chegou a conversar sobre o perfil de seu papel para entender o que leva uma pessoa a fazer o que Lívia faz. E também se certificou com Gloria Perez que a personagem não sofria de nenhum desequilíbrio mental.

"A gente não quer falar sobre isso porque senão tudo que alguém faz de ruim tem a ver com alguma doença. Não necessariamente. As pessoas nascem ruins e esse é o caso da Lívia", explica.

Mas a maldade da personagem precisa ser disfarçada em muitos momentos. Até porque, na história, a figura elegante de Lívia parece acima de qualquer suspeita. O que também contribui nesse aspecto é o figurino, sempre em tons de cinza claro, branco, off white e outros igualmente discretos.

"O figurino é lânguido e isso é bacana porque dá uma leveza à personagem, uma suavidade interessante", analisa.    

Por pouco, Claudia não entrou para o elenco de Salve Jorge. Ela havia sido escalada para Guerra dos Sexos, mas Silvio de Abreu abriu mão de sua presença para que a atriz pudesse continuar se dedicando ao espetáculo Cabaré, no qual ainda está em cartaz em São Paulo. Em seguida, foi chamada para Gabriela. Mas Gloria Perez havia escrito Lívia especialmente para Claudia e fez de tudo para tê-la em sua novela. Mesmo diante do fato de que a Globo não libera mais que seus atores façam novela ao mesmo tempo que teatro. Sem falar que Claudia só teria três dias disponíveis para gravar porque de quinta a domingo estaria fazendo a peça.

"A Gloria disse que dava um jeito'", revela ela, que depois da estreia de Salve Jorge passou a gravar também às quintas e diminuiu um dia de espetáculo.

Mas a decisão de aceitar o papel foi tomada em conjunto com os filhos. Claudia, mãe de um adolescente de 15 anos e de uma menina de 9, estava preocupada com o novo ritmo de trabalho, que seria ainda mais intenso. Mas os dois foram os primeiros a apoiarem a atriz.

"Eles disseram: 'Você tem de fazer, o papel é incrível. A gente vai onde você estiver'", conta ela, que ainda arranja uma brecha para fazer musculação, aulas de balé e de canto.

"Se eu não malhar, não faço o que tenho de fazer no Cabaré", reconhece, já que a peça exige um ótimo preparo físico de Claudia.

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