Com seu trabalho, Paula Picarelli quer desmistificar o teatro experimental

Por - 17/10/12 às 16:04

Otávio Dantas/Divulgação e Divulgação TV Cultura

Paula Picarelli anda a mil por hora. A atriz, que tem uma filha linda chamada Sofia, de 10 meses, fruto de seu casamento com o bailarino Diogo Granato, está em cartaz com um monólogo. Além disso, ela ainda viaja pelo país apresentando outro espetáculo, dá conta de atuar no comando do programa Clássicos da TV Cultura, com Marcelo Jaffé e, na Rádio Cultura Brasil apresenta boletins batizados de Terceiro Tempo, dentro do Programa Galeria, de Alexandre Ingrevallo.

Pensa que acabou? a atriz também viaja com o espetáculo O Jardim, que ganhou o Prêmio Shell de Melhor Dramaturgia e Cenário e APCA de Melhor Direção e e Prêmio Governador do Estado. Nesta peça, Paula recebeu a indicação para o Prêmio Questão de Crítica do Rio de Janeiro, como melhor atriz em 2011.

Na tevê, ganhou o grande público ao fazer parte do elenco de Mulheres Apaixonadas, a única novela que trabalhou até hoje. Na trama, interpretou Rafaela, personagem que teve um relacionamento homossexual com Clara, vivido por Aline Moraes.

Com seu trabalho, Paula Picarelli quer desmistificar o teatro experimental O Fuxico

Em conversa com O Fuxico, Paula contou um pouco de seu agitado dia-a-dia.

OFuxico – Como você se define neste momento?

Paula Picarelli – Completamente enlouquecida, fazendo coisas ao mesmo tempo. O espetáculo Ficção estreou aqui em São Paulo e faço uma abertura de processo do mesmo no Rio.

OF – Esse é apenas um dos grandes projetos?

PP – Sim, faz parte de um projeto da Cia Hiato, para o ano que vem, que teremos dois espetáculos Ficção. Na Companhia temos 6 atores, cada um tem o seu monólogo. Todos os espetáculos envolvem histórias pessoais de cada um. A gente quis radicalizar, cada um faz o seu e coloca muito mais coisas pessoais nas histórias.  Cada um com seu universo diferente. A idéia é fazer dois monólogos.

OF – O que você colocou de seu no monólogo?

PP – Falo de várias experiências da minha vida. Aproveito a estrutura que tive com programa de entrevistas, a experiência na TV Cultura, uso sempre um jogo onde a gente não sabe bem o que é ficção e o que é realidade. A gente quis trazer para cena o que pode ser ficção na vida e na realidade.

OF – Na vida real tem ficção também?

PP – Com certeza, né? Acho que a gente nunca foge da ficção, por exemplo, cada vez que conto uma historia ou dou uma entrevista, tudo tem um pouco de narrativa e ficção. Os papéis na vida, nos círculos sociais, na família, tudo tem um pouco de realidade e ficção misturados.

OF – Na TV Cultura você está com um novo trabalho?

PP – Depois do Entrelinhas, onde aprendi muito entrevistando escritores e intelectuais, agora apresento com Marcelo Jaffé o Clássicos, aos sábados, sempre às 22h. Estou adorando, conhecendo mais sobre música clássica com o Jaffé que sabe tudo. O bacana é que dá para entrar no site, assistir as entrevistas e ouvir tudo ao vivo.

OF – Na Rádio Cultura Brasil você está com um boletim chamado Terceiro Sinal. Como é este trabalho?

PP – Sim, tenho um quadro sobre teatro dentro do programa Galeria, converso com muita gente da área teatral. As pessoas conhecem pouco o teatro de pesquisa.  Eu quero desmistificar o teatro experimental. Tenho conversando com muita gente bacana que está mostrando isso. Entrevisto vários lados da história, sabe, fotografia, cenário, produção, tudo para desmistificar o experimental.Tenho acompanhado muito a revista de teatro Astropositivo, uma revista eletrônica gratuita pela net, a mais importante de teatro no momento. Acabo colocando minhas questões no quadro de 3 minutos, muito bom.

Com seu trabalho, Paula Picarelli quer desmistificar o teatro experimental O Fuxico

OF – E como anda a mamãe Paula Picarelli?

PP – Muuuuito bem (risos). Minha filha, Sofia, tem 10 meses , é absurdo, uma coisa, um amor de um tamanho que não se imagina. Todos falam que é incrível ser mãe, mas a gente realmente só descobre quando tem filho. Ela está numa fase ótima, que se comunica, apronta muito, coloca a gente em mil situações onde a gente tem que aprender a reagir. Muito carinhosa.

OF – Você leva ela para trabalhar às vezes?

PP – Sim, adoro, até porque ensaio com ela, sabe? Se vejo que ela não se interessa muito esse é o meu termômetro para saber que a coisa está chata (risos). Quando ela tinha três meses, eu a levei no Festival de Curitiba, ela dormia no camarim.

OF – Dá para seguir uma rotina com ela?

PP – Olha a gente até tenta (risos) mas o pai é bailarino, eu atriz, então é uma agitação doida, ela já nasceu nesse ritmo. Eu tento colocar uma rotina mínima para ela, mas não adianta muito (risos). Cada dia é uma aventura. Quando chego cansada de um ensaio, ela vem e me enche com uma avalanche de beijos, é demais! Você coloca tudo numa outra perspectiva com filho. Hoje em dia curto muito mais tudo, quero tudo com ela. Tudo mudou de ângulo e sentido. Mesmo!

O

F – Você ainda amamenta a Sofia?

PP – Não, ela parou com 8 meses. Foi quando comecei a viajar com o espetáculo e então achei melhor parar de amamentar, porque ficava muito corrido e não ia ser legal para ela.

OF – Além de todo trabalho que já falamos, você ainda está viajando com o espetáculo O Jardim. Quais lugares vocês vão passar?

PP – Viajamos no comecinho da semana para Vitória, no Espírito Santo, depois viajamos dia 24 de novembro para Berlim, fomos convidados para fazer quatro apresentações por lá. Em janeiro estaremos no Festival de Santiago, no Chile. E pode ser que role México ainda!

OF – Com tanto trabalho ainda dá para fazer mais planos?

PP – Tenho mil planos (risos). Tenho muita vontade de trabalhar e preciso me adaptar ao ritmo. Tenho o projeto de um espetáculo para o ano que vem, chamado Entre os Azulejos Sujos da Cozinha, que fala de maldade e é um espetáculo erótico. Nunca fiz algo com uma carga tão sensual que foge da moral.

OF – O Texto é seu?

PP – A concepção é minha e do Leonardo Moreira. O Texto é dele. No palco sou eu e Janaina Leite. Estamos buscando espaço, patrocínio. Já tive duas chances de apresentar isso no Sesc Pompéia (SP), mas na primeira estava grávida e depois, Sofia tinha só três meses e não consegui coordenar. Agora busco espaço tanto para a peça como na vida para fazer (risos).

OF – Você não recebeu mais convites para novelas depois que fez Mulheres Apaixonadas?

PP – Eu me interesso por essa linguagem, só não consigo parar para que isso role, para ir atrás, até pra dizer que sou afim de fazer. Não consigo parar (risos). O teatro me deixa envolvida com texto, produção, é tudo muito trabalhoso. Mas tenho vontade de fazer novela. Não só novela, mas também vejo muitas coisas na tevê a cabo, como especiais. Só não consegui me focar nisso, uma hora queria parar e ir atrás de um projeto para tevê, mas não consegui ainda.

OF – Você faz algum exercício?

PP – Pratico natação. Teve um bom período que pratiquei parkour. Kung Fu é algo que sempre pratico, paro,depois volto. Mas quero voltar a fazer o parkour.

OF – Você tem algum momento de quietude, só para você?

PP – (risos) Estes dias li no facebook uma coisa assim: "mãe comete crime para ir presa e ter mais tempo para ela. Pretende ser solta só depois de ler Grande Sertões Vereda". Achei muito engraçado, o ponto que as pessoas chegam (risos). Mas sonho com meus momentos de férias com a Sofia. Os momentos que paro são junto com ela.

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