Corpos de jornalista e indigenista são encontrados, segundo mulher de Dom Phillips
Por Flavia Cirino - 13/06/22 às 10:51
A Polícia Federal encontrou dois corpos no Vale do Javari, região em que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira haviam desaparecido, no último dia 05 de junho, na Amazônia. A mulher de Phillips, Alessandra Sampaio, deu a informação ao jornalista André Trigueiro, da Globo News. As mortes ainda não foram confirmadas pelos órgãos oficiais.
De acordo com Alessandra Sampaio, a PF ainda não realizou a perícia nos corpos, encontrados um dia após os pertences pessoais da dupla terem sido identificados.
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Uniavaja), Phillips e Pereira tinham sido ameaçados por madeireiros e garimpeiros antes de desaparecerem. Não há detalhes de quem seriam os autores das ameaças.
O jornalista e o indigenista, que era funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), estavam na região para entrevistar indígenas. O jornal britânico “The Guardian” destacou que Dom Phillips estava escrevendo um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson. O jornalista fazia reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para jornais como o Guardian, Washington Post, New York Times e o Financial Times.
O Vale do Javari concentra 26 etnias indígenas, a maioria com indígenas isolados ou de contato recente. Pereira era um colaborador da Univaja, que é uma entidade mantida pelos próprios indígenas da região. O indigenista já havia denunciado que estaria sofrendo ameaças na região. A PF abriu uma investigação sobre a denúncia.
CRÍTICAS À LENTIDÃO DAS BUSCAS
O governo brasileiro tem sido alvo de críticas por sua ação em relação às buscas, desde o desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira. A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) chegaram a cobrar mais esforços das autoridades brasileiras.
“A resposta foi extremamente lenta, infelizmente. Achamos bom que agora, após uma medida judicial, as autoridades tenham empregado mais meios para as buscas”, disse a porta-voz da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani na última sexta-feira, 10 de junho.
Ao comentar o desaparecimento do jornalista e do indigenista, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o percurso que Dom Phillips e Bruno Pereira fizeram era uma “aventura não recomendável” em razão da região ser “completamente selvagem”. O governo nega que as buscas tenham tido algum “retardo”.
No sábado, 11, a OEA estabeleceu um prazo de sete dias para que o Brasil redobrasse os esforços e pediu informações sobre as ações adotadas.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino