Cristiana Oliveira: ‘Sou uma atriz preparada para qualquer personagem’

Por - 10/02/13 às 10:13

Pedro Paulo Figueiredo/CZN

Os 23 anos de carreira de Cristiana Oliveira lhe trouxeram segurança e tranquilidade. Com uma trajetória profissional pontuada por protagonistas como a Juma de Pantanal, a Tatiana de Quatro Por Quatro e a Selena de Corpo Dourado, entre outras –, a intérprete da Yolanda de Salve Jorge encara a profissão com simplicidade e sem afetações.

"Eu não tenho muito ego com essas coisas, não tenho esse star system. Sou a favor do ofício", dispara ela, que foi se aprimorando com o passar dos trabalhos.

Cristiana Oliveira: "Acho que hoje sou uma atriz mais preparada para qualquer personagem que me derem. Mas, mesmo assim, sou muito estudiosa. Leio muito, pesquiso, vou a campo se puder", completa.

Quando foi convidada para viver a Paloma, em De Corpo e Alma, sua estreia na Globo em 1992, percebeu que precisava de um respaldo maior por estar diante de um elenco repleto de veteranos, como Tarcísio Meira e Beatriz Segall, e ainda se considerar uma novata. Logo que se sentiu insegura em cena, buscou aulas particulares com Bibi Ferreira.

"Do meio para o final da novela, eu me encontrei. Mas, no início, foi um sofrimento porque eu não conseguia fazer. Estava acostumada com o ritmo da Manchete, que eram 20 cenas por dia. E fui para 50 cenas. Era muito acelerado", recorda.

Agora, na pele de Yolanda, o ritmo de trabalho de Cristiana é bem mais tranquilo. Por sua personagem não fazer parte do núcleo principal do folhetim, ela tem gravado menos. O que não tira o frisson que a alpinista social, Yolanda, causa quando aparece na trama.

"A Gloria sempre cria uma briga, um escândalo", pontua a atriz que, volta e meia, recebe algum recado de telespectador via Twitter.

"As pessoas comentaram quando ela pixou a porta da Antonia, foi engraçado", conta, referindo-se ao papel de Letícia Spiller, atual affair do ex-marido de Yolanda, Carlos, vivido por Dalton Vigh.

Na história, o principal interesse da personagem é não dividir a herança da família do ex-marido com ninguém. O jeito exagerado do papel foi inspirado em algumas pessoas que Cristiana conhece.

"Tudo da Yolanda é over, é um tom a mais. Mas é uma coisa que fiz com humor", especifica.

Acostumada com papéis mais densos, a atriz espera a oportunidade de poder humanizar a perua dentro da trama.

"Quando digo humanizar é mostrar algum tipo de sensibilidade, algum tipo de amor, de repente, pelo ex-marido e que essa atitude toda é para chamar atenção talvez. Estou muito acostumada com personagens que têm esse lado humano", ressalta.

Apesar de não fazer parte da trama central de Salve Jorge, Cristiana, assim como todos os atores da novela, participou dos workshops oferecidos pela Globo. Com exceção dos que eram voltados especificamente para o núcleo do exército e da Turquia. Na ocasião, ela pôde conhecer mulheres que foram traficadas e alguns pais e mães que perderam suas filhas mortas pelo tráfico de pessoas, além de aspectos da cultura turca. Diante de tanto aprendizado, a atriz exalta a relevância dos encontros para estabelecer a boa integração de toda a equipe.

"Achei muito importante porque é um elenco muito grande", analisa.

"É legal a gente se interar no universo da novela. Temos de saber em que estamos participando. Acho muito legal, sou muito curiosa, então adoro essas coisas", acrescenta.

Tiro certeiro

Cristiana Oliveira não hesita ao eleger a personagem mais complexa de compor em sua carreira. A Araci, de "Insensato Coração", fez com que a atriz abrisse mão da vaidade e ficasse 25 quilos acima de seu peso ideal. E mais do que isso. Ela frequentou, durante um ano e meio, presídios para buscar elementos para a personagem e conheceu histórias dolorosas. "Cada vez que eu ia, era uma lição de vida diferente", destaca.

Nas ruas, algumas pessoas chegaram a recriminar Cristiana por ter engordado tanto.

"Gostavam muito do meu trabalho, mas acho que a surpresa maior do pblico foi eu ter engordado. E me rejeitavam muito nesse sentido", entrega.

Mas a classe artística em peso reconheceu a entrega total da atriz à personagem. Várias vezes, Cristiana recebia ligações de atores veteranos, com os quais nem tinha tanta intimidade, a elogiando.

"Isso me inflou muito porque foi o resultado de um esforço grande", comemora.

Instantâneas

# Antes de ser atriz, Cristiana Oliveira trabalhou como modelo e jornalista. Ficou um ano no jornal "O Globo", escrevendo sobre comportamento.

# A atriz estreou na tevê em "Kananga do Japão", exibida pela Manchete em 1989, na pele de Hannah, segunda personagem mais importante da novela.

# Aos 16 anos, Cristiana trabalhou como assessora de imprensa de peças teatrais. Na época, não se imaginava como atriz. "Me perguntava como aqueles atores conseguiam interpretar o texto de um jeito tão natural", lembra.

# Cristiana tem uma carreira mais tímida no cinema. Fez apenas três filmes: "Os Trapalhões e A Árvore da Juventude", "Gatão de Meia Idade" e "Nossa Senhora de Caravaggio".

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