Dado Villa-Lobos, do Legião Urbana, diz que itens apreendidos pela polícia pertencem ao grupo
Por Redação - 18/12/20 às 08:49
Conforme OFuxico noticiou, a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou a Operação Tempo Perdido e apreendeu 91 fitas contendo material inédito de Renato Russo, em um depósito no subúrbio. Coordenada pelo delegado Maurício Demétrio com policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), a Tempo Perdido foi uma continuação da Operação Será, realizada em outubro, na casa do pesquisador Marcelo Fróes, amigo de Renato Russo, ex-representante artístico da família junto à gravadora EMI e produtor de três álbuns póstumos do cantor.
Dado Villa-Lobos criticou a apreensão das fitas. O guitarrista da Legião Urbana acredita que o material “vai apodrecer” e afirma que, legalmente, as fitas são de propriedade da Universal Music e integram o legado da Legião Urbana, não apenas de Renato.
“É claro que eu tenho a anuência da utilização daquilo, não pode fazer qualquer coisa, mas eles são donos daquele fonograma e eles têm que preservar isso”, disse o músico ao jornal O Globo.
Dado destacou que tanto ele quanto o produtor Marcelo Fróes não escondem absolutamente nada de Giuliano Manfredini.
“A EMI contratou Marcelo Fróes para digitalizar todas as fitas e ele fez um relatório completo, que foi entregue a mim, à família, a todo mundo. Ninguém está querendo esconder nada de ninguém. Já acionei meus advogados deixando claro que eu não vou autorizar absolutamente nada do que vai sair dali, se a companhia não tiver de volta esse material, que é da Legião Urbana e da Universal”.
O guitarrista destacou na entrevista que teme pela conservação das fitas, boa parte delas com mais de 30 anos.
“A Iron Mountain tinha as condições climáticas de desumidificação para preservar as fitas magnéticas. Não consigo entender como é que a minha obra é tirada dali e vai parar nas mãos da polícia. Eu estou dando como perdido esse material, ele é parte da nossa vida e agora vai apodrecer”.
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Material está em São Paulo, sob total vigilância
Há mais de um ano, os policiais investigavam a localização de objetos que foram retirados do apartamento de Renato Russo e não devolvidos. O material recuperado foi destinado pela Justiça a Giuliano Manfredini, herdeiro do compositor e responsável pela Legião Urbana Produções, e na terça-feira (15) chegou em São Paulo, por meio de uma transportadora especializada na logística de acervos históricos/culturais, e está nas instalações da Clé Reserva Contemporânea, que na França guarda até obras do Museu do Louvre.
“Trata-se da subsidiária de uma das empresas mais respeitadas do mundo em guarda de obras de arte, respeitando as normas da museologia internacional. Vários museus do Brasil guardam suas obras na Clé”, explicou o filho do falecido cantor ao jornal Extra.
O material está armazenado num sistema de segurança sofisticado, com monitoramento remoto por câmeras em CFTV Digital. Com estrutura 100% em concreto, o edifício apresenta o que há de mais moderno em termos de climatização (controle de temperatura e umidade), segurança predial e prevenção contra incêndio. Giuliano fez uma apólice de seguro para garantir a integridade do material.
“Ainda desconheço o conteúdo completo do material recuperado, precisamos verificar se é o que foi retirado do apartamento do meu pai e não devolvido. O nosso interesse é tornar público qualquer material que tenha presença do meu pai e que pertença ao seu acervo, sempre respeitando as leis e os direitos das pessoas e instituições envolvidas”, garantiu.
“Enquanto estiver sob minha responsabilidade, a exemplo do que ocorre com todo o acervo do meu pai, já tratado no MIS/SP, o material apreendido pela Operação Tempo Perdido será cuidadosamente guardado, manuseado e analisado por profissionais especializados”, afirmou Manfredini.
Gravadora se diz surpresa
Em nota, a gravadora Universal Music Brasil disse ter sido "surpreendida com este mandado de busca e apreensão em seu arquivo de tapes" e que "está providenciando acesso ao IP para ter conhecimento do que se trata para tomar as medidas legais cabíveis." Dado Villa-Lobos, por sua vez, disse ter entrado em contato com a presidência da gravadora para relatar sua insatisfação com a ação policial.
“Não consigo entender como um delegado, a polícia se prestam a isso, estão quebrando um contrato mundial. Alguma coisa tem que ser feita. Isso não é um arquivo qualquer, é o arquivo da Legião Urbana, que eu acredito ter um valor muito grande para a cultura musical do Brasil, para os brasileiros que cresceram ouvindo isso”, disse Dado.
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