Daiane dos Santos desabafa sobre racismo: ‘Erva daninha’

Por - 01/07/22 às 09:10

Daiane dos Santos de cabelos presosReprodução Instagram @daiane_gs_

Na noite de quinta-feira, 30 de junho, Daiane dos Santos participou do programa “Faustão na Band”. Na atração, a ex-atleta olímpica falou de um assunto muito polêmico e triste: o racismo.

Quando comentou com Faustão que seu tom de pele influenciou na hora de um trabalho, ela lamentou que, nos tempos de hoje, ainda haja esse tipo de preconceito na cabeça das pessoas.

““O preconceito é uma erva daninha que queremos abolir do mundo. Estamos no mês de junho, da diversidade. Vemos isso e também uma onda frequente de casos de preconceito racial no esporte, que muitas vezes terminam com a impunidade. Mas as pessoas têm falado, não têm se calado. Com certeza vamos reverter esse quadro até acabar”, desabafou.

MUDANÇAS

Fausto Silva perguntou para Daiane se algo mudou no mundo olímpico, de uns tempos para cá.

“Vimos isso no ano passado, nos Jogos Olímpicos. O esporte é uma vitrine: na verdade, esse resultado da luta feminina vem acontecendo em todas as áreas. Tanto é que temos mulheres maravilhosas nos representando”, respondeu Daiane.

REVERTER O QUADRO

Daiane também acredita que, juntos, todos podemos fazer uma reversão deste quadro, pois muita gente tem aberto a boca e falado do assunto.

“As pessoas têm falado muito, não têm se calado, e a gente vai conseguir reverter sim esse quadro. A gente com certeza vai conseguir acabar com o preconceito, até porque a gente é 56%, quase 60% de pessoas negras, de pessoas pretas aqui e a gente ainda tem casos como esse acontecendo na história”, finalizou.

PIQUET X HAMILTON

A repercussão das falas de cunho racista, ditas por Nelson Piquet, fez com que Lewis Hamilton se manifestasse sobre o assunto. Em um vídeo, o ex-ploto de F-1 chamava o inglês de “neguinho” durante uma entrevista. Nesta terça-feira, 28 de junho, o heptacampeão, em português, comentou o assunto.

“Vamos focar em mudar a realidade”, escreveu.

Em seguida, o piloto da Mercedes disse que casos como esse refletem “mentalidade arcaica” e que “chegou a hora da ação” diante de atitudes como a de Piquet.

“É mais do que linguagem. Essas são mentalidades arcaicas que precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, publicou Lewis Hamilton.

Vale destacar que, no Brasil, ocorre crime de racismo quando há ofensa à dignidade de alguém, com base em elementos referentes à sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência, com pena que pode ir de 1 a 3 anos de reclusão.

ENTENDA O CASO

O vídeo de Nelson Piquet é de uma entrevista dada no ano passado ao canal “Enerto”, no YouTube, mas que viralizou nas redes sociais na segunda-feira, 27 de junho.

No vídeo, o jornalista Ricardo Oliveira questiona o ex-piloto sobre uma manobra parecida de Ayrton Senna no passado, e o tricampeão discorda.

“O ‘neguinho’ meteu o carro e não deixou [Verstappen passar]. O ‘neguinho’ deixou o carro, porque não tinha como passar dois carros naquela curva. O ‘neguinho’ fez de sacanagem”, diz Piquet na entrevista concedida em 3 de novembro de 2021.

O vídeo de Piquet veio à tona logo após a suspensão de Jüri Vips da Academia de Pilotos da Red Bull por ter usado termos racistas e também homofóbicos durante uma live na Twitch. Os taurinos disseram na ocasião que “Como organização, condenamos comentários abusivos de todos os tipos e temos política de tolerância-zero para linguagem e comportamento racista dentro de nossa organização”.

F1, MERCEDES E FIA REBATEM PIQUET

Na velocidade que pegou todos de surpresa, a Fórmula 1 e a Mercedes emitiram comunicados nesta terça-feira, 28 de junho, condenando as falas racistas e discriminatórias que Nelson Piquet desferiu contra Lewis Hamilton. Em um vídeo, feito no final do ano passado, o ex-piloto chama o heptacampeão de “neguinho” ao comentar tentativa de ultrapassagem sobre Verstappen.

Embora não citassem o brasileiro nas notas, as organizações ressaltaram o esforço de Hamilton para combater o racismo e aumentar a diversidade no esporte.

“Falas discriminatória e racista são inaceitáveis e não podem ter espaço na sociedade. Lewis é um incrível embaixador do nosso esporte e merece respeito. O esforço incansável dele para aumentar a diversidade e a inclusão é uma lição para muito e algo com que estamos comprometidos”, ressaltou a nota da F1.

“Condenamos veementemente qualquer uso de falas racistas e discriminatórias. Lewis tem liderado os esforços para combater o racismo no nosso esporte e é um verdadeiro campeão de diversidade dentro e fora das pistas. Juntos, compartilhamos o desejo de um esporte diverso e inclusivo e esse incidente ressalta a importância fundamental de continuarmos nos esforçando para um futuro melhor”, informou a Mercedes.

A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) também repudiou o acontecimento, dizendo por meio de nota oficial em sua conta no Twitter que “condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral.”

“Expressamos nossa solidariedade a Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor”, finalizou a entidade.

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