Dalton Vigh diz que soube aproveitar as oportunidades que teve na Globo
Por Redação - 25/11/12 às 10:15
O porte físico e o jeito aparentemente sisudo limitam a carreira de Dalton Vigh ao posto de herói dramático ou vilão de tramas como Duas Caras e Fina Estampa. Na contramão desses tipos, Dalton mostra-se à vontade com a leveza e o tom bem-humorado do boa praça Carlos, de Salve Jorge.
"Sempre quis um personagem de humor em novelas. Acho que é a oportunidade de mostrar ao grande público que também posso fazer rir", conta o ator de 48 anos.
Com passagem por diferentes emissoras, como a extinta Manchete, Record e SBT, o ator carioca mas radicado em São Paulo – comemora em Salve Jorge a renovação de seu contrato com a Globo por mais quatro anos, justamente em uma novela assinada por Glória Perez, autora de O Clone", trama exibida em 2001, que o catapultou para o posto de protagonista de novelas.
"Acho que soube aproveitar bem as oportunidades que a emissora me ofereceu. Said é o personagem mais importante da minha carreira. A novela foi um projeto grandioso e repercute até hoje", valoriza.
O Fuxico – Você ainda estava em Fina Estampa (2011) quando foi convidado para participar de Salve Jorge. O que o atraiu no Carlos?
Dalton Vigh – Quando o Marcos Schechtman (diretor) me ligou falando sobre a novela da Glória e dizendo que era um personagem do núcleo cômico, eu o interrompi dizendo: "sim". Tem um tempo que eu espero a oportunidade de fazer humor em novelas. Estou acostumado a fazer graça no teatro, já fiz em outras emissoras e ainda não tinha sido chamado para fazer nada desse tipo nas novelas da Globo.
OF – Você vem alternando vilões e mocinhos desde que foi contratado pela Globo, em 2001. Acha que o Carlos pode tornar sua carreira mais diversificada?
DV – Com certeza! Minha intenção ao me dedicar a um personagem mais leve é mostrar que posso ir além do vilão intenso ou do galã apaixonado.
OF – Essa limitação o incomoda?
DV– Já incomodou mais. Mas ao longo dessa última década na qual eu me fixei na Globo, participei de alguns especiais e séries fazendo coisas mais cômicas. Faltava mesmo era uma oportunidade em novelas. Acho que pelo meu jeito, pelo meu porte e também pela trajetória que construí na emissora, os autores e o público se acostumaram a me ver em papéis mais sóbrios e sisudos. É esse olhar sobre o meu trabalho que eu quero mudar.
OF – Ao contrário de seus últimos papéis, o Carlos não está na trama central da novela. Como você lida com o tamanho de seus personagens?
DV – Meu primeiro trabalho na Globo foi uma pequena participação em Um Anjo Caiu do Céu (1999), onde meu contrato era por obra. Passei a ter um vínculo longo com a emissora a partir do sucesso de O Clone e emendei protagonistas em novelas. Todos que já passaram por esse posto sabem bem a responsabilidade e o intenso trabalho que é ser o ator principal de uma trama. Nunca fui muito ligado ao tamanho dos meus personagens e já fiz vários coadjuvantes em outras emissoras. No caso do Carlos, eu me sinto aliviado.
OF – Por quê?
DV – Porque apesar de ter adorado protagonizar tramas importantes, como "Duas Caras" e "O Profeta", eu agora posso me divertir e ter o alívio de não carregar uma novela nas costas. Estou com um bom personagem, que tem história e humor bem próprios. Não sou aquele tipo de ator que só quer protagonizar. Muitas vezes, existem personagens menores que são até mais interessantes do que os principais, já vimos isso em muitas novelas. Fora isso, eu moro em São Paulo e acabei de casar, queria um trabalho mais tranquilo (risos).
OF – Em Fina Estampa, seu personagem perdeu a protagonista da história, Griselda, de Lilia Cabral, para o português vivido por Paulo Rocha. Foi o caso de um personagem coadjuvante que se mostrou mais interessante que o mocinho?
DV – Pode ser. Mas Fina Estampa era uma novela dividida entre a Griselda e a Tereza Cristina (Christiane Torloni). Por um momento, meu personagem ficou entre as duas. Foi uma opção do Aguinaldo fazer com que a Griselda não se deslumbrasse com o amor do Renê e terminasse com o Guaracy, o cara que sempre a amou.
OF – Você mergulhou no mundo da gastronomia para viver um chef de cozinha em Fina Estampa. Precisou de alguma preparação especial para seu personagem em Salve Jorge?
DV – Aula de tênis. A primeira cena que gravei para a novela, inclusive, foi do Carlos em uma partida de tênis. Nunca tinha jogado, fiz algumas aulas e me apaixonei. É algo que vou incorporar para a vida. Estava há algum tempo querendo me dedicar a alguma atividade física e essa aproximação com o tênis foi pontual. Me empolguei mesmo. Não só com a prática, mas também em assistir aos jogos e conhecer um pouco a trajetória de alguns tenistas. Foi uma descoberta.
OF – O Carlos cuida dos negócios da família e tenta amenizar as intrigas entre as irmãs e a madrasta, e também entre sua atual mulher, Amanda, de Lizandra Souto, e a ex, Yolanda, de Cristiana Oliveira. O humor dele vem desse contato com diferentes tipos de mulheres?
DV – Elas quase o enlouquecem. E isso é parte importante da comicidade do Carlos. Ele é o único que trabalha na família. Enquanto gerencia a fortuna da Leonor (Nicette Bruno), todas as outras se engalfinham pela herança que a madrasta deixou para o cachorro. A gente não grava cenas recheadas de piadas ou bordões, mas situações bem-humoradas. Pelas sequências que a gente já fez e pelo que li no texto, esse núcleo é um excelente alívio para uma trama que aborda assuntos tão sérios, como a pacificação das comunidades e o tráfico de mulheres.
OF – Em 2012, você completa 17 anos de televisão. Dentro dessa trajetória, algum personagem, em especial, lhe mostrou que você estava na carreira certa?
DV – Entrar para a tevê já serviu como uma afirmação. Mas, sem dúvida, o papel que representou uma virada na carreira foi o Said, de O Clone. Eu já tinha tido outros personagens legais antes, mas de visibilidade menor. Nada que se compare com a audiência de uma novela das oito. Mas engraçado, até hoje, algumas pessoas ainda me param na rua para falar do Tomás, personagem que fiz em Pérola Negra, do SBT, em 1998. São dois trabalhos que eu me orgulho, reprisados recentemente e onde pude ver que ainda preciso aprender muito (risos)!
OF – Mesmo depois de tantos personagens, você ainda continua muito autocrítico?
DV – Extremamente! Sofro muito quando me assisto. Mas é importante para reparar nos cacoetes, maneirismos, gestual, postura, dicção, enfim, em tudo. Toda vez que assisto alguma cena minha, atual ou de 10 anos atrás, fico de olho no que faço de certo e errado. E acredito que, no dia em que eu achar bom, é porque está péssimo (risos). Acho que sempre vou ser assim, do tipo que sai do estúdio aflito e com a sensação de que poderia ter feito melhor.
Salve Jorge – Globo – de segunda a sábado, às 21 h.
Pelas beiradas
A imagem de Dalton Vigh só ganhou o grande público com o sucesso de O Clone, em 2001. No entanto, o ator estreou na tevê seis anos antes, no papel do malvado Venturinha, de Tocaia Grande, exibida pela extinta Manchete.
"Estreei junto com muita gente legal e sob a direção do (Walter) Avancini. Apesar das dificuldades da emissora, era uma novela bem interessante", relembra.
Acumulando papéis menores em tramas como Ossos do Barão, exibida em 1997 no SBT, e Estrela de Fogo, produzida em 1998 pela Record, Dalton teve seu primeiro papel de protagonista em Pérola Negra, que foi ao ar no final do mesmo ano pelo SBT.
"Era um momento de definição. Fazia novelas em várias emissoras e sem tanto compromisso. A tevê ainda não era minha prioridade", assume.
Pequenas ilusões
Sempre reservado para alguma novela global, Dalton Vigh aproveita o intervalo entre as tramas para participar de seriados da emissora. No intervalo de três anos entre Negócio da China, de 2008 e Fina Estampa, exibida no ano passado, o ator marcou presença em episódios de Casos & Acasos, S.O.S Emergência, Na Forma da Lei, As Cariocas, além de Cinquentinha e Lara com Z.
"Não podia me comprometer com nenhuma produção de longa duração. Então, aproveitei para trabalhar com diferentes núcleos da emissora. Projetos mais curtos me dão flexibilidade de conciliar a tevê com o teatro ou o cinema", explica.
Trajetória Televisiva
# "Tocaia Grande" (Manchete, 1995) – Venturinha.
# "Xica da Silva" (Manchete, 1996) – Inquisidor Expedito.
# "Os Ossos do Barão" (SBT, 1997) – Luigi.
# "Estrela de Fogo" (Record, 1998) – Fernão.
# "Pérola Negra" (SBT, 1998) – Tomás.
# "Andando Nas Nuvens" (Globo, 1999) – Cícero
# "Vidas Cruzadas" (Record, 2000) – Lucas.
# "O Clone" (Globo, 2001) – Said.
# "A Casa das Sete Mulheres" (Globo, 2003) – Luigi.
# "Malhação" (Globo, 2004) – Oscar.
# "Começar de Novo" (Globo, 2004) – Johnny.
# "O Profeta" (Globo, 2006) – Clóvis.
# "Duas Caras" (Globo, 2007) – Marconi/Adalberto.
# "Negócio da China" (Globo, 2008) – Otávio.
# "Cinquentinha" (Globo, 2009) – Claus.
# "Lara Com Z" (Globo, 2011) – Claus.
# "Fina Estampa" (Globo, 2011) – Renê.
# "Salve Jorge" (Globo, 2012) – Carlos.
Dalton Vigh e Lisandra Souto gravam cenas da novela Salve Jorge
Dalton Vigh compra buquê de flores em aeroporto do Rio
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