Daniel Rocha: “Quis fazer tevê para ter outras possibilidades”

Por - 06/10/12 às 10:13

Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias

A estreia de Daniel Rocha na televisão foi algo parecido com os gols que o personagem Roni tem de fazer pelo fictício clube do Divino em Avenida Brasil – nunca saem de primeira. O ator paulista fez teste para entrar na temporada atual de Malhação, mas foi na história de João Emanuel Carneiro que ele foi escalado para o seu primeiro trabalho na tevê.

Na novela, Roni tem sido tarefa difícil para Daniel. E não por ser o papel de estreia, mas sim pela indefinição da sexualidade do personagem, que gerou mudanças na trama.

"No começo se falava muito que ele seria homossexual, mas ele foi por outro caminho. Até eu me perdi com o Roni, mas é bom porque sai do óbvio. É mais interessante de fazer", avalia.

Com seu jeito tímido, Roni era motivo de piada entre os amigos na trama. Apesar do que se fala sobre sua opção sexual, foi ele que casou com a mulher mais cobiçada do bairro, a periguete Suelen, de Ísis Valverde. A composição, porém, pode ficar confusa se não houver atenção aos detalhes, segundo o ator. Para não ficar perdido em cena, Daniel buscou referências no cinema – uma de suas grandes paixões.

O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee, foi um dos longas escolhidos, por retratar um amor escondido entre dois homens no interior dos Estados Unidos. Apesar do carinho especial que Roni nutre por Leandro, de Thiago Martins, a atenção maior dada pelo ator ao filme não estava na relação homossexual.

"É uma história sem estereótipos. Independentemente do que aconteceu entre eles, são amigos acima de tudo", observa.

Embora este seja o primeiro papel de Daniel, ele já está inserido nas artes desde criança. Aos 10 anos, começou a tocar violino. Mas foi no palco que descobriu a sua vocação. Fascinado por teatro, o ator focou na escolha profissional e se dedicou até ser aprovado para o Centro de Produções Técnicas, em São Paulo. Lá, construiu a base da carreira e decidiu que precisava estar inserido em todos os veículos. Foi, então, que surgiu o interesse pela televisão.

"Quis fazer tevê para ter outras possibilidades. O ator tem de saber percorrer bem tanto pelo teatro, televisão e cinema", acredita.

Deste primeiro trabalho, Leandro já está vivenciando mudanças em sua vida. O futebol é uma delas. Sem jeito para entrar em campo, o ator precisou de aulas.

"Nunca vou esquecer a cena em que tinha de fazer um gol bonito. Foram 12 tentativas, mas a bola foi para a rede", orgulha-se.

Perfil

Nome: Daniel Rocha de Azevedo.

Nascimento: 26 de novembro de 1990, em São Paulo.

O primeiro trabalho na tevê: Avenida Brasil

Atuação inesquecível: A cena de quando o Roni foi espancado por ter tentado tirar a Suelen do cativeiro (diz referindo-se à personagem de Ísis Valverde)

Interpretação memorável: Marlon Brando em O Poderoso Chefão, dirigido por Francis Ford Coppola.

Momento marcante: Quando entrei no CPT. Era uma seleção bastante concorrida

O que gosta de assistir: Seriados.

O que falta na televisão: Para mim, nada. Hoje consigo ver cinema na televisão. A dramaturgia é tudo, e isso está sendo bem conduzido nos trabalhos televisivos.

O que sobra na televisão: Apelo sexual.

Ator: Marlon Brando

Atriz predileta: Bette Davis.

Com quem gostaria de contracenar: Marco Nanini.

Se não fosse ator, o que seria: Dentista.

Novela preferida: Chocolate com Pimenta, da Globo, de 2003.

Cena inesquecível na tevê: Quando um personagem descobre que o neto estava tendo um caso com a neta e resolve se matar, na minissérie Os Maias.

Melhor trilha sonora de novela: Laços de Família, da Globo, de 2000.

Melhor abertura de novela: Gabriela, da Globo, versão de 2012.

Vilão mais marcante: Flora, vivida por Patrícia Pillar, em A Favorita, de 2008.

Personagem mais difícil de compor: Acho que um parecido com o interpretado por Daniel Day-Lewis, que nasce com uma paralisia cerebral em Meu Pé Esquerdo, diz referindo-se ao longa dirigido por Jim Sheridan.

Que novela gostaria que fosse reprisada: O Cravo e a Rosa, da Globo, de 2000.

Que papel gostaria de representar: Um vilão como o Max, de Marcelo Novaes.

Livro de cabeceira: Crime e Castigo, do escritor russo Fiódor Dostoiévski.

Autor predileto: João Emanuel Carneiro.

Diretor favorito: Jorge Fernando.

Um medo: Altura. 

Vexame: Quando tive de fazer um gol bonito na novela e não conseguia por nada.

Projeto: Vencer o Festival de Cannes.

 
Avenida Brasil – Segunda a sábado, às 21 h, na Globo.

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