Daniela Mercury: ‘A arte é para incomodar’

Por - 24/07/18 às 13:36

Andre Muzell/BrazilNews

Durante um show no Festival de Inverno de Garanhuns, Daniela Mercury protestou contra o cancelamento da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, que seria apresentado no mesmo evento.

“Me choca profundamente que os políticos desse país censurem uma peça de teatro, que censurem uma exposição de arte de grandes artistas. É de uma petulância absurda”, desabafou Daniela.

Logo que subiu no palco, a baiana dedicou o show à atriz travesti Renata Carvalho, que interpreta Jesus no espetáculo. Daniela contou que falou com a atriz pelo telefone, antes da apresentação:

"Arte é para incomodar, é para fazer pensar, é para refletir, para libertar a cabeça de mer**".

Prosseguindo com a indignação, Daniela disse que sentia vergonha pelos políticos e afirmou ser absurdo censurar uma peça por convenções religiosas:

"Então não me venham agora com ignorância querer conceituar o que é arte e o que não é. É ignorância absurda. O ministro [do STF aposentado] Carlos Ayres Brito disse que a gente estava na idade da mídia, mas parece que estamos na Idade Média. Censurar uma peça de teatro por convicções religiosas é um absurdo. Isso não pode ser permitido. A nossa Constituição não deixa isso. A nossa Constituição não é a Bíblia", desabafou.

Outras manifestações da cantora ainda ocorreram durante o show. Antes de tocar um trecho da música Bichos Escrotos, do Titãs, Daniela ressaltou que era desumanidade retirar o espetáculo da programação oficial:

"Ela [Renata] é Jesus Cristo, sim. Eu estou aqui. Eu sou gay. Eu sou lésbica e daí?".

Depois, ela cantou Tempo Perdido, de Renato Russo:

"Meu amigo Renato Russo era gay, muito bicha, muito veado sim".

O cancelamento da apresentação de Renata Carvalho aconteceu após pressão do prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB), e do bispo dom Paulo Jacson Nóbrega, sobre o governador de Pernambuco. A justificativa foi não querer estimular cultura de ódio e do preconceito.

Em nota divulgada nesta segunda-feira (23), a Secretaria de Cultura de Pernambuco e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) afirmaram que não censuraram a apresentação.

“Tampouco, a não inclusão da peça na programação oficial se deu por preconceito ou discriminação da parte do Governo, mas tão somente para garantir a realização do FIG e o próprio espaço que o festival fomenta de luta pela liberdade".

Matéria original do site Empoderadxs, cedida gentilmente para OFuxico.

Tags:

Pioneiro no Brasil em cobertura de entretenimento, famosos, televisão e estilo de vida, em 24 anos de história OFuxico segue princípios editoriais norteados por valores que definem a prática do bom jornalismo. Especializado em assuntos do entretenimento, celebridades, televisão, novelas e séries, música, cinema, teatro e artes cênicas em geral, cultura pop, moda, estilo de vida, entre outros.