Débora Bloch: “Trago minha própria comida para as gravações”

Por - 23/06/13 às 10:05

Luiza Dantas/Carta Z Notícias

Elegante e articulada, Débora Bloch é do tipo que só encara novelas quando realmente quer. De férias desde outubro, com o fim das gravações de Avenida Brasil, a atriz pensou que fosse ficar um longo tempo afastada dos folhetins. Até que surgiu o convite da diretora de núcleo Denise Saraceni para o remake de Saramandaia, que estreia na segunda-feira (24).

"Cancelei as férias e aceitei. Voltar às novelas não estava nos meus planos, mas é uma obra tão icônica que eu não poderia dizer'não'", valoriza.

Na trama original de Dias Gomes e atualizada por Ricardo Linhares, Débora vive Risoleta, uma mulher que, além de ir na contramão da submissão da maioria das cidadãs de Bole-Bole, apaixona-se perdidamente por Aristóbulo, o misterioso lobisomem da cidade, interpretado por Gabriel Braga Nunes. O papel foi interpretado pela saudosa Dina Sfat na versão original.

"Risoleta é uma mulher de bem, livre e sensual. Sofre preconceito por ter sido prostituta no passado, mas não se deixa abater", conta a atriz, empolgada com o fato de reviver a personagem que foi da saudosa Dina Sfat na versão de 1976.

Do alto de seus 50 anos recém-completados, Débora tem alguns segredinhos para manter-se em forma, como levar marmitinha para as gravações. 

Mineira, filha do ator Jonas Bloch e "cria" do teatro, Débora estreou na tevê fazendo mocinhas em tramas como Jogo da Vida, de 1981, e Sol de Verão de 1983. O flerte da atriz com o humor em Cambalacho, de 1986, a carimbou para TV Pirata, trabalho que ela acredita ser um referencial em sua trajetória na televisão.

"Foi quando as pessoas começaram a me ver de forma mais irreverente e ousada", analisa.

O Fuxico:  Por ter passado muitos anos de sua carreira fazendo séries e projetos especiais, quando o assunto é novela, você costuma ser bem criteriosa em suas escolhas. O que a atraiu em"Saramandaia"?

Deborah Bloch: Mas o que mais me chama a atenção é a diversidade e a ousadia dos personagens. A trama foi feita há um tempão, mas é de uma modernidade enorme, de uma estranheza que faz a história ser extremamente original. Fora que a personagem me tira do lugar-comum da maioria dos meus trabalhos na tevê, sobretudo quando me chamam para fazer novela.

OF: Cansa fazer sempre a perua/dondoca da trama?

DB:  (risos). Não cansa. Até porque elas têm suas diferenças e eu me divirto muito na pele desse tipo de papel. Mas é bom dar uma variada. E, no contexto fantástico de Saramandaia, Risoleta é uma ex-prostituta que volta a Bole-Bole para refazer sua vida e rever a filha que ela deixou para trás. Existe uma história trágica, pois esse reencontro não será fácil, mas a personagem é muito rica e tem outras nuances.

OF: Quais?

DB: Risoleta é um retrato da emancipação feminina, uma mulher à frente de seu tempo. Ela é dona de uma pensão, recebe e conversa com os homens da cidade de forma espontânea. E ainda se apaixona pelo Aristóbulo, que, nas noites de quinta para sexta, vira lobisomem. E, em vez de assustar, essa transformação dele a deixa muito excitada (risos).

OF: Aos 50 anos, você exibe toda sua boa forma física em figurinos ousados e cenas quentes ao lado do Gabriel Braga Nunes. Esse apelo sensual da personagem mudou alguma coisa na sua rotina?

DB: Passei a intensificar mais alguns exercícios. Mas sempre cuidei muito da minha cabeça e, consequentemente, do meu corpo. Trago minha própria comida para as gravações e me acabo nas aulas de pilates e "power plate". Não dá para acreditar apenas na genética, é preciso correr atrás (risos).

OF: Além de cenas sensuais, sua personagem tem muitas sequências de ação ao lado de Aristóbulo. É você mesmo quem faz as cenas ou uma dublê?

DB: Se não tivesse uma dublê, certeza que eu sairia bem machucada das gravações (risos). O realismo fantástico e a agilidades das sequências exigem muito dos atores, dos dublês e da equipe de efeitos visuais. A cena em que a Risoleta quase é atropelada, por exemplo, usei dublê e demorou muito para ser feita.

OF: A intérprete original da Risoleta é Dina Sfat. Você procurou alguma referência ou inspiração na versão dela para este novo trabalho?

DB: Vejo minha criação como uma homenagem à Dina, que, além de uma grande atriz, era uma mulher interessantíssima e emprestou toda sua ousadia para a Risoleta. Infelizmente, existem muito poucas cenas da versão original disponíveis. Então, minha inspiração veio da Dina mulher, de como ela conduzia a sensualidade nesse tipo de papel.

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