Deborah Secco: “Coisas acontecem, a gente se decepciona”

Por - 17/08/14 às 10:10

Ag News

No ar em Boogie Oogie, novela exibida na Globo na faixa das 19h, Deborah Secco classifica sua personagem, a aeromoça Inês, como uma menina de coração bom, que faz tudo pelos seus, vive pelos outros. Ao mesmo tempo, uma mulher independente, com pensamentos à frente de seu tempo, que não se liga em padrões sociais predeterminados para ser feliz. Uma descrição que caberia à própria atriz, que já se transformou tantas vezes aos olhos do público — da moleca Carol de Confissões de adolescente, há duas décadas, à sexual Bruna Surfistinha,  de três anos atrás.

Em entrevista à revista Canal Extra, do jornal Extra, ela diz que usa e abusa da profissão para se reinventar, experimentar outras vidas, mas no fundo "não passa de uma menina que não precisa de muito para ser feliz".

"Essa pessoa que recebe títulos de mulher do ano, celebridade influente, artista mais pop, não sou eu. Lido com essas imagens que constroem sobre mim de maneira bem distante, na verdade. A Deborah Fialho Secco, filha da Silvia e do Ricardo, irmã da Bárbara e do outro Ricardo, amadureceu mais rapidamente como profissional do que como mulher, emocionalmente falando. Entendo que o Brasil precise de ídolos, que as pessoas necessitem admirar outras para conseguir forças para caminhar nesse mundo tão difícil, mas ser exemplo é um peso", afirma.

Atualmente considerada uma das maiores beldades do país, a atriz diz que a beleza, conquistada com dinheiro e dedicação, é um presente, mas também um fardo.

"Ser famoso, bonito e rico te coloca em prova. É como se você tivesse mais chances de errar. Acho que se eu não fosse tão conhecida, seria mais uma bonitinha na multidão, nada demais. A admiração das pessoas não é pelos meus traços, meu sorriso, meu olhar. Elas misturam isso ao fato de eu ser famosa e criam uma figura grandiosa, mentirosa. O tempo foi generoso comigo, o dinheiro também. Não tenho vergonha de falar que esse cabelo é aplique, essas unhas são postiças, essa pele leva muito creme e protetor solar para ficar bem. Mas o corpo foi conquistado com muita força de vontade, duas horas de malhação por dia. Porque comer é um vício que não largo".

Ao jornal Extra, Deborah fala que perdeu a conta de quantas vezes virou alvo do afiado questionamento alheio:

"'Como é que pode uma mulher tão linda, rica e bem-sucedida estar solteira?'; 'Como você pode reclamar se tem tudo e sua vida é perfeita?'. Minha vida é incrível, sim, mas não só incrível. Tem passagens das quais só Deus não duvida. Só que eu aprendi, de certa forma, a tornar público só o que é bom. Tem momentos em que eu choro sozinha. Muitos… (E faz uma pausa, com o olhar baixo). Sabe essa coisa da pessoa pública que vai a um lugar e que todo mundo quer chegar perto, tocar? Pois então. Depois, eu entro no quarto de hotel e o meu telefone não toca. Porque eu realmente sou muito reclusa, ligada à família, de poucos amigos. Sou mesmo uma contradição, talvez a maior que eu já tenha conhecido. Essa é a minha verdade", afirma.

Prestes a completar 35 anos, idade-tabu para muitas mulheres quando o assunto é maternidade, ela não nega ainda acalentar o desejo de formar família, mas está certa de que esta não é a hora.

"As pessoas me cobram muito ter um marido e filhos, mas isso não é uma urgência. Não vou mais criar mentiras, não vou mais forçar uma barra, já fiz isso o bastante. Agora não tem ninguém que ocupe o posto de meu príncipe encantado. Sou sonhadora, e acredito que um dia ele vai chegar e eu vou, enfim, reconhecê-lo. Quando eu for mãe, esse filho vai ser fruto de uma relação de verdade, de um amor de verdade. As cobranças não me fazem mais mal".

Ela diz ao jornal que, dos antigos namoros e casamentos, ficou o respeito.

"Gosto muito de todos eles, os tenho de uma forma especial guardados dentro de mim. Mas não somos amigos, é complicado manter contato. Se eu encontrar com qualquer um deles na rua, vou parar, falar, querer saber como está. Não me arrependo de nada, porque acho que tudo o que eu vivi me fez ser o que eu sou hoje. Não jogo nenhum dia da minha vida fora, ela já é curta demais para eu ficar deletando histórias", garante.

Independente financeiramente desde os 16 anos, Deborah mora em um mega-apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste carioca, e comprou um segundo, vizinho ao dela, para abrigar a mãe Silvia, a avó Eulália, de 84 anos, e a madrinha Neide, de 54. A irmã, a advogada Bárbara, de 33, também mora por perto. Elas se encontram sempre aos domingos, quando vão à missa e almoçam.

É à Bíblia que a artista recorre quando questionada sobre sua relação com o pai, o engenheiro Ricardo Tindó Ribeiro Secco. Em novembro do ano passado, os nomes de Deborah, de sua mãe e de seus irmãos, além do de sua produtora, a Luz Produções Artísticas Ltda., foram envolvidos num escândalo: por um esquema de fraude que teria sido encabeçado por Ricardo, os filhos e a ex-mulher foram condenados pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) a devolver, juntos, um total de R$ 446.455 aos cofres públicos sob acusação de enriquecimento ilícito e improbidade administrativa.

"Um dos dez mandamentos de Deus é 'Honrar pai e mãe'. Não escolhi nascer do meu pai e da minha mãe. Eu nasci, e acho que isso tem algum propósito, não foi por acaso. Também não escolhi como eles seriam, o que fariam. Meu pai é um cara incrível, e foi um dos meus grandes exemplos de vida. Não sei em que momento os rumos mudaram para ele, mas eu tento entender e não julgar. Coisas acontecem, a gente se decepciona. É um assunto que me prejudica muito, eu sei. Se pudesse e quisesse expor toda a verdade e fazer disso um episódio verdadeiramente público, a minha imagem melhoraria muito, porque eu de fato não tenho nada a ver com essa história, eu a desconhecia completamente. Mas não quero expor uma pessoa a quem eu devo respeito, a quem eu devo a gratidão por estar viva.".

Deborah conta que, depois desse episódio, a relação com o pai ficou um pouco mais complicada – eles já não conviviam diariamente desde quando ela tinha 12 anos e Ricardo e Silvia se separaram. E diz se sentir culpada pelo vulto que a história tomou.

"Eu queria muito tê-lo mais perto, mas sinto que é difícil para ele, talvez por saber o quanto, sem querer, me fez mal. Acabou que a minha popularidade fez com que isso ficasse maior do que realmente é, e resvalou em quem menos merecia. Meu irmão (o administrador Ricardo, de 41 anos) mora numa cidade pequena, no Sul do país, e sofre todo tipo de preconceito. Minha irmã perdeu alguns contratos profissionais. Ficou ruim para todo mundo. Eu me sinto um pouco culpada por ser uma pessoa pública e trazer isso à tona, apesar de efetivamente não ter culpa alguma.  Acho que a justiça tem que ser cumprida. Estou aqui, não tenho nada a esconder. Todos os meus sigilos, bancários e telefônicos, foram quebrados. Minha vida pode ser investigada, estarei sempre à disposição para esclarecimentos. Independentemente do que pensem ou achem, meu pai vai estar sempre acima do bem e do mal para mim no quesito respeito. Devo respeitá-lo e honrá-lo até o fim da minha vida. Se ele for preso, vou estar lá todos os dias que eu puder para visitá-lo".

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