Dira Paes: “Mulher moderna é aquela capaz de sobreviver com o mínimo”

Por - 31/03/13 às 11:39

Pedro Paulo Figueiredo / Carta Z Notícias

Estar em contato com o público é uma espécie de motivação a mais para o trabalho de Dira Paes. No ar como a Lucimar de Salve Jorge, a atriz tem tido a oportunidade de experimentar uma repercussão calorosa. É comum ser parada nas ruas por pessoas que querem abraçá-la e conversar sobre os rumos da personagem.

"Muita gente está vendo você. É uma relação de sentimentos direta, sem intermediários", acredita.

As abordagens aumentaram ainda mais depois que foi exibida a cena em que Lucimar recebeu a notícia de que Morena, protagonista de Nanda Costa, morreu. Nesse dia, Dira estava em casa assistindo à novela. E, depois da sequência, as ligações elogiosas e emocionadas começaram a "pipocar".

Dira Paes: "Fiquei feliz porque a repercussão foi a partir do envolvimento sentimental com a personagem. As pessoas sabiam que Morena estava viva, mas elas se sentiram tocadas pela emoção de uma mãe sabendo que a filha morreu", avalia.

O caráter justiceiro da personagem, que parece ter assumido a função de heroína da trama de uns tempos para cá, Dira percebeu durante os workshops de preparação para a novela. Neles, a atriz presenciou depoimentos de mães que perderam suas filhas para o tráfico humano.

"As mães não calam nunca", frisa.

Além disso, Dira está acostumada a conviver com essas mulheres que precisam de um apoio para resolver seus problemas. Isso porque faz parte da ONG Movimento Humanos Direitos (MHuD), que é voltada principalmente para a questão do trabalho escravo, dos abusos praticados contra crianças e adolescentes, entre outras. E acabou utilizando essa experiência na composição de Lucimar.

"Gosto muito dessa humanização dos personagens porque eu considero que mulher moderna é aquela capaz de sobreviver com o mínimo. Essa mulher, para mim, é a grande heroína contemporânea. Acho que a Lucimar traduz um pouco isso", compara.

Papéis mais densos, aliás, têm sido uma constante na carreira televisiva de Dira justamente uma atriz que ficou conhecida pelo grande público a partir de uma personagem cômica: a Solineuza de A Diarista. Mas, desde que interpretou a Norminha em Caminho das Índias – que também tinha uma pegada mais humorada emendou tipos dramáticos. Como a Marta de Ti-Ti-Ti, a Celeste de Fina Estampa e agora a Lucimar.

"Foi uma coincidência. Depois da Norminha, que era uma personagem cômica, tragicômica, eu só fui convidada para papéis mais densos na televisão", conta.

Na hora de aceitar uma personagem, inclusive, Dira costuma avaliar o conjunto do projeto e não apenas o perfil que irá interpretar. As pessoas envolvidas no trabalho são um ponto muito importante para a atriz.

"Vejo se quero estar junto delas, se quero conhecer aquelas pessoas. Mas acho que, provavelmente agora, vou respirar e avaliar melhor. Porque eu estou sentindo vontade de navegar em outros mares", avisa.

Até hoje, seis anos depois que A Diarista saiu do ar, Dira é lembrada pela Solineuza. Superando até a sensual Norminha, que é mais recente, já que Caminho das Índias foi exibida em 2009.

"É engraçado, me surpreende que a Solineuza seja muito mais forte que a Norminha na lembrança do público", ressalta.

Na época do seriado protagonizado por Cláudia Rodrigues, que durou três anos e meio, Dira chegou a refletir sobre a possibilidade de ficar muito marcada por aquela personagem. Mas, ao mesmo tempo, ela fazia tanto cinema, que saciava a necessidade de experimentar coisas diferentes.

"Por exemplo, quando eu estava fazendo a Solineuza, filmei Dois Filhos de Francisco. Muita gente não achava que era a mesma atriz. Isso me lisonjeia", comemora ela, que acumula mais de 30 filmes em seu currículo.

"Para mim, eu sou uma atriz do Brasil, porque já rodei esse país todo fazendo cinema", pontua.

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