Dona de Mim: Autora antecipa luto e mudanças decisivas
Por Flavia Cirino - 23/12/2025 - 11:22

Rosane Svartman já enxerga o fim de “Dona de Mim”, mas ainda não consegue se desligar do universo da novela. O último capítulo está marcado para 9 de janeiro de 2026 e, apesar disso, a autora evita tratar o encerramento como algo definitivo.
Rosane Svartman desmente morte de Rosa
Durante um encontro com jornalistas nos Estúdios Globo, com participação de OFuxico, ela falou sobre exaustão, apego aos personagens e os desafios de uma produção que entrou para a história da faixa das 19.
Questionada sobre os próximos passos, Rosane respondeu com franqueza e humor. “Meu próximo projeto? Meu projeto agora é dormir. Eu preciso esvaziar e, aí começar a ter vida”, disse, entre risos. Ainda assim, a autora reforçou que o trabalho não termina junto com a exibição do último capítulo. Segundo ela, o processo de desligamento acontece aos poucos e envolve sentimentos contraditórios.
“Eu tenho a sensação de que é sempre a primeira vez e nunca é o fim, porque os personagens ficam. A gente ainda está vivendo muito a novela e mesmo quando acaba tem um luto imenso, um vazio, mas eu sinto que esse luto está lá porque ainda não terminou. Porque eu tô pensando, tá na memória. Continua muito vivo, né?”, refletiu.
Desafio histórico e novela mais longa das sete
Responsável por sucessos como “Totalmente Demais” (2015), “Bom Sucesso” (2019) e “Vai na Fé” (2023), Rosane enfrentou em “Dona de Mim” um desafio pouco comum. A trama ganhou 48 capítulos a mais do que o previsto inicialmente, algo que não acontecia na faixa das sete havia 16 anos. A última novela a alcançar esse tamanho foi “Caras e Bocas” (2009), de Walcyr Carrasco.
Motivos que fazem de ‘Dona de Mim’ uma excelente novela
A autora contou que a decisão partiu de uma escolha estratégica da emissora e exigiu uma reestruturação completa do planejamento narrativo. “A última foi Caras e Bocas (2009), do Walcyr Carrasco. A novela das sete mistura muitos gêneros e exige um ritmo acelerado. Então, foi um grande desafio, deu muito medo, mas foi uma escolha pragmática da empresa e eu acabei entendendo essa escolha, apesar do susto inicial”, afirmou.
Diante desse cenário, Rosane voltou rapidamente para a sala de roteiros. O foco passou a ser a criação de novas viradas capazes de sustentar o interesse do público até o fim do ano. “Eu voltei pra sala de roteiros e fiquei quebrando a cabeça pra saber qual seria essa virada, porque novela é feita de viradas. A primeira coisa que a gente fez [roteiristas] foi pensar em mais duas viradas pra manter a audiência nessa época do ano maravilhosa que é Natal e Réveillon”, explicou.
Retornos, mortes e a força do vilão
Entre as reviravoltas mais comentadas de “Dona de Mim”, o retorno de Ellen (Camila Pitanga), ocupa lugar central. Dada como morta nos primeiros capítulos, a personagem surpreendeu o público ao reaparecer, o que elevou o engajamento nas redes sociais e movimentou a narrativa.
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Rosane contou que Camila Pitanga fez apenas uma exigência para aceitar o retorno: coerência na história. “É, eu falei assim: ‘Olha, a gente tem uma sala de roteiros de pessoas extremamente ansiosas por isso’. Aí, quando ela leu [história], quando ela soube, ela ficou super feliz”, relembrou.
Já no caso de Abel (Tony Ramos), a autora descartou qualquer possibilidade de retorno. Segundo ela, a morte fazia parte do projeto desde o início e tinha função dramática bem definida. “Quando a gente convidou o Tony Ramos pra participar, ele já sabia que era um personagem que ia morrer. Por que ele tinha que morrer? Por que era importante que ele morresse? Porque a gente precisava de um vilão, e o Jaques só realmente cresce como vilão quando ele comete um homicídio”, explicou.
De acordo com Rosane, a resposta do público confirmou a aposta. O crescimento de Jaques como antagonista caminhou lado a lado com o aumento da audiência. “Por ser o Tony Ramos, e por ele ser absolutamente genial, demorou mais [morte] do que estava previsto”, contou a autora, ao comentar os ajustes feitos ao longo da exibição.
Assim, entre luto criativo, decisões estratégicas e personagens que seguem vivos na memória, Dona de Mim consolidou um percurso raro na televisão atual, exigente nos bastidores e intenso na resposta do público.
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino

























