Drica Moraes: “Apanhei, mas fui abençoada”

Por - 16/08/14 às 17:40

Ag News

As novelas têm nas mocinhas suas grandes heroínas, mas não adianta, o público a-do-ra uma vilã. E não tem sido diferente com Cora, personagem de Drica Moraes em Império, novela de Aguinaldo Silva, exibida na Globo na faixa das 21h.

A atriz de 45 anos, recuperada de uma leucemia mieloide aguda, descoberta em 2010 após fazer muitos exames e passar praticamente um ano sentindo dores pelo corpo e tendo desmaios, está refeita.

Drica não imagina sua vida se tivesse seguido o desejo inicial de ser desenhista. De volta à ativa desde 2011, quando atuou em Tititi, a atriz conta um pouco de seu momento à reportagem de O Fuxico.

O Fuxico: Você já consegue definir a Cora?

Drica Moraes: Claro! Ela é alucinante! Muito complexa, mistura violência, loucura e sensibilidade. O Aguinaldo me disse que ela é baseada nas tias do poeta e dramaturgo Frederico Lorca e nas mulheres de Nélson Rodrigues. Cora é uma montanha russa, que fala uma coisa e pensa outra. Ela queria ser a irmã e ter tudo o que ela teve. Cora sente uma necessidade de poder maior que a das outras pessoas. É a Perpétua do século 21, simples, seca, misteriosa. (Perpétua foi uma vilã vivida por Joana Fomm, na novela Tieta, de Aguinaldo Silva, exibida na Globo em 1989).

OF: Tem aquela coisa de sensação de sentir-se desgastada após as gravações?

DM: Eu me sinto o Neymar, porque entro inteira em cena, feliz e pronta. Desgasta, dá um cansaço na alma, mas é um desgaste feliz. Saio da emissora sem a maquiagem, com a minha roupa e telefono para um amigo ou para o meu filho para me conectar com a minha vida. O trajeto para casa é tão longo que já vou esquecendo a Cora no caminho.

OF: Você já fez outras ótimas vilãs, como a Violante, em Xica da Silva e a Marcela, em O Cravo e a Rosa. Qual delas é a pior?

DM: Sem dúvidas, a Cora! Os absurdos delas são crescentes.

OF: Conciliar a função de mãe com esse trabalho que também requer tanta dedicação, mudou muito sua rotina?

DM: O Mateus está com 5 aninhos, em fase de alfabetização e até porque moramos só eu e ele, faço questão de ser muito presente e acompanho tudo. Por isso a jornada fica mais pesada, mas não abro mão de estar com ele, acompanhar o desenvolvimento.

OF: Quando você o adotou, disse que tinha planos de adotar outro. Mantem?

DM: Não dá… adoraria, mas não dá. Já estou com 45 anos, agora, por exemplo, estou totalmente focada em Império, preciso cuidar do meu filho, do trabalho, de mim.

OF: Mateus assiste a novela? O que ele diz?

DM: Eu prefiro que ele não assista e leia um livro, é muito novinho. Mas ele reclama por eu não deixar, mas conversamos bastante, explico que ficarei um pouco mais atarefada por esse tempo.

OF: Voltando a falar na Cora, a que você atribui a empatia do público com ela?

DM: O público se identifica com o que é humano. São justamente os erros dela, as contradições e imperfeições que fazem com que o telespectador a vejam como uma figura palpável.

OF: Sente falta do humor?

DM: A Cora tem suas nuances. Fala alto e xinga, se mete em confusões, fica presa no armário, faz barraco, tem um lado meio palhaço.

OF: Qual a avaliação que você faz desde sua estreia em Top Model, em 1989, até hoje?

DM: Vivi os mais diversificados personagens e não fiquei estereotipada. Isso é um presente. Apanhei, mas fui bem abençoada também. 

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