Dublê fala de sua prisão durante gravação de Belíssima

Por - 14/12/05 às 15:02

O dublê Rafael Oliveira Melo de Sá, preso no último sábado, dia 10, durante as gravações de Belíssima, em São Paulo, conversou com a reportagem de OFuxico para contar sua versão sobre o fato. O rapaz, de 27 anos, afirma que está sendo defendido por seu advogado particular e que não está recebendo nenhum apoio da emissora.

“Eu estava em um carro, caracterizado com uma peruca, pois faria o dublê da atriz Carolina Ferraz, acompanhado por outro dublê, que faria o Gianecchini, e um contra-regra. Aguardava a liberação para gravar a cena, as câmeras da Globo estavam posicionadas na entrada da Dr. Arnaldo. Trabalho como dublê há 7 anos e o que ocorre é que simplesmente me dão um carro, faço minha cena e devolvo o veículo à produção. Geralmente a empresa tem uma autorização, um documento que libera determinada placa para gravar. Dei o azar de estar em um veículo com placa semelhante a de outro”.

“Fui levado para delegacia com algemas e tudo. Esperava que a emissora me desse um respaldo. O delegado chegou, pegou as explicações e nesse meio tempo tiraram minhas digitais para comprovar minha documentação. Após isso, fui preso em flagrante. O advogado foi passando as informações e colocando toda a culpa em cima de mim. Liguei para meu advogado, me neguei a assinar o Boletim de Ocorrência, porque em nenhum momento culparam mais alguém, a não ser eu. Não há nada especificando que a Globo é responsável pelo carro e pelo assunto. Além disso, há um processo contra mim com dois artigos: o 307, que é de falsidade ideológica, por eu ter dito que era funcionário da Globo e o 311, sobre adulteração de veículo. Se pegar pena, terei de cumprir de 3 a 6 anos de prisão, pois fui preso em flagrante por estar dirigindo o carro”.

“Passei a maior humilhação, fui algemado, passei pelo IML, fui transferido para o 2º DP, fui tratado como marginal, fiquei nu e fui para uma cela onde havia vários bandidos. O advogado da Globo teve da 1h às 5h da manhã e não resolveu o problema. Foi o meu advogado, o Dr. Alvadir Fachin, que me liberou da prisão. Mas, de certa forma, estou preso, porque assinei um termo de compromisso para estar à disposição da justiça. Minha ficha criminal está suja, não posso viajar nem sair de São Paulo e se me acontecer algum acidente na rua, serei preso novamente”.

Rafael continuou:

“A Globo até mandou um carro me buscar e levar da prisão para casa. Não aceitei, porque minha família estava ao meu lado. Até agora, ninguém me ligou do departamenbto jurídico da emissora para dar uma posição sobre o assunto. Já liguei, deixei recado e nada acontece. Também estou sem trabalhar e preciso voltar, pois sou profissional. Estou abrindo  uma produtora, negociando patrocínio de um programa e nem posso dar andamento a isso. Vou entrar com ação de indenização contra a Globo”.

A reportagem de OFuxico entrou em contato com o departamento jurídico da Rede Globo, mas uma das advogadas do caso, a Dra. Ana Luiza Gomes Vilella, não estava.

A assessoria da emissora informou que seu jurídico está à disposição do caso e realizando os procedimentos que estão ao seu alcance.

O caso

No sábado, dia 10, Rafael dirigia um Volvo na Avenida Paulista. Um outro dublê estava em outro carro, no mesmo local. Ao aguardar a continuação da gravação na Rua Ministro Rocha de Azevedo, a polícia desconfiou que os dublês pudessem ser ladrões.

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