Dudu Braga: ‘Manter o equilíbrio entre a perda da ilusão e a perda da esperança’

Por - 21/09/20

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Ao descobrir o terceiro câncer, Dudu Braga dá mais uma lição de resignação, fé e otimismo. No último dia 11, O filho de Roberto Carlos foi diagnosticado com três pequenos tumores no peritônio (membrana que recobre a parede abdominal) e, desde então, faz tratamento no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

No início de 2019, ele teve um tumor no pâncreas e depois descobriu um nódulo na mesma região. Aos 51 anos, casado com Valeska Braga e pai de Laura, Segundinho, como é carinhosamente chamado, disse que o pai, após o susto inicial, tem sido um grande incentivador.

Dudu Braga, filho de Roberto Carlos, enfrenta novo câncer

Confira a entrevista exclusiva.

OFuxico: Vencedor. Não encontramos outra palavra para sintetizar sua história. A força que você demonstra nos inspira. Como se manter tão equilibrado, em tempos tão difíceis, em todos os sentidos?

Dudu Braga: Faço a minha parte e acho que a gente tem que ser otimista mesmo. Eu só sou mais um, sou um deficiente visual como tantos outros amigos meus que passaram por esses problemas que eu passo também. Pessoas que passaram pelo câncer e se salvaram, passaram de cabeça erguida. É assim que meu pai me ensinou, que minha mãe me ensinou. Meus pais sempre foram dois guerreiros e é esse o espelho que eu tive e é isso que eu tenho que passar tanto para a minha filha quanto para a minha esposa. E meu pai é esse parceiro para todas as horas, que está sempre comigo. Manter o equilíbrio é o que faz a gente ficar entrado. Não tem como. A gente tem altos e baixos e isso é absolutamente normal. Essa semana escrevei no meu Twitter como manter o equilíbrio entre a perda da ilusão e a perda da esperança. Acho que essa é a chave. A gente tem que ter a realidade e a esperança palpáveis.

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OF: Diante deste terceiro diagnóstico, quais as mudanças efetivas que você terá na sua rotina?

DB: Já vinha fazendo alguns exames, mas agora é quimioterápico, isso dá sempre uma abalada na sua energia vital. Eu vou ter que reavaliar o que poderei fazer ou não em questões profissionais, porque eu estava voltando com a banda e realmente me exige fisicamente. Fazer rádio é uma coisa mais mental, então eu posso reservar um dia para fazer meu programa, isso não tem tanto problema. Mas a banda, talvez eu tenha que tocar um pouquinho mais leve, coisa que a gente não faz, porque a gente faz rock’n roll, e fisicamente isso é bem desgastante pra um baterista. Mas, como eu já fiz as outras duas sessões de quimioterapia, fiz duas e agora são seis, acho que estou um pouco mais preparado para o que pode vir. E acho que será um pouquinho mais leve do que das outras, assim eu espero.

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OF: Sabemos que você é um paizão para a Laura e um super marido para a Valeska. Qual o seu segredo para manter sua família sólida?

DB: O sentimento que pode resolver tudo é o amor. Sem ele, fica difícil. Precisa ter compreensão, resiliência, saber entender o outro, saber que nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente quer. Minha família é uma síntese disso, a gente tem que conviver com várias expectativas dentro da mesma casa e trabalhando juntos, tentando manter esse equilíbrio. O amor faz essa união, faz justamente essa ligação entre as diferenças que todo mundo tem. Não acredito na metade da laranja, mas acredito que o amor faz essa metade existir. Valeska está sempre ao meu lado. Ela é tudo pra mim, minha parceira, companheira, amiga, mão, amada, amante. E minha filhota é quem me faz olhar pra frente, que me faz entender que não posso desistir nunca.

OF: Quais as novidades de seu trabalho na música? Vem mais Grammy Latino por aí?

DB: Gostaria muito que viesse, mas acho que agora não vai dar. O Grammy trabalha com categorias que a gemte não participa, porque a gente faz releituras.

OF: 2020 é um ano para esquecer?

DB: Não acho. As dificuldades, inclusive, não devem ser esquecidas. Elas devem nos ajudar a fortalecer e repensar certas coisas. Acho que o mundo vai mudar tão radicalmente assim a partir do momento em que a gente encontrar uma vacina. Mas alguma coisa sempre fica. Alguma coisa que a gente passou, das dificuldades que a gente teve, que o nosso planeta teve durante 2020. Sempre fica uma questãozinha a mais, uma questão de solidariedade ao outro, de você ter que se preocupar com o outro, não só com você mesmo. Essa pandemia mostrou justamente isso pra gente. Mudanças radicais? Não acredito. Acho que depois de três meses que acabar a pandemia e que a gente descubra a vacina, as coisas vão voltar, aquele transito maluco, vida maluca, todo mundo correndo atrás dos seus interesses, mas talvez com um pouquinho mais de solidariedade. É isso que eu espero.

Dudu Braga com a esposa  Valeska, a filha Laura e o pai, Roberto Carlos

OF: Qual a sua expectativa para 2021, profissional e pessoal?

DB: Que seja melhor que 2020. A gente já falou isso de 2019. Até que chegou 2020. Um amigo meu diz: ‘você está achando que as coisas estão ruins? Espere mais um pouco’. Pelo amor de Deus! Só espero que a gente possa colocar as coisas no lugar e que a gente consiga tocar nosso país pra frente, com expectativas boas, que possamos ter mais tempo e amor nos nossos corações.

 

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