Edney Silvestre torna público dislexia: “Cometo equívocos inacreditáveis”
Por Redação - 29/06/22 às 15:20
O jornalista e escritor Edney Silvestre, da TV Globo, acaba de tornar público que é disléxico. Ele concedeu entrevista ao jornal O Globo desta quarta-feira, 29 de junho, em que falou do transtorno genético e hereditário da linguagem que o prejudica desde a infância. O repórter contou que decidiu falar abertamente a respeito do assunto depois que o jornal publicou uma matéria citando novas descobertas acerca da patologia.
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“As pessoas que me conhecem sabiam, nunca comentei publicamente mas achei que era importante comentar a partir dessa notícia. Acompanho vários pais e instituições de disléxicos sempre que tenho a chance. Lembro que era o garoto burro, que não conseguia fazer conta direito. Mas tive uma professora que me acolheu. Ela me incentivava a ler e a escrever. E até hoje, quando escrevo, tenho que ficar atento, ainda cometo equívocos inacreditáveis. Tipo querer escrever ‘vaca’ e sair ‘cava'”, contou o jornalista.
Pagar contas é outra dificuldade para o jornalista. “Até hoje eu confundo números. Agora que dá para pagar conta na internet, eu tenho que checar número a número do boleto. Imprimo a conta e risco com o lápis número a número. Confundo 6 com o 9 até hoje. Mas eu já sei que é assim, então fico atento. Repito alto os números”, disse.
Edney Silvestre contou ao jornal quando foi que percebeu o problema e comentou a repercussão de ter falado abertamente sobre a questão congênita. “Eu descobri, já adulto, que eu sempre tive uma percepção de situações que escapava das pessoas ditas “normais”. Um detalhe de uma frase, um comportamento, uma atitude. No post que eu fiz, várias pessoas se identificaram. O diagnóstico é um grande sofrimento até que você entende, na verdade, é o mundo que não está preparado pra você”, contou ele.
DISLEXIA
De acordo com o médico e escritor Drauzio Varella, em seu site oficial, a “dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras”.
“De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta”.
“A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança”.
SINTOMAS
“Os sintomas de dislexia variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades:
Para ler, escrever e soletrar;
De entendimento do texto escrito;
Para de identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações;
Para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia);
Ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia);
De organização temporal e espacial e coordenação motora.
DIAGNÓSTICO
“O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce de dislexia para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua autoestima e projeto de vida”.
TRATAMENTO
“Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
RECOMENDAÇÕES
“Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;
O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;
O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência;
Portadores de dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas;
Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.”
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