Elke Maravilha lembra do alerta que fez a Zuzu Angel

Por - 19/07/06 às 17:22

 

Elke Maravilha começou a carreira de modelo em plena época dos chamados anos de chumbo. Nessa mesma época, Zuzu Angel utilizava-se também da sua arte de criar roupas para ajudar a denunciar a luta que travava contra o regime militar, implantado a partir de 31 de março de 1964, e que havia prendido seu filho Stuart, que figurava na lista dos desaparecidos.

Por causa da moda, o destino das duas acabou se cruzando e Elke tornou-se confidente da revolucionária estilista, além da sua modelo predileta. Ela conta a OFuxico uma conversa que costumava ter com a amiga e que não está no filme Zuzu, que chega aos cinemas no dia 4 de agosto.

“Eu falava: ‘Zuzu, você vai ser morta.’ E ela me respondia: Já me mataram, desde que sumiram com o meu filho”, relata Elke, que ficou famosa ao se tornar jurada de programas de tevê (Chacrinha e Sílvio Santos) e atriz de cinema (Xica da Silva, Pixote) e teatro (Viva o Cordão Encarnado, A Rainha Morta).

A modelo, russa de nascimento que chegou ao Brasil com seis anos, conviveu muito com a estilista e participa, duplamente do longa de Sérgio Rezende. Além de ser retratada em um papel interpretado por Luana Piovani, ainda faz uma participação. Mesmo assim, ela subestima sua importância naquela triste época da história brasileira, que levou filho e mãe à morte. (Zuzu morreu misteriosamente em 13 de abril de 1976, em um acidente de carro, no túnel do Joá, zona sul do Rio).

“Personagem é a Zuzu que, como se diz no nordeste, era sujeito homem. Eu apenas estava ali naquele momento”.

Sobre um dos temas centrais do filme Zuzu – a tortura da qual Stuart Angel foi vítima, como tantos outros presos políticos – Elke faz um paralelo com o momento em que vivemos, mesmo depois de reconquistar a democracia, a partir de 1985.

“O que não temos mais no Brasil são os presos políticos, porque a situação da tortura continua a mesma com os presos comuns. Não acabou. Sei do que estou falando porque sou madrinha dos presidiários há 28 anos”, conclui, indignada. 

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