Em entrevista, Domingos Montagner falou do rio São Francisco

Por - 19/09/16 às 17:17

Divulgação/TV Globo

Nesta segunda-feira (19), o Jornal Extra divulgou uma entrevista inédita realizada com o ator Domingos Montagner, morto na quinta-feira (15), após se afogar nas águas do Rio São Francisco.

Montagner revelou a importância do rio para todo o país.

“Sou paulistano, urbano. Em Cordel Encantado, eu já tinha mergulhado no universo do cangaço, mas ali era uma fábula. Agora, em Velho Chico, estamos representando uma realidade, falando de um rio extremamente importante para todo o país. São questões geográficas, sociais, políticas. É um mergulho um pouco mais profundo na vida e nos costumes dos nordestinos e suas dificuldades. Eu adoro contar histórias, servir à História. Nada pode ficar à frente disso”.

Para o ator, Santo dos Anjos, seu personagem na trama, era, além de forte, um 'prato cheio' para ser interpretado.

“Santo é ativo, forte, de luz. Ele toma as rédeas, toca a vida com propriedade, é ponta de lança. São muitas as relações: com Tereza, com Luzia, com a mãe, com o irmão, com os filhos; a devoção que ficou pelo pai. Como esse personagem é capaz de sobreviver a situações tão impactantes? Esse é um prato cheio para atores ‘esquizofrênicos’, como eu”.

Romântico, ele falou de seu amor para a vida inteira, pela esposa, Luciana Lima, que nasceu há 15 anos.

“Amor é um sentimento que não dá pra lutar contra. Quando se estabelece com força, não adianta. Adoro o romantismo. Minha geração é a das canções com letras envolventes, delicadas, poéticas. Ter um amor para a vida inteira não é uma obrigação, mas, quando você o descobre, tem que se entregar. Foi o que eu fiz, há 15 anos”.

Quase que Domingos Montagner seguiu uma outra profissão: a de professor. E atuar como palhaço trouxe a ele um grande orgulho.

“Quando criança, nunca imaginei que seria ator ou palhaço. Eu queria mesmo era ser professor, e fui. Também já fui ilustrador, desenho bem desde moleque. Depois, o teatro e o circo mudaram minha vida. Hoje, digo com orgulho que sou o Palhaço Agenor. É uma arte muito, muito especial”.

De origem simples, foi assim que seguiu por toda sua visa, sem se proivar da liberdade nem deixar de lado o assédio dos fãs.

“A princípio eu era meio arredio, assustado. Mas aprendi que não posso mudar meus hábitos, me privar de ir a mercado, farmácia, padaria, banco. Prefiro o contato a me isolar e criar uma atmosfera de deslumbre danosa. Mas sou resguardado com relação a minha vida particular, não gosto de me colocar em evidência. As pessoas têm que conhecer o Domingos ator, isso é suficiente”.

Com uma fama de galã que ele dizia não incomodar, nem se considerar, Domingos era um homem que não deixava de se cuidar e afirmou que ‘gostava do que via no espelho’.‘

“Eu me cuido bastante fisicamente. Gosto de me manter ativo, o corpo funcionando, pronto para correr, pular, andar a cavalo. Cremes, ainda não uso. Já os anéis são uma mania desde garotinho, tenho uma coisa meio cigana. Por enquanto, gosto do que vejo no espelho, mas a idade chega pra todo mundo. Quero fazer sempre papéis que não tenham a ver com beleza. Eu sou um palhaço, ora! É a antítese do galã”.

 

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