Entrevista: Avó inspirou Vanessa Giácomo para sua Malvina, em Gabriela

Por - 21/10/12 às 10:16

Luiza Dantas / Carta Z Notícias

Quando soube que interpretaria Malvina, em Gabriela, Vanessa Giácomo logo se lembrou da avó. A personagem forte e transgressora muito tinha a ver com Dona Amália, já falecida, mas ainda bastante presente na memória da atriz. A avó, que não baixava a cabeça para o marido, apesar de viver em uma época em que as mulheres costumavam ser mais submissas, acabou servindo como uma grande fonte de inspiração para o papel.

"Acho que ela devia ser como a Malvina. Minha avó falava muito o que pensava para o meu avô, era muito impulsiva, dava bronca nos filhos, tomava a frente das situações", compara.

O jeito rebelde de Malvina, inclusive, é o que mais tem gerado comentários nas ruas. Volta e meia, Vanessa é abordada por mulheres que se identificam com a personagem.

"A Malvina parece uma menina de hoje em dia. É muito gostoso fazer esse tipo de papel", comemora.

Ao longo de toda a história, Malvina se destacou das outras mulheres da trama adaptada por Walcyr Carrasco. Mesmo vivendo na sociedade extremamente machista dos anos 1920, sempre teve coragem para fazer valer suas vontades. Teve um flerte com seu professor, Josué, interpretado por Anderson di Rizzi e, depois, engatou um namoro com Rômulo, de Henri Castelli, mesmo sabendo que ele já era casado. Mas a personalidade forte lhe rendeu boas surras de seu pai, o Coronel Melk, vivido por Chico Diaz. Para essas cenas, Vanessa contou com o respaldo de dublês, que a ensinaram como fazer para não se machucar.

"Se eu tomar um tapa do Chico Diaz… Nossa, ele é forte! Acho melhor ensaiar. Já para a Bel (Kutner), eu peço para dar de verdade", explica, referindo-se à intérprete de Marialva, mãe de Malvina na novela. 

Os estudos de Vanessa não se limitaram à expressão corporal. A atriz fez questão de passar por conta própria um tempo em Ilhéus, na Bahia, onde acontece a história. Lá, observou as pessoas e sua maneira de falar.

"Claro que nos anos 20 havia um outro ritmo, mas dá para pegar um pouco do jeito do baiano, que já tem uma velocidade diferente", analisa.

O sotaque foi algo com que Vanessa tomou bastante cuidado. Ela queria que ficasse o mais natural possível e não caísse no caricato. Por isso, prestou atenção na prosódia apenas o necessário para captar a melodia da fala baiana.

"Quando se prioriza o sotaque, perde-se muito. Você fica tão preso àquilo, que deixa de dar atenção a outros detalhes", observa ela, que também leu o romance de Jorge Amado que deu origem à novela.

      A dedicação não foi à toa. Assim que recebeu o convite para Gabriela, Vanessa sabia que não era uma personagem qualquer. Malvina tinha uma função importante dentro da trama. Além disso, a atriz estava acostumada com produções da faixa das seis e das sete. Nunca havia feito uma novela que fosse ao ar tão tarde.

"Acho que Jorge Amado sempre traz algo grandioso por trás. É importante se envolver, estudar a fundo etentar entender a cabeça dele", destaca ela, que sentiu algumas diferenças no trabalho por conta do horário de exibição.

Principalmente nas pessoas que acompanham o folhetim.

"Público de novela das seis é de senhorinhas e das sete é muito de crianças", recorda.

O horário das seis, aliás, foi onde Vanessa ficou conhecida. Sua estreia na tevê aconteceu em Cabocla, exibida em 2004. Logo em seu primeiro trabalho, encarnou uma protagonista, a Zuma, papel interpretado por Gloria Pires na versão original de novela, em 1979. O biotipo de Vanessa foi fator fundamental para ela ter sido chamada para o teste da novela.

"Havia o interesse em revelar uma atriz. Ali veio minha grande chance. Fiz o teste na sexta e na segunda me deram a resposta", revela ela, que depois atuou em Sinhá Moça, Paraíso e Morde & Assopra, entre outras produções.

Vanessa Giácomo deixa Malvina no Projac e vai curtir praia com os filhos
Vanessa Giácomo se identifica com sua personagem, de Gabriela
 

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