Entrevista: Guilhermina Guinle gosta de usar o estilo camaleoa para personagens

Por - 09/12/12 às 10:10

Pedro Paulo Figueiredo/ Carta Z Notícias

Logo nos primeiros dias de gravação de  Guerra dos Sexos, em São Paulo, Guilhermina Guinle teve a nítida sensação de déjà vu. Há cerca de três anos, no início dos trabalhos de Ti-Ti-Ti, ela, que atualmente interpreta a neurótica Manoela, estava no mesmo lugar, com a mesma equipe de produção e também sendo dirigida por Jorge Fernando. 

"A gente ficou em São Paulo para gravar as três primeiras semanas no mesmo hotel da outra vez e falei: 'Parece que estou tendo um 'revival'. É de novo o Jorginho com todos os câmeras, o mesmo pessoal da maquiagem…", alegra-se.

Mas, desta vez, a personagem que Guilhermina interpreta é diferente das mulheres bem-resolvidas que costuma encarnar nas novelas.  Na trama de Silvio de Abreu, Manoela é ciumenta ao extremo e insegura no casamento com Fábio, vivido por Paulo Rocha. É capaz, inclusive, de usar a filha, Ciça, de Jesuela Moro, para fazer chantagem emocional e manter a união.

Guilhermina Guinle gosta de usar o estilo camaleoa para seus personagens"A Manoela tem dinheiro e quis realizar o sonho do Fábio de ser fotógrafo. Depois, fica morrendo de ciúme porque ele está sempre no meio de mulheres lindas", explica.

Na versão original da novela, exibida em 1983, a personagem era alcoólatra. Hoje em dia, com a proliferação do politicamente correto, Manoela só aparece em cena tomando pílulas e fumando.

"Eu ia amar fazer uma Heleninha Roitman na novela das sete", entrega, referindo-se ao papel de Renata Sorrah em "Vale Tudo", de 1988.

Apesar de não ser fumante, Guilhermina aprendeu a fingir que fuma quando viveu a Maggie Sampaio de JK. A personagem era uma mulher moderna e estava constantemente com um cigarro. Mas, apesar de fumar bastante na minissérie, a falta de jeito na época transpareceu para o irmão da atriz, que é fumante.

"Um dia, ele me ligou e disse: 'Você está ótima. Mas, com esse dedo duro, está óbvio que não fuma'. Peguei umas dicas com ele e aprendi a fumar", conta, aos risos.

Mas, para Guilhermina, a melhor preparação é o trabalho diário. Principalmente porque, entre os meses em que está envolvida com a novela, muitos aspectos podem mudar.

"Não adianta preparar 500 mil coisas. Já vi personagens começarem bonzinhos e irem para um outro lado", analisa.

Na fase de encontros com o elenco, no entanto, Guilhermina teve uma conversa proveitosa com Silvio de Abreu. O autor deu dicas de filmes e atrizes a que ela poderia assistir para buscar alguma referência para Manoela. Entre os que viu, estão Mommie Dearest, com Joan Crawford no elenco; Ill Cry Tomorrow e I Want to Live, com a atriz Susan Hayward. Nas produções, as personagens que Guilhermina observou são bem dramáticas e, de alguma forma, próximas da que 
interpreta em Guerra dos Sexos.

"Na tevê, existe uma cultura mais naturalista de atuação. Então, se a gente está um tom acima, pode achar que está over. Mas isso, às vezes, é legal. Queria tentar fazer uma coisa diferente nessa novela", frisa.

O que também ajuda Guilhermina a mudar entre uma produção e outra é o visual. Sempre camaleônica, a atriz adotou o corte chanel com os fios tingidos de castanho escuro para interpretar Manoela. A escolha da cor foi justamente para imprimir um tom mais dramático à personagem. 

"Acho que toda mulher adora mudar", opina.

Mas nem sempre foi assim para Guilhermina. Até fazer A Lua me Disse, em 2005, a atriz usava um cabelão que nunca havia passado por alguma transformação drástica.

"Achava que era legal ficar assim a vida toda, com aquela marca registrada", recorda.

Mas, na época, Miguel Falabella, autor da novela, sugeriu que ela mudasse completamente.

"Ele falou: 'Corta esse cabelo, está enorme, parece uma Maria Madalena'. Foi a primeira vez que eu cortei e vi que ali minha vida mudou", garante.
 

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