Entrevista: Interpretar um vilão em Salve Jorge veio em boa hora para Murilo Rosa
Por Redação - 24/02/13 às 10:25
São várias as possibilidades de um ator ao interpretar um vilão. Por isso mesmo, seguir o caminho do maniqueísmo passou longe da construção que Murilo Rosa fez de Élcio, personagem que vive em Salve Jorge. Para ele, a função de antagonista, que exerce na trama de Gloria Perez não poderia ficar restrita à falta de caráter do capitão da cavalaria do Exército. Era preciso buscar outros elementos que evidenciassem as nuances do papel.
"Eu sempre quis que esse personagem fosse o vilão que tivesse o seu tempero, que fosse um cara que aprontasse, mas que tivesse seu poder de sedução, como todo bom vilão eu acho que tem de ter", avalia.
O senso de humor, a ironia e até mesmo a farda que Élcio usa quase sempre contribuem para que haja um equilíbrio entre a vilania e a humanidade do personagem, na opinião de Murilo.
"Se você faz um vilão não solar, não simpático, fica muito chato, você não aguenta olhar para esse cara. Por mais que o Élcio apronte muito, ele tem momentos engraçados, de alegria, ele se diverte às vezes com as coisas que faz", destaca.
Interpretar um vilão, aliás, veio em boa hora. Depois de uma sequência de mocinhos, Murilo já estava com vontade de encarnar um tipo diferente. Assim que terminou Araguaia, novela que protagonizou na pele de Solano, o ator compartilhou seu desejo de viver um vilão com algumas pessoas, inclusive Marcos Schechtman. E o diretor, quando surgiu a possibilidade, logo o convidou.
"Era exatamente o tipo de papel que eu estava com vontade de fazer. Topei e achei muito interessante", valoriza.
Mas a imagem de galã que tanto acompanha sua trajetória, Murilo jura que nunca o incomodou.
"E acho que nunca prejudicou. O galã está muito mais ligado à sedução, ao poder que você tem de seduzir, do que ao tipo físico. Acredito que tenho um biotipo que me permite fazer qualquer personagem", analisa.
Para entender melhor o universo do papel, antes do início das gravações, Murilo ficou uma semana na AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, município do Rio de Janeiro – com parte do elenco. Lá, viu de perto o funcionamento do Exército e ainda aproveitou o convívio com os militares para buscar alguns elementos para a composição de Élcio.
"Eu me inspiro em uma pessoa para fazer meu personagem, um militar que conheci. É muito gente boa, mas é irônico, fala as coisas rindo…", revela.
O ator também aprendeu alguns aspectos da montaria e, em muitas das cenas, dispensou o dublê.
"A montaria clássica é difícil. E o salto não é tão simples também, não", frisa.
Com mais de 25 trabalhos na tevê, Murilo já passou pelo SBT, Manchete e Band. A experiência em emissoras diferentes foi enriquecedora para que o ator se estabelecesse na profissão. Antes da estreia, em 1994 – quando atuou em Confissões de Adolescente e 74.5 – Uma Onda no Ar , Murilo participou de uma Oficina de Atores da Globo, em 1993. Mas o material em vídeo sumiu e, logo em seguida, surgiu um convite para integrar o elenco da primeira novela de sua carreira.
Depois, fez pequenas participações em Malhação e Você Decide, até que foi chamado para atuar em Antônio Alves, Taxista, do SBT. Só após Xica da Silva e Mandacaru é que Murilo foi de vez para a Globo, quando viveu o Amadeu de Chiquinha Gonzaga, em 1999.
"A dramaturgia brasileira é a melhor do mundo. Para mim, a Globo faz um trabalho excepcional", derrama-se.
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