Entrevista: José Loreto diz que falar com cabra em novela é divertido

Por - 23/02/13 às 10:00

Pedro Paulo Figueiredo/CZN

Nada como um personagem de sucesso para mudar a vida de um ator. José Loreto passou anos fazendo papéis pequenos em novelas como Três Irmãs e séries como Macho Man, até se destacar na pele do simpático Darkson de Avenida Brasil. Seu desempenho chamou a atenção de outros núcleos de produção da Globo e, pouco antes do final da novela, ele já estava escalado para interpretar Candinho, personagem-chave de Flor do Caribe, novela das seis que estreia dia 11 próximo, na Globo.

Entreviasta: José Loreto diz que falar com cabra em novela é divertido"O Darkson era de um apelo popular enorme. Foi um divisor de águas na minha carreira, mas quero desvincular o personagem da minha imagem. Agora é desapegar e me concentrar no Candinho", conta.

Para Loreto, a preocupação em voltar ao vídeo em tão pouco tempo quase inexiste perante a responsabilidade de substituir Matheus Nachtergaele, primeira opção da direção da trama para o papel.

"Percebo a confiança que a equipe está depositando em mim. Estou entusiasmado e me dedicando ao máximo a mais essa oportunidade", avisa.

Na trama assinada por Walther Negrão, Candinho é um interiorano de alma infantil. Sua principal parceira de cena é a cabra Ariana – homenagem do autor ao escritor Ariano Suassuna.

"Não vou ficar falando com a cabra sem parar. A relação dos dois é uma via de mão dupla. Os diálogos são bem divertidos", brinca.

Apaixonado por animais, o ator confessa que teve receio de não conseguir real interação com o bicho. Para chegar ao ponto certo de aproximação entre Candinho e Ariana, desde dezembro, Loreto vem acompanhando o crescimento da cabra que "interpretará" Ariana.

"É amor de irmãos. Ela já começou a me seguir, fica fazendo barulhos para mim", explica o ator, que teve de aprender a tirar leite de cabras durante o processo de composição.

Fora a relação com Ariana, a principal referência humana de Candinho é sua avó, Veridiana, personagem de Laura Cardoso. Além do workshop promovido pela Globo, boa parte da interação entre os atores aconteceu nos dias em que a equipe passou gravando em Natal, região onde Flor do Caribe é ambientada e que inspirou a criação da fictícia cidade Vila dos Ventos.

"É tudo muito alegre. Meu núcleo é essencialmente cômico, mas é um humor carregado de ingenuidade", analisa.

Parte importante da construção de Candinho, a caracterização de Loreto chama a atenção. Saem as tatuagens e o estereótipo suburbano utilizado em Avenida Brasil e entram os cabelos cacheados e em tons louros, resultado de mais de 10 horas em um salão de beleza de São Paulo.

"Tive de colocar mega hair e pintar o cabelo. Achei que o visual ficou bem coerente com o espírito solar da novela", valoriza o ator que, no entanto, ainda não se adaptou ao novo corte.

"Estou me acostumando a ter um cabelo tão volumoso. Às vezes, coça demais", assume.

Entre o humor e acontecimentos sobrenaturais, a complexidade de Candinho fez com que Loreto tivesse de dizer não a convites de peças e filmes.

"Para eu fazer alguma coisa bem, é necessário fazer apenas uma. Me sinto seguro para esse novo personagem, mas só estou assim porque me entreguei no processo de composição. Não é o tipo de papel que é só chegar no estdio e atuar", conta o ator que, ao mergulhar na cultura nordestina, viu em Chicó, personagem de O Auto da Compadecida, do homenageado Suassuna, uma inspiração para os trejeitos de Candinho.

"É um sujeito puro e sensível que tem tudo para emocionar o público", valoriza.     

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