Éramos Seis: Figurino e caracterização marcam a passagem de tempo
Por Redação - 30/09/19 às 08:25
Na primeira fase da novela, enquanto Lola é uma dona de casa sem muita vaidade, que só usa um batom quando tem um compromisso longe de casa, sua irmã Olga (Maria Eduarda de Carvalho) é o oposto. Além de se maquiar diariamente, independentemente de sua programação, tem o corte de cabelo mais badalado da época, o chanel, inspirado na estilista francesa Coco Chanel, um sucesso a partir de 1918. Olga também se preocupa com suas roupas, que são feitas por ela mesma ou pela irmã Lola.
Segundo Labibe Simão, figurinista, as roupas dos anos 1920 são marcadas pelas estampas simétricas e por costuras um pouco mais largas, que não marcam a cintura e não evidenciam a silhueta, evitando que o corpo das mulheres ficasse em evidência. Já a década de 1930 chega mais ousada, com peças mais justas e marcadas, embora ainda com comprimento longo. Nas estampas, cores mais vivas e mais pigmentação. Através dos tecidos, de fibra, mais sintéticos, é possível reconhecer os sinais da industrialização.
A fim de tornar mais verossímil a vestimenta de figurantes e personagens, Labibe pesquisou tecidos e estampas da década de 1920 e, junto à sua equipe, produziu mais de 80% das peças integralmente nos Estúdios Globo. Além de terem o corte exato escolhido pela figurinista, as peças foram desenhadas especificamente com as medidas do elenco, o que ajudou a imprimir um caimento mais natural. Já as peças da década de 1930 foram encontradas em brechós ou no acervo da TV.
Lola terá poucas mudanças no figurino de uma década para outra, já que sua condição financeira não lhe permite ficar mudando o guarda-roupa. Contudo, seus filhos, em particular Isabel (Giullia Buscacio), usarão roupas novas e feitas pela própria mãe. O visual da jovem terá bastante bordado e tricô.
Emília (Susana Vieira) e Justina (Julia Stockler), por terem uma condição financeira melhor, usam muitas roupas importadas da Europa, onde Adelaide (Joana de Verona) mora. As estampas têm formas assimétricas e mais contraste. Adelaide, quando chega, na década de 1930, já demonstra no modo de vestir como absorveu os ideais feministas que estavam em ebulição na Europa. Ela veste calça e blazer, algo absolutamente incomum no Brasil entre as mulheres daquela época. Ainda assim, é uma personagem feminina e, mesmo para a época, sexy.
Soraia (Melissa Nóbrega/ Rayssa Bratilliere) também é de família abastada, mas, diferentemente de Adelaide, tem uma delicadeza na maneira como se veste. Devido ao fato de o pai ser dono de uma loja de tecidos, Soraia acaba sempre tendo mais opções de roupas e estampas.
Enquanto o visual das mulheres varia bastante de acordo com a personalidade e o poder aquisitivo de cada uma, o figurino dos homens é similar, pois naquela época todos vestiam terno diariamente. Quando com mais dinheiro, ternos mais elegantes, com cortes mais finos. Quando com menos, ternos mais simples, mas ainda acompanhados de calças sociais e gravatas.
Entre os homens, destaca-se João Aranha (Caco Ciocler). É muito rico e quando confronta Afonso (Cássio Gabus Mendes) por querer levar Shirley (Barbara Reis) e Inês (Gabriella Saraivah/ Carol Macedo) embora, a diferença social entre os dois é gritante. O personagem é um marco pela escolha dos contrastes na alfaiataria. E usa acessórios que o destacam, como óculos escuros, prendedor de gravata e relógio de pulso.
Zeca (Eduardo Sterblitch) também se destaca justamente pelo oposto. Por ser um homem do interior, bem "jeca", como diz sua namorada Olga (Maria Eduarda de Carvalho), tem roupas tingidas, com tratamento de lavagem, com um envelhecimento, que apresentam um desgaste.
Almeida (Ricardo Pereira), embora seja vendedor da loja de tecidos como Júlio (Antonio Calloni), se veste melhor e é mais elegante, pois tem menos gastos que o amigo, que sustenta uma casa e os quatro filhos. Júlio tem mais despesas, está sempre de terno, mas não tem o mesmo patamar que Almeida.
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