Especial Dara e Herivelto – figurino

Por - 02/01/10 às 15:06

Para alcançar a semelhança com os personagens reais, os atores passaram por transformações no visual, comandadas pela caracterizadora Anna Van Steen e sua equipe. 
“O primeiro passo foi estudar detalhadamente cada personagem real. Também recorri a filmes biográficos, para entender quais os fatores mais importantes numa caracterização como essa. Concluí que era importante respeitar as personalidades de cada personagem, e não imitar a realidade simplesmente”, disse Anna.
A caracterização, assim como os ambientes, também se alteram conforme há a passagem das décadas na minissérie. 
Como Dalva inicia a trama jovem e pobre, Anna e sua equipe optaram por cabelos longos e mal cuidados. Foi feito permanente nos fios de Adriana Esteves e sua pele foi trabalhada com produtos específicos. Já na fase madura, no auge da carreira da cantora, o desafio principal foi retratar o glamour. Por isso, uma peruca foi feita à mão, com cabelos crespos como os de Dalva. No envelhecimento, fase de decadência da intérprete, outra peruca foi utilizada, dessa vez loira com raiz escura. Para esse período, a equipe de caracterização trabalhou o rosto, mãos e pescoço da atriz com próteses de látex. A partir de 1965, uma terceira peruca é utilizada, já com coloração grisalha. Adriana Esteves usa também, nesta época, uma cicatriz no rosto, em decorrência do acidente de carro sofrido por Dalva. As lentes de contato verdes dão o toque final à caracterização.
Para se transformar em Herivelto Martins, Fábio Assunção precisou tingir, cortar e ondular os cabelos. Os fios foram escurecidos na juventude e ficando grisalhos ao longo das décadas. O ator deixou o bigode crescer e o aparou constantemente, da mesma forma que Herivelto fazia. Alguns pedaços de cabelo na testa do ator foram raspados, para dar credibilidade ao envelhecimento do personagem. Uma prótese também foi colada no pescoço e na barriga do ator, para realçar o ganho de peso do personagem nos anos 70, além de manchas de senilidade e rugas falsas.
Os outros grandes cantores da época, também retratados na minissérie, foram sendo desenhados de acordo com fotos e biografias. Para interpretar Grande Otelo, o ator Nando Cunha depilou a sobrancelha. Já Fafy Siqueira ficou loira, para viver Dercy Gonçalves. Perucas também transformaram os rostos das atrizes que interpretam Emilinha Borba, Marlene, Dircinha e Linda Batista.
O FIGURINO
A caracterização se completa por meio do figurino concebido por Marília Carneiro e sua equipe. A personagem Dalva de Oliveira tem 92 trocas de roupa ao longo da minissérie e não repete nenhum modelo, por conta da passagem das décadas. Para este trabalho árduo, Marília Carneiro teve como principal fonte de pesquisa a Revista do Rádio, periódico que funcionava como bíblia para os ouvintes, tamanha sua repercussão. 
“Nós copiamos apenas um vestido que a Dalva usa quando canta no Cassino da Urca. Foi uma vontade que eu tive de fazer uma homenagem à cantora. Tenho uma foto deslumbrante dela com este vestido de lamê verde, de um ombro só. Copiamos por inteiro, mas esta foi a única peça que copiamos. O restante criamos”, contou a figurinista.
Além disso, o fã número um e melhor amigo de Dalva, Nacib, ainda guarda um acervo da cantora em sua casa. Ele levou este acervo à Central Globo de Produção e as roupas e joias reais inspiraram a equipe de figurino. 
O figurino de Dalva de Oliveira foi todo adaptado ao seu estado de espírito na cena e às músicas que canta. Alguns foram desenhados e produzidos pela equipe de figurino, outros modelos foram achados em brechós no Rio de Janeiro e em São Paulo, principalmente os vestidos de dia-a-dia.
Para o personagem Herivelto Martins, a criação do figurino foi mais livre. 
“Não seguimos muito à risca, inventamos mais. A não ser no início da minissérie, que se passa em 1972 e mostra o Herivelto andando na Murada da Urca, olhando o mar e pensando em sua história. Para esta cena, eu realmente copiei o modelo de uma foto do personagem real, em que ele está com uma capa de chuva, impermeável. Não resisti, porque era muito bonito”, contou Marília.
A preocupação era retratar um boêmio dos anos 30 e 40, um homem que gostava dos encontros em bares e de compor com os amigos. O personagem Herivelto tem cinco ternos e a principal transformação de seu visual pode ser percebida através das 14 gravatas, que acompanham as mudanças da moda. Nos anos 40 e 70, são gravatas largas; em 50, médias; em 60, finas. Os padrões das estampas também variam conforme as tendências da época. Todas foram produzidas pela equipe de figurino. 
Já Lurdes encanta Herivelto com um uniforme de comissária, quando aparece em sua primeira cena, a bordo de um avião. O figurino foi reproduzido como os uniformes das aeromoças do Real, companhia aérea dos anos 40.
O figurino, de um modo geral, obedece a uma paleta de cores estipulada pelo diretor de núcleo Dennis Carvalho. Tons quentes, como o ocre, café com leite e bege, são utilizados em todas as décadas.


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