Especial Dara e Herivelto – quem escreve

Por - 02/01/10 às 15:05

Maria Adelaide do Amaral tem um vasto currículo entre peças teatrais, novelas e minisséries. Portuguesa radicada no Brasil, a autora, nascida na cidade de Porto em 1945, veio aos 12 anos, com a família, para a cidade de São Paulo, onde cursou Jornalismo na Fundação Cásper Líbero. Por 16 anos trabalhou na Editora Abril, até que começou a escrever suas primeiras peças, que hoje somam mais de 14 obras. Estreou na televisão em 1990, co-escrevendo a novela Meu Bem, Meu Mal, com Cassiano Gabus Mendes. Seu primeiro trabalho como autora titular foi em Anjo Mau, em 1997. Depois disso, entre outros trabalhos, foi responsável pelas minisséries A Muralha, Os Maias, A Casa das Sete Mulheres, Um Só Coração, JK e Queridos Amigos. Agora, a autora embarca em um novo desafio, o de contar a história de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, um casal com uma trajetória de muitos sucessos e também de muitas polêmicas.

”Eu fui propor uma minissérie sobre a Isaurinha Garcia, e o Mariozinho (Rocha) me perguntou: ‘Por que não Dalva de Oliveira’? Abracei a ideia, imediatamente. Eu cresci cantando Que Será da Luz Difusa do Abajur Lilás, Praça XI e outras composições de Herivelto que se tornaram grande sucesso na voz de Dalva de Oliveira. Cantarolava todo o repertório, principalmente o que dizia respeito ao rompimento”, contou Maria Adelaide.

Para ela, a maior dificuldade de se contar uma história de personagens reais que ainda estão tão recentes na memória popular, é manter um olhar compassivo sobre eles.

Sobretudo sobre o Herivelto Martins. Mas, a delícia é justamente este desafio, de mergulhar na alma e na intimidade dessas criaturas. Ao longo da minha longa carreira, que começou no teatro em 1978, escrevi bastante sobre personagens reais: Chiquinha Gonzaga, Tarsila do Amaral, Coco Chanel, Juscelino Kubitschek, Yolanda Penteado, Ciccilo Matarazzo, os modernistas e toda aquela galeria de personagens das minhas minisséries históricas. A sensação que tenho é que sempre escrevo sobre personagens reais, mesmo quando são fictícios. Além disso, criei cenas e personagens fictícios para esta minissérie, toda vez que isso se tornou necessário do ponto de vista dramatúrgico”, destacou.

Maria Adelaide aponta que a cena mais difícil de escrever foi a que as crianças, Pery e Bily, são mandadas para o internato por um juiz da Vara da Família.

“Também foi bastante desconfortável escrever algumas cenas em que Herivelto mentia e agredia Dalva. Mas, havia uma dinâmica um tanto complementar (e neurótica) entre os dois. Ele foi um marido delicadíssimo para Lurdes, sua segunda mulher”, ressalta.

A autora afirma que os jovens deverão gostar da história.

“Dalva e Herivelto são bem parecidos com algumas figuras que eles conhecem bem: Courtney Love e Kurt Cobain, Nancy e Sid Vicious e outros casais contemporâneos. Muda a moda, mas a paixão, o ciúme, a traição, a mágoa, o ressentimento pontuam as relações afetivas de todos os tempos”, disse.


×