Exclusivo! Ex-BBB Morango vai fazer inseminação para ser mãe
Por Redação - 21/05/11 às 10:50
Aos 17 anos, Ana Angélica Martins Marques, quer ficou conhecida como Morango, no Big Brother Brasil, era uma garota cheia de sonhos e buscava a independência. Com o apoio dos pais, foi morar sozinha em um pensionato em Uberlândia, Minas Gerais, e passou a assumir seus compromissos financeiros através de atividades como babá, garçonete e locutora de serenata móvel. “Essas experiências todas me fortaleceram e me mostraram que eu era capaz de ir à luta sozinha e realizar meus sonhos”, conta.
Batalhadora, essa pisciana de 26 anos – torcedora fanática do Flamengo e Uberlândia Esporte Clube (UEC) – formou-se em Jornalismo e atuou em alguns veículos de comunicação em sua cidade natal. Mas ao ter um pedido de aumento de salário negado, jogou tudo pra cima e se inscreveu e participou da 10ª edição do Big Brother Brasil.
Desde então, sua carreira deu uma guinada de 360º. Tornou-se DJ – faturando um cachê dez vezes maior que seu antigo salário mensal de repórter –, passou a comandar o programa Transalouca 4.0, da rádio Transamérica e, de quebra, ainda fatura alto com as vendas de produtos, que levam seu nome, e o seu livro de contos Quebrando o Aquário. “
"Não ganhei o jogo, mas minha vida financeira mudou da água pro vinho. Hoje, em uma noite, ganho uma quantia que levaria um ano trabalhando muito. Com isso, pude realizar o sonho de lançar meu livro. Investi trinta mil, que recuperei rapidamente graças à minha popularidade. Só tenho a agradecer a Deus e aos fãs que conquistei.”
Segundo Angélica, participar de um reality show foi uma verdadeira prova de fogo em sua vida. Principalmente por saber que teria de assumir sua homossexualidade na atração.
“Fiz uma acordo com Deus: se eu entrasse eu abriria meu coração. Era uma forma que acreditava em poder ajudar outros gays que, como eu, tinham receio de magoar a família. Mas também era uma maneira de mostrar que a minha sexualidade não mudava a minha índole, o meu caráter… E juro: saí de lá me sentindo vitoriosa por ganhar o respeito da minha família”, diz emocionada.
Nesta entrevista, a ex-BBB fala ainda da intimidade, do sonho de ser mãe e festeja a decisão do Supremo Tribunal Federal em reconhecer por unanimidade a união gay. Confira!
O Fuxico: Como recebeu a decisão unânime do STF que reconheceu a equiparação da união homossexual à heterossexual?
Ana Angélica: Nada mais justo, poxa. Muitos casais homossexuais que vivem juntos há anos merecem desfrutar de direitos como pensão, herança e adoção como qualquer outro casal hetero. Qual a diferença? Foi uma importante vitória, sim. Mas essa luta ainda está no início. Em primeiro lugar é preciso acabar com esse preconceito velado.
OF: Você sofreu muito preconceito por assumir sua sexualidade?
AA: Nunca havia sofrido preconceito explícito por ser homossexual. A não ser pela minha mãe, que surtou quando soube… Levei um susto grande quando deixei o BBB. Durante um ano, eu enfrentei uma barra muito maior do que em toda a minha vida. Um exemplo: os organizadores de duas festas que eu participaria me disseram que os patrocinadores me barraram por eu ser gay. Levo numa boa e sei que na vida sempre enfrentaremos problemas. Mas acho pequeno demais uma pessoa ser julgada por sua sexualidade. Poucas coisas na vida me tiram do eixo. Isso é que não me derruba.
OF: O que realmente te abala?
AA: Ver o sofrimento de alguém e não ter condições de ajudá-la. Sempre fiz um trabalho social, ajudando financeiramente algumas instituições. Mas agora que fiquei popular também uso minha imagem para alegrar as crianças que vivem internadas em hospitais. Sei que não poderei salvar suas vidas, mas se um beijo, uma palavra, uma brincadeira pode alegrar suas vidas, por que não fazer? Eu sempre me sinto pequena diante dessas pessoas que lutam pelas próprias vidas. Digo sempre a Deus que elas são mil vezes mais fortes que eu.
OF: Você tem religião?
AA: Eu acredito e tenho muita fé em Deus. Sou de uma família de católicos e espíritas. Também aprendi muito com amigos evangélicos. Mas descobri que encontrava Deus em pequenas situações e não exatamente em uma igreja. Ele está presente na vida. E isso é o que importa para mim. Sigo o lema de que o todos os meus atos retornam para mim. Então, procuro sempre agir bem, respeitando meus limites, tendo compaixão pelo próximo… Quero ensinar isso a meus filhos.
OF: Planeja ser mãe logo?
AA: Não! É um assunto muito sério e que precisa ser decidido com muita cautela. Quero muito ser mãe. É preciso ter uma vida financeira e emocional estável. E, claro, ter o aval da minha parceira. Estou namorando há quase três meses. Ainda é cedo…
OF: Tem vontade de engravidar ou adotar?
AA: Já pensei nas duas possibilidades. Mas jamais iria a um banco de sêmen escolher o pai do meu filho. Então, poderia escolher um amigo, gay, hetero… Não sei bem. Isso dependerá da pessoa com quem eu estarei, entende?
OF: Engravidaria pelo método natural?
AA: Nem pensar. Perdi a virgindade com um cara, transei com outros. Na época até gostei, mas essa não é a minha praia. Hoje, não sinto a menor atração por homens. Quero engravidar, sim. Mas farei inseminação artificial.
OF: Qual o perfil de mulher que te atrai?
AA: Morena, bonita, inteligente, batalhadora, com bom humor e que seja fiel. Se eu notar um deslize, caio fora na hora.
OF: Diz isso por ter sofrido com alguma traição?
AA: Tive três relacionamentos de uns dois anos cada. Duas dessas pessoas foram infiéis e senti como se tivesse levado uma facada nas costas. Resolvi dar o troco em uma e não achei bacana. Quando o amor acaba é melhor cada um seguir o seu caminho. O que adianta ter uma ligação legal na cama com uma pessoa que está com a cabeça em outra?
OF: O sexo tem que importância para você?
AA: Para mim, ele representa 50% da relação. Mas as duas pessoas precisam estar bem, curtindo muito o romance. Cama é apenas o ponto final. Por isso, não gosto de sexo casual. Preciso ter muita intimidade com a garota para me entregar.
OF: Atualmente, muitas adolescentes trocam beijos em baladas. Acha que se trata de uma ‘moda’, são gays…
AA: Creio que os jovens estão reavaliando antigos conceitos, a maneira de pensar e de se comportar. Sabem que o homossexualismo sempre existiu e há uma curiosidade de experimentar. Se duas mulheres resolverem se beijar em uma balada isso não significa que são gays. Elas podem estar se dar ao direito de ver qual é essa onda. Pode ser pura curiosidade… Mas podem descobrir sua verdadeira sexualidade.
OF: Na última semana, a novela Amor e Revolução, do SBT, levou ao ar o primeiro beijo gay. O que achou dessa decisão?
AA: Adorei essa atitude corajosa de uma emissora tão família. A cena foi muito bacana, romântica de verdade. Há muito tempo o beijo gay está sendo adiado pela maior emissora do País. O estranho é que muitos novelistas são gays e não lutam por esse direito. Não se trata de levantar uma bandeira, mas sim respeitar e tratar o assunto com naturalidade. Gostaria que os gays não tivessem uma imagem caricata nas novelas, muito menos morressem em uma explosão de shopping. Já está na hora da nossa sociedade assimilar melhor o homossexualismo. E a televisão pode ajudar as famílias a ter um diálogo aberto sobre esse assunto.
OF: Como foi sua educação?
AA: Liberal. Aos 17 anos fui morar em um pensionato e depois aluguei uma casa. Nesse período, descobri minha sexualidade… Não quis contar para a minha avó, que foi quem me criou. Preferi poupá-la. Quando fui escalada para o BBB abri o jogo com o meu pai e pedi para ele contar tudo para a minha avó… (silêncio)
OF: Você se arrependeu de abrir o jogo?
AA: De jeito nenhum! Posso não ter ganho o BBB, mas conquistei o respeito da minha família. Nos três meses de confinamento, procurei ser eu mesma e minha família teve a chance de acompanhar minha postura, meus pensamentos… Vinte e quatro horas por dia! No meu primeiro paredão, meu pai levou a minha irmãzinha de sete anos sem a preocupação do que as pessoas iriam pensar. Ela é pequena e poderia sofrer bullying na escola, sei lá… Essa prova de amor me fortaleceu demais.
OF: Como é a ligação de vocês hoje?
AA: Meu pai sai comigo e com a minha namorada numa boa. Sem receio dos olhares curiosos. É tudo muito natural. Ele não imagina o quanto seu respeito me ajudou. Tirei um peso enorme das costas. Quando ainda não tinha assumido minha sexualidade, eu sentia como se estivesse fazendo algo errado. Sabe, sem o apoio da família os relacionamentos perdem a força, não duram. E eu quero encontrar alguém especial para viver a meu lado.
OF: Pensa em casar um dia?
AA: Claro! Aliás, eu e a minha futura companheira trocaremos alianças vestidas de noiva. Não sei se vamos jogar dois buquês nem se a cerimônia será realizada em uma igreja. Mas sonho em organizar uma linda festa para comemorar esse momento com a minha família e amigos. Nesse dia, serei a mulher mais feliz do mundo.
O Fuxico:
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