Fernanda Montenegro prestigia elenco do filme Zuzu, no Rio

Se Daniel Oliveira, que interpreta Stuart Angel, saiu com um nó na garganta da sessão especial do filme Zuzu, no Cine Roxy, em Copacabana, zona sul do Rio, a intérprete da personagem-título, Patrícia Pillar, se debulhou em lágrimas durante a exibição. A atriz, que normalmente é muito crítica com seu trabalho, deixou esse distanciamento de lado. Embarcou na história da figurinista que morreu tragicamente em um misterioso acidente de carro no túnel do Joá, no período em que enfrentou a ditadura militar à procura do corpo do filho que havia sido preso, torturado e morto pelo regime vigente nos anos 70.

“Chorei muito e ainda estou engasgada com o que vi na tela. Nem olhei os meus defeitos, de tão forte que é a história dessa mãe. Zuzu é o personagem mais complexo de minha carreira, por tudo que ele representa. Por retratar um momento vergonhoso da história do Brasil, pela Zuzu e o Stuart terem existido, pelo Brasil ser o que é hoje, apesar de ainda termos muita coisa a conquistar”, conta Patrícia Pillar.

Para ela, a cena mais marcante do filme de Sérgio Resende que entra em cartaz a partir de 4 de agosto, é a que fez com Daniel Oliveira em uma praça, quando a personagem imagina estar abraçada ao filho.

“Na verdade, aquilo é um desejo dela de fechar as contas, de exorcizar as culpas. Imagino o sentimento daquela mulher se achando uma mãe ausente”, destaca.

Daniel, que foi indicado para o papel de Stuart pela própria Patrícia, lembra que o filme foi emocionante tanto na hora de fazer como na hora de assistir. Ele e sua namorada, Vanessa Giácomo estavam como a maioria da platéia: assistindo ao longa, Zuzu pela primeira vez.

“É um filme altamente emocional. É uma pancada. É muito importante a história da Zuzu estar sendo levada para as telas, porque tem muito pouco tempo que tudo isso aconteceu. Acho que é uma maneira boa de dar consciência às pessoas de que o nosso País, infelizmente, enfrentou essas barbaridades. O nó está aqui na garganta. E prefiro ficar com ele, porque é um nó que não se tem como desatar”, diz o ator.

Vanessa Giácomo, que não faz parte do elenco, confessava, no final da sessão, que ainda não tinha se recuperado do que viu na tela.

“Além da força da história que o filme conta, a direção é primorosa. A gente percebe o quanto os atores se entregaram nas filmagens. O Daniel e a Patrícia eu conheço e sei que são de correr atrás dos personagens. Mas essa entrega é a comissão de frente de todo o elenco. Estou muito emocionada”.

Luana Piovani que interpreta Elke Maravilha, a modelo predileta da estilista Zuzu Angel, ia pelo mesmo caminho. Engatou um longo papo com Daniel Filho e concordou com as observações feitas pelo diretor de grandes sucessos de bilheteria atuais do cinema nacional como o filme Se Eu Fosse Você, que levou mais de três milhões de espectadores ao cinema.
Luana e Daniel ficaram muito impressionados com a maquiagem feita em Patrícia Pillar, uma vez que a personagem Zuzu é retratada dos 20 aos 54 anos.

“Para mim o trabalho da Patrícia é tão forte quanto o que o Daniel Oliveira fez no filme Cazuza, ao passar por todas as transformações visuais do roqueiro desde quando era saudável, depois quando fica doente e até a morte. Só que o Cazuza era um músico, sua história era mais recente. Mas essa Zuzu da Patrícia Pillar vai ficar no coração de todos nós”, resume Daniel, com total concordância de Luana Piovani.

Filha de Zuzu sai chorando da sala de exibição

A jornalista Hildegard Angel assistiu na sala 2 do Cine Roxy o filme sobre a vida de sua mãe, Zuzu Angel, que, de certa forma, também retrata a história de toda a família. E saiu do cinema chorando.

“É um filme muito bonito e historicamente preciso. Fico com uma sensação de tristeza, misturada a uma saudade confortável por estar falando da vida da minha mãe no meio de tantos amigos. O filme é uma homenagem justa e não foi tardia”.

Hildegard, o elenco e a direção de Zuzu foram abraçados por vários amigos, como as atrizes Fernanda Montenegro, Tônia Carrero, Marília Pera, Teresa Rachel e a viúva de Roberto Marinho, dona Lily Marinho.