Fernanda Torres: “O que me instiga são bons personagens”
Por Redação - 14/04/13 às 10:15
Ser exclusivo da linha de shows de uma emissora costuma ser uma posição desejada por diversos atores. Primeiro, porque sobra mais tempo para se dedicar a projetos paralelos quando não se vive a rotina intensa de gravações de uma novela. E também porque, normalmente, o espaço entre uma temporada e outra de série funciona como certo respiro para as tramas.
Mas Fernanda Torres sabe que, no caso de Tapas & Beijos, não é bem assim que acontece. O programa, desde o início, recebeu peso especial, com espaço garantido na grade da Globo por todo o primeiro ano. E agora, em sua terceira temporada na pele da aloprada personagem Fátima, segue em ritmo quase de período escolar, com aproximadamente 40 episódios por ano.
"É o terceiro ano de um mesmo problema. É claro que precisamos cuidar para não cansar. Mas o legal é que fazemos com o peso de quem repete isso ao longo desse tempo. Cria uma ânsia nesses personagens de quem não sai do mesmo lugar", avalia.
Fernanda defende ainda que, apesar de ser um programa de humor, a série tem características que se aproximam bastante de uma novela. O que, de alguma forma, ameniza a distância de sua carreira do gênero folhetinesco. Estilo do qual, aliás, garante não ter nada contra. E afirma, inclusive, que pode integrar o elenco de uma novela no futuro, caso não esteja comprometida com outro trabalho.
"Tenho feito mais televisão do que cinema nos últimos anos e não diferencio as oportunidades. O que me instiga são bons personagens", frisa.
O Fuxico: Tapas & Beijos era, inicialmente, uma série sobre mulheres que sonhavam se casar, mas não conseguiam. Sendo que, já na primeira temporada, esse desejo se realizou. Começar a terceira temporada com as personagens separadas favorece você?
OF: O que eu achei legal nessa série é que tem algo de novela, com uma estrutura que faz uma curva. Claro que parecia estranhíssimo um programa sobre descasadas que, no final do primeiro ano, se casavam. Mas, no fundo, isso foi incrível. Não tiveram medo de arriscar. Desse jeito, o segundo ano marcou a desgraça do casamento. São personagens adultas, quando é muito difícil lidar com o casamento, dividir a vida. Acho que esse é um problema dos dias de hoje. O legal agora é mostrar que o conflito delas não é não conseguirem casar, mas sim não conseguirem ficar casadas. E tem a volta delas para as raízes, o que favorece demais a gente.
OF: Por quê?
FT: Do ponto de vista da dramaturgia, acho mais interessante duas personagens que precisam pegar um ônibus para chegar em casa. Que têm de sair cedo, com mais fatores complicadores. Isso deixa elas mais duras. Gosto quando Fátima e Sueli têm problemas para pagar contas, perdem celular, mostram que a vida delas é uma bosta! (risos)
OF: Muitos atores preferem fazer séries a novelas por se tratarem de projetos curtos. Mas vocês ficam no ar o ano inteiro. Compensa deixar novelas de lado e se dedicar à linha de shows nesse esquema?
FT: É verdade, a gente brinca que aqui é igual a ano letivo. Mas o que vale a pena são os bons papéis. Tive uma experiência bem legal em Os Normais e lá foram três anos, no mínimo, para que o público passasse a me chamar pelo nome da personagem. As novelas vão ao ar todos os dias, têm uma entrada mais maciça. A vantagem é que você fecha ela em um ano. Aqui já temos dois anos de um trabalho não tão violento, mas que, ao longo de 24 meses, é bem grande. São situações diferentes. Não penso em vantagem, o que quero é estar em um bom projeto.
OF: Você não pensa em fazer novelas?
FT: Não tenho nem como pensar. Estou nesse projeto e não tem data para se encerrar. Mas a gente não fala que quer uma novela, um seriado ou um filme. Isso é ilusão. Damos graças a Deus de lembrarem da gente para qualquer uma dessas situações. E eu não separo isso. Estou fazendo tevê, é o que importa.
OF: Mas chega a receber convites para novelas?
FT: Recebi há um tempo para fazer uma participação, mas não podia aceitar porque estava em Os Normais. Depois, fui me envolvendo em outros projetos fora da tevê e, quando estava acalmando, veio o convite para Tapas & Beijos. Atualmente, faço muito menos cinema e mais tevê do que já fiz em toda a vida. Mas estou aproveitando as oportunidades. Faço tevê e em um espaço privilegiadíssimo. É claro que se amanhã eu não estiver comprometida com um projeto e me chamarem, vou olhar com carinho. Da mesma forma que olho para o cinema e teatro.
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