Fernanda Vasconcellos: “Não sou ansiosa, dessas que querem tudo para ontem”

Por - 18/08/13 às 10:07

Luiza Dantas/ Carta Z Notícias

Fernanda Vasconcellos diz que personagem a faz refletir e encontrar seu lugar no mundoInterpretar mocinhas é uma grande responsabilidade para qualquer atriz. Mas Fernanda Vasconcellos mostra uma tranquilidade impressionante quando discorre sobre seu trabalho ela faz a engajada Malu, de Sangue Bom. É verdade que ajuda dividir o peso de protagonista com cinco colegas Sophie Charlotte, Isabelle Drummond, Marco Pigossi, Humberto Carrão e Jayme Matarazzo. Mas a atriz é uma das poucas de sua geração que pode se considerar uma expert na função. Em oito anos de tevê, ela já viveu heroínas românticas em seis folhetins.

"Para quem está de fora, pode até parecer que é a mesma coisa sempre. Mas o processo criativo é totalmente diferente de um trabalho para outro. A Malu, por exemplo, me proporciona experiências e reflexões que não imaginava que a tevê me trouxesse", avalia. 

Tamanha empolgação está diretamente ligada ao altruísmo da personagem. Filha da conhecida atriz Bárbara Ellen, vivida por Giulia Gam, e acostumada a viver no luxo, Malu decide dedicar sua vida às causas sociais e, com isso, destoa por completo da irmã Amora, de Sophie Charlotte. Um contraste que marca bastante a crítica que a trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari faz à busca incansável pela fama que a internet ajudou a criar.

"Vivo em um mundo recheado de gente que faz qualquer coisa por seus 15 minutinhos de exposição. Acho o momento excelente para levantarmos essa discussão", analisa. 

Para interpretar Malu, Fernanda foi além de pesquisar, ler e ver filmes a respeito do trabalho voluntário. A atriz sentiu necessidade de vivenciar os sentimentos que motivam sua personagem a agir de forma diferente da mãe e da irmã. Acabou conhecendo duas ONGs que trabalham com crianças: a Associação de Apoio à Criança com Câncer e a Casa do Zezinho, espaço para crianças e jovens carentes. Lá, conviveu com voluntários e, principalmente, com o público atendido por eles.

"Essa convivência foi especial na minha vida. Até transformadora. Tive a oportunidade de perceber melhor o meu lugar no mundo. A gente só faz a nossa parte quando, de fato, participa daquilo", conta. 

Foram três meses de estudos, frequentando esses lugares. Aproveitou também para ler alguns textos do educador e filósofo Paulo Freire. Mas outro detalhe foi de grande importância para Fernanda na hora de construir a personagem. Desde quando interpretou a tenista Ana de A Vida da Gente, a atriz é adepta da psicanálise nas suas preparações.

"É importante me livrar de quem sou para mergulhar na história", explica Fernanda, que também contratou a coach Helena Varvaki para trabalhar a expressão corporal de Malu. 

Apesar de sempre ser lembrada para personagens acima do bem e do mal, Fernanda garante não sentir falta de experimentar tipos de índole duvidosa. Entretanto, não esconde que essa oportunidade seria bem-vinda.

"Não sou ansiosa, dessas pessoas que querem tudo para ontem", diz.

Para a atriz, o mais importante é não ficar estagnada ou se deixar levar pelos rótulos que cada papel ganha.

"Às vezes, a gente se fecha em bolhas. Busco trabalhos que estimulem meus recursos, não importa se são mocinhas ou vilãs. Prefiro me inspirar na vida real e tratar qualquer papel como humano, capaz de acertar ou errar", filosofa. 

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