Figurino de O Tempo não Para mexe com o contemporâneo e o clássico

Por - 30/07/18 às 07:35

Divulgação/O Tempo não Para/TV Globo/João Miguel Júnior

As equipes de figurino e caracterização estão trabalhando para evidenciar as singularidades entre os núcleos “congelado” e “contemporâneo” e o choque proveniente do encontro entre personagens de séculos diferentes. A figurinista Paula Carneiro adotou cores mais vivas e quentes para a família Machado e seus agregados, enquanto os personagens de 2018 seguem uma linha com cores mais sóbrias.

Já a caracterizadora Juliana Mendes dá ênfase às diferenças principalmente através de penteados, cortes e tatuagens.

“Para conceituar a caracterização, o exercício era imaginar, o tempo todo, o que pessoas do século XIX pensariam se vissem pessoas do século XXI. O visual dos personagens contemporâneos é bem representativo das mudanças que ocorreram nesses 132 anos”, pontua Juliana.

Por isso, a equipe explora cabelos mais curtos para as mulheres, o que era improvável em 1886, além de cabelos coloridos e raspados.

Como a novela parte de uma premissa improvável e tem muito humor, foi possível contar com uma licença poética e não se prender tanto às referências da época.

“É uma novela bem colorida e buscamos uma alegria nos trajes dos congelados”, explica a figurinista Paula Carneiro.

Entre os “congelados”, há muita textura, xadrez e listras misturadas no mesmo look. O patriarca Dom Sabino (Edson Celulari) usa roupas com estilos mesclados. A gravata e a calça são xadrez, mas de padrões diferentes. A protagonista, Marocas (Juliana Paiva), é dona de uma personalidade forte e isso fica perceptível no visual dela.  A maioria das mulheres da época usava “anquinha”, uma espécie de armação sob as saias para dar volume, mas ela não é adepta desse artifício.

“Marocas não é uma mocinha, ela foi criada igual a um homem pelo pai. Queríamos que ela tivesse uma personalidade, uma força e uma beleza muito exclusivas”, conceitua Paula.

Isso também fica marcado na caracterização de Marocas, que, já em 1886, tem uma postura mais moderna, de vanguarda.

“Trabalhamos com tranças mais soltas e largas. Na época as mulheres usavam o cabelo preso, então isso já é um sinal da independência dela”, comenta Juliana Mendes.

Peças em couro colorido são marca de Marocas. Uma das composições é casaco de couro azul, saia pintada a mão, corset de couro vinho e pochete. Ela também usa muito obi, uma faixa típica japonesa, de couro. Já em 2018, um tempo depois de descongelar, Marocas vai inserir algumas peças modernas ao visual. Ela vai seguir uma linha vintage, misturando alguns elementos de brechó com outros modernos, sem perder sua essência. Há também a mistura de rendas, tules e muitos tecidos que eram usados no século XIX com releitura atual.

Também no século XXI, todo o engajamento social e estilo de vida sustentável de Samuca (Nicolas Prattes) se refletem em sua forma de se vestir. Ele preza pelo conforto acima de tudo: calça de sarja, camiseta e sandálias de cortiça.

“Ele traz seu ideal de vida para o visual. Samuca tem um lado mais cool, descolado, de não dar tanto valor para a estética”, explica Paula. Já Carmen (Christiane Torloni), sua mãe, é uma mulher cosmopolita e moderna, que com um simples blazer e uma camisa deixa seu charme e sensualidade visíveis. Betina (Cleo) tem um estilo mais clean. É adepta de casaco com pele falsa, sapatos sem salto e roupa de veludo molhado. A diferença entre Marocas e Betina é evidente no figurino e também na caracterização. Enquanto Marocas tem um cabelo longo, Betina usa um corte curto e com mechas mais claras. Para a personagem, Juliana Paiva escureceu as madeixas e colocou mega hair, enquanto Cleo cortou e clareou os fios.

Já para o núcleo da pensão de Coronela (Solange Couto), na Freguesia do Ó, Paula conta que vai adotar muita sobreposição com estampas e listras, destacando a alegria única daquele espaço. Da Freguesia do Ó para o Jardins, a estilista Zelda Larocque (Adriane Galisteu) tem um estilo que se destaca. Ela se expressa de forma retrô e rock’n’roll. Usa peças rasgadas e com inspiração no Festival de Woodstock.

Outro elemento de caracterização que marca a diferença entre épocas é a tatuagem, que no século XIX era usada apenas por piratas e presidiários. Isso causará um enorme estranhamento – e muitas confusões – por parte dos “congelados” diante de personagens como Elmo (Felipe Simas) e Betina (Cleo), que têm diversas tatuagens visíveis.

A equipe de Juliana Mendes também teve um cuidado para tirar marcas de vacina dos “congelados”. Quando eles ficam na cápsula de criogenia, há uma maquiagem para deixá-los com o rosto mais pálido, afinal, não viram a luz do sol por 132 anos.

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