Filhos de Gugu Liberato relembram adeus ao apresentador
Por Redação - 23/11/20 às 00:10
O Domingo Espetacular deste domingo (22) exibiu reportagem especial em homenagem a Gugu Liberato. Esta é mais uma ação, que envolveu Hoje em Dia, Balanço Geral SP, Jornal da Record e Câmera Record, para marcar o primeiro ano de seu falecimento, no dia 21 de novembro de 2019.
O apresentador Eduardo Ribeiro conversou os filhos de Gugu, João Augusto, Sofia e Marina. Esta é a primeira vez que eles concederam uma entrevista exclusiva desde o acidente que tirou a vida do pai. Eles contam que, como cresceram fora do Brasil, não tinham noção do tamanho da sua fama, e que ficaram surpresos ao descobrir o quanto ele era querido no país.
Antes de falar com os meninos, foi momento de ouvir a palavra de dona Maria do Céu, mãe de Gugu. Eduardo levou de presente para ela um vaso de orquídea, assim como seu filho famoso fazia com seus entrevistados.
“Ele sempre quis que eu estivesse perto dele. Às vezes eu não acredito que ele já não está aqui. Todos os dias eu vou no meu altarzinho e rezo, rezo, choro…muitas saudades”, contou.
Dona Maria revelou o último momento que estiveram juntos, antes de Gugu viajar para os Estados Unidos
“Ele foi lá para o meu quarto e ficou lá acho que umas 3 horas. Sentado lá, a gente conversado. Aí ele se despediu de mim e me deu um beijo. Ele falou: ‘Tchau!’. Ele já estava saindo do quarto e eu chamei ele de novo. ‘Olha que coisa, nunca aconteceu isso!’. Eu falei: ‘Quero te dar mais um beijinho!’. Parece que ele estava adivinhando”, relembrou.
Eduardo contou que ela, inicialmente não queria autorizar a retirada dos órgãos do filho para a adoção, pois achava que o corpo dele ficaria deformado. Porém ela foi convencida que isso não aconteceria e ficou feliz com o que aconteceu.
“Foi a melhor coisa. Salvou 50 pessoas”, falou.
Depois foi momento de falar com os três sobre o ato do pai em doar seus órgãos. E eles ficaram felizes em poder cumprir a vontade do pai.
“O fato da gente estar realizando um desejo dele conforta muito nossos corações, porque é um modo de deixar ele orgulhoso. Continuar o que ele quis durante a vida”, disse João.
“Sim, eu sinto que ele está alegre com a gente, lá em cima, tenho esse sentimento, porque a gente está fazendo um sentimento dele. É uma coisa que ele sempre fez: ajudar pessoas, desde pequeno. Então eu sinto que ele estaria muito orgulhoso da gente”, falou Marina
“Sim, verdade, a gente nunca poderia imaginar que ia ser isso. Doando os órgãos para mais de 50 pessoas, acho que isso foi um ato muito lindo e ele sempre tinha isso de ajudar muito as pessoas”, revelou Sofia
Os três puderam também contar como foi a vinda deles para o Brasil para velar e enterrar o corpo do pai.
“Não tenho palavras. A gente chegou desacreditado no que estava acontecendo. Nem tinha noção. No avião a gente foi quieto…só muito estranho em saber o que estava acontecendo”, disse Sofia.
“Era uma coisa que não parecia realidade”, contou Marina
“Uma coisa que me deixou bem surpreso foi a quantidade de pessoas que estavam no cemitério. As pessoas na rua dando tchau, dando suporte pra gente…isso foi lindo”, falou João.
“A gente viu São Paulo inteira assim”, completou Marina
“Eu nem sabia que tinha tantas pessoas que adoravam ele”, se surpreendeu Sofia.
“Aliviou a dor”, finalizou João.
Eles também falaram sobre a gratidão estampada no rosto das pessoas naqueles momentos difíceis.
“Sim, as pessoas querendo ajudar a gente a ficar mais felizes e fortes e gritando: ‘Fica forte!’. Isso eu achei muito bonito o que eles estavam fazendo por toda a nossa família”, lembrou Marina.
“A gente via que ele era adorado aqui no Brasil, mas a gente não sabia de tudo isso…quanto que ele ajudou tantas pessoas. A gente sabia que ele ajudava, mas não dessa forma tão grande”, disse Sofia.
O programa quis saber de João como foi a emoção se subir no carro dos bombeiros no momento em que o cortejo com o caixão com o corpo do pai passou pelas ruas de São Paulo.
“Fiz questão de entrar no carro dos bombeiros e trazer o caixão do meu pai. Eu queria ver as pessoas na rua. Eu queria sentir o que elas estavam sentindo e ficar perto delas porque, de um jeito ou de outro elas estavam sentindo a mesma coisa que eu estava sentindo…Foi por isso.”
Os meninos contaram como era a vida deles nos Estados Unidos junto do pai e do anonimato que conseguia manter por lá.
“A gente ia a um restaurante que ele amava. As vezes alguma pessoa falava …”, falou Sofia.
“Era um restaurante japonês, mas brasileiro. Nos Estados Unidos não tem isso”, completou Marina
“Ele era uma pessoa muito privada e sempre queria privar a gente de tudo. Ele gostava de viver uma vida não de famoso com a gente, mas uma vida de pai, uma vida amorosa, simples…”, disse João.
E o que eles têm de semelhança com o pai?
“Desde pequena sempre diziam que meu pé e da Sofia é muito igual ao do meu pai. Idêntico, um pãozinho”, revelou Marina
“As pessoas me falam que pareço bastante com meu pai na voz e até no meu jeito de ser um pouco privado. Pessoas falam que eu sou bem parecido com ele e eu tenho muito orgulho disso”, contou João
E como era o papai Gugu Liberato ajudando os filhos nas tarefas escolares?
“Eu sempre fui muito bom em matemática. Sempre gosto de pensar em coisas práticas e rápidas. Eu gostava bastante de matemática e ele me ajudava. Era super legal trabalhar em projetos de escola com ele. Ele gostava de estar comigo. Ele gostava de me ajudar. Era sensacional”, revelou João.
“Mesmo quando eu esquecia das coisas ou não sabia, ele sempre ajudava a gente pesquisando e tudo mais”, disse Marina
“Lembro de uma lição de inglês que eu pedi para ele me ajudar…Ele pesquisava para mim, mas ele são sabia falar a pergunta que eu estava fazendo, mas ele sempre tentava. É o máximo tentar ajudar assim”, falou Sofia.
E João revelou que pode seguir os passos do pai na televisão
“Sempre quando ia visitar meu pai no trabalho, era muito legal. Eu olhava as câmeras, olhava as pessoas vendo meu pai entrando…eu sentia maior orgulho disso. Uma vez eu fui entrevistar o Leonardo e foram 10 segundos e eu adorei. Falei dessa esperança de um dia poder trabalhar na TV é porque eu realmente gostei de participar e estar ali ao lado meu pai.” As irmãs aprovaram que ele leva jeito.
Os três aproveitaram para falar sobre o pai parar de trabalhar e ficar mais tempo com a família
“Toda minha vida ele sempre apoiava a união da família. A gente tinha almoços em família todos os domingos. A gente sempre saía em família. Era muito unida. E ele adorava o trabalho. E tinha vezes que eu até falava para ele: ‘Pai, quando você vai se aposentar para ficar mais tempo com a gente?’ E ele falava: ‘Ah filho…vamos ver, vamos ver’”, disse João.
“Ele falava que tentava, mas não conseguia, porque ele ficava na casa sem fazer nada e precisava fazer alguma coisa, que ele amava trabalhar. Perguntei pra ele se não tinha medo de apresentar o programa, se tem frio na barriga? E ele dizia que sempre sentia, mas no final ele sempre amava”, revelou Sofia
“Ele falava que amava todos os programas dele. As vezes falava que ficava cansado, quando chegava de noite e com falta da gente, mas ele não conseguia ficar sem o trabalho. Era a vida dele… e a gente, lógico! Ia sempre visitar a gente e contava as novidades do trabalho”, falou Marina.
Eduardo perguntou como vai ser a comemoração do Natal neste ano.
“Ano passado eu vim passar o Natal aqui com nossa família e vai sempre assim. Tradição que ele criou e que nossa família sempre teve, que é a união. Então sempre vai ser desse jeito. A mesma coisa que fazemos todos os anos: juntar a família. Ter um jantar. Passar o Natal e comemorar o aniversário delas (irmãs)”, falou João.
“Aqui na casa da minha avó mesmo. Tem nossos primos. Alguns que moram fora, no Canadá. Eles estão vindo para cá para passar todo mundo junto”, revelou Marina.
“Uma coisa que ele sempre falava era que: ‘Amigos passam, as pessoas que você conhece passam, mas a família sempre está com você. Família sempre vai te dar apoio.’ Ele falava que a gente ia levar o caixão dele, que nossos filhos iam levar os nossos e que família é tudo”, disse João.
A reportagem perguntou se Gugu chegou algum dia a prepará-los para as perdas de pessoas queridas.
“Só a perda do nosso avô, mas a gente era muito pequeno. A gente via a dor que ele sentia cada vez que falava nele. Depois que se passou muitos anos que nosso avô, pai dele, morreu ele ainda sentia essa dor. Então a gente conseguiu aprender um pouco com isso, que a dor sempre vai estar lá”, contou Marina.
“Vai doer sempre, mas a gente sabe que ele está lá, sempre pra gente olhando lá do céu.”, disse Sofia.
“Essa dor eventualmente vai se transformar em saudade, em memórias boas, que é o que resta”, revelou João.
E como foi o último contato de cada um antes do fatídico acidente.
“Quando ele chegou em casa, ele foi bater na porta do meu quarto. Eu estava fazendo uma lição muito importante e ele falou: ‘Filha, vem cá me dar um beijo’. Eu fui e lembro que dei um abraço nele muito forte e falei: ‘Pai te amo! Que saudade de você’. E essa foi minha última vez.”, disse Sofia.
“A última vez que eu falei com ele foi quando ele chegou em casa do aeroporto. Eu desci do meu quarto, ele estava dando um beijo na Sofia. Eu faei: ‘Oi, pai’. Abracei ele bastante tempo. E depois ele foi falar com a Marina. Depois ele foi até a cozinha e falei: ‘Pai, vou tomar banho. A gente vai fazer alguma coisa hoje a noite? E aí eu subi’. Entre lágrimas João lembrou que aquele jantar acabou não acontecendo: “Nunca!”.
“Comigo foi quase a mesma coisa que com a Sofia. Ele entrou no meu quarto e eu estava fazendo lição de casa. Lembro que estava muito difícil aquela lição. Ele entrou no meu quarto e eu fui correndo abraçar ele, porque estava com muita saudade. Lembro que ele me falou ‘boa noite’ normal, e falei que amava ele. Aí ele falou: ‘A gente se vê amanhã’ e essa foi a última frase que eu lembro dele falando”, contou Marina.
E terminando a entrevista, João deixou uma bonita homenagem sobre a vida e como precisamos olhar para ela como algo muito passageiro.
“Antes de ele ter ido para os Estados Unidos, a gente tinha ido para Portugal, para comemorar o aniversário da minha avó de 90 anos. A gente nunca tinha feito isso, nunca tinha ido para Portugal, e foi uma coisa que ele sempre quis. Foi a única vez na nossa vida que estava toda a família reunida, as amigas da minha avó, as amigas do meu pai…E passou 1 mês, ele queria vir para os Estados Unidos pra matar saudades da gente. E foi quando que ele veio e aconteceu. A vida passa, muito rápido, e a gente tem que aproveitar todos os momentos com as pessoas que a gente ama. É muito importante a união da família, e é isso que ele sempre motivava a gente a fazer."
Ao final, eles foram presenteados com um quadro com o molde das mão de Gugu Liberato.
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