Fracassa a campanha de arrecadação de fundos em prol de Joãosinho Trinta

Após quase um mês do pedido público para que os amigos de Joãosinho Trinta se cotizassem para ajudar no pagamento de suas despesas hospitalares, o empresário do carnavalesco, Henrique Arthur de Souza, diz não ter obtido resultado. Por isso, ele está empenhado em conseguir, de outras maneiras, a quantia de “quase R$ 200 mil” para quitar a dívida com o Pró-Cardíaco. O artista esteve internado no referido hospital de Botafogo, zona sul carioca, por 20 dias, em julho último, em conseqüência das seqüelas provocadas por um segundo Acidente Vascular Cerebral (AVC), ocorrido em novembro de 2004.

“Apenas dois depósitos, nos valores de R$ 30 e R$ 50, que somam R$ 80, foram feitos na conta do Joãosinho. Não queremos mais insistir nessa forma de arrecadação de fundos”, revela o empresário a OFuxico, diretamente de Brasília, onde o carnavalesco se encontra em tratamento na Rede Sarah, um hospital público.

Henrique Arthur de Souza detalha as outras maneiras pelas quais pretende conseguir dinheiro para quitar a dívida com o Pró-Cardíaco. “Vamos tentar viabilizar um show beneficente no Rio, mas ainda não posso citar nenhum nome envolvido nessa iniciativa. E também patrocínio para o lançamento do livro Joãosinho Trinta, O Senhor dos Carnavais, de minha autoria, uma vez que o projeto foi contemplado pela Lei Rouanet, que autoriza a captação de recursos para a sua edição. Se tudo sair dentro do esperado, em outubro o livro estará sendo lançado”.

Decepção com samba e políticos

O empresário de Joãosinho Trinta, carnavalesco que sempre foi respeitado no mundo do samba, não esconde sua decepção com o mundo do samba e da política. E desabafa:

“O pessoal do samba de São Paulo andou falando que vai colaborar. Do Rio de Janeiro, ninguém se manifestou, nem ligado ao samba nem à política. É o tal negócio, se ele tivesse morrido, muita gente iria disputar a alça do caixão ou iriam liberar o Teatro Municipal ou o saguão do Palácio Guanabara para o corpo ser velado. Mas Deus é pai e o Joãosinho é forte. Tenho certeza de que vamos conseguir pagar a dívida com o hospital, que me liga constantemente, e eu peço para aguardar. O Pró-Cardíaco não exigiu cheque no momento da alta, porque sabia que o mesmo não teria fundos”, diz, sem qualquer pudor, Henrique Arthur de Souza.

Joãosinho é dono de um invejável currículo, que passa por títulos na Beija-Flor de Nilópolis e na Viradouros de Niterói. Com sua criatividade, a Grande Rio de Duque de Caxias conseguiu boas colocações. Nos anos 80, se aventurou pelo Carnaval de São Paulo, realizando desfiles suntuosos para a Peruche, que nunca foram bem entendidos pelos jurados paulistanos. À época se atribuía os maus resultados da agremiação da Casa Verde à rivalidade existente entre Rio e São Paulo, o que impedia Joãosinho Trinta de se sagrar campeão na Terra da Garoa.

O carnavalesco sofreu um segundo AVC dentro do barracão da Vila Isabel, em 2004, quando preparava o enredo que a escola levaria para a Marquês de Sapucaí, no ano seguinte. O primeiro AVC foi em 1997, quando levou a vermelho-e-branco de Niterói a conquistar seu único titulo do grupo de elite do Carnaval Carioca.

Este ano reapareceu no Sambódromo do Rio, utilizando uma cadeira de rodas motorizada, justamente abrindo o desfile da azul-e-branco da terra de Noel Rosa, que se consagraria a grande campeã. Até a feijoada da vitória, realizada em um hotel cinco estrelas da zona sul, no sábado do Desfile das Campeãs, seu nome era citado pelos dirigentes da Vila Isabel até mais que o do carnavalesco vitorioso: Alexandre Louzada. Posteriormente, quando começou a dança das cadeiras dos carnavalescos, Joãosinho que já teria até um enredo elaborado, chegou a ser citado como o provável responsável pelo carnaval da Estácio de Sá, que retorna ao grupo especial em 2007.

Nada disso se confirmou e o carnavalesco voltou a se tratar na Rede Sarah em Brasília, de onde recebia altas temporárias e costumava viajar ao Rio de Janeiro, até que em julho voltou a passar mal e se internou no Pró-Cardíaco. No momento, segundo seu empresário, Joãosinho que voltou para o hospital da Capital Federal no dia 31 de julho, está em franca recuperação. E apesar de manter, por alguns períodos diários, um aparelho na traquéia para facilitar a respiração, ele já se alimenta de papas e mingaus, consegue ficar sentado, mas apresenta dificuldade na fala.