Freira brasileira perseguida por ser bonita aciona justiça italiana. Entenda!
Por Flavia Cirino - 30/06/2025 - 10:40

A freira brasileira Aline Pereira Ghammachi, de 41 anos, foi destituída do cargo de madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, localizado na região do Vêneto, norte da Itália, após ser acusada de má-conduta no comando da comunidade religiosa.
Aos 34 anos, a freira brasileira Aline foi alçada a um posto de destaque em 2018: tornou-se abadessa, responsável por quatro mosteiros na Itália.
No entanto, sua rápida ascensão provocou incômodo, segundo a própria religiosa. O abade geral Mauro Giuseppe Lépori, de acordo com o relato da freira, não teria aceitado bem sua presença à frente das casas religiosas. Até mesmo a aparência física da religiosa – citada como “bonita demais” – se destacou na carta.
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“Desde sempre, a questão de ser jovem, de ser bonita, tudo isso já pesava”, contou. Conforme afirmou, esse cenário logo se tornou hostil. “Era um contexto mais para ridicularizar.”
A defesa de Irmã Aline, conduzida pela advogada Esraíta Delaias, alega que as acusações carecem de base legal. “Tem que ter uma decisão que comprove esses fundamentos com base em fatos, documentos e testemunhas e é isso não tem.”
Acusação à freira enviada ao Papa Francisco
Em janeiro de 2023, uma carta sem assinatura chegou ao Vaticano. O documento, encaminhado diretamente ao Papa Francisco, acusava Irmã Aline de abusos psicológicos e manipulação dentro do mosteiro onde vivia com 18 religiosas.
A denúncia anônima deu início a visitas de inspeção e levantou suspeitas sobre sua conduta.
Contudo, monjas que conviveram com ela contestam essa narrativa. Uma delas, Gabriela, rebateu as alegações: “Para mim, Madre Aline é uma mãe da igreja, é equilibrada, não é manipuladora.”
As acusações se estenderam ao setor financeiro. Porém, uma perícia encomendada pelo próprio abade geral isentou a brasileira de qualquer irregularidade. A freira destacou a conclusão do perito:
“O perito deu os parabéns pela transparência das contas dos nossos mosteiros.”
Produção de prosecco, fuga e batalha judicial
Entre os pontos que incomodaram a liderança eclesiástica, destacou-se a comercialização de uvas para prosecco, realizada por decisão de Irmã Aline. De acordo com ela, a medida buscava a autossuficiência econômica. “Tudo o que fizemos foi para buscar a autonomia do mosteiro.”
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Após a morte do Papa Francisco, em abril, a freira deixou o mosteiro. No dia seguinte, cinco monjas abandonaram a clausura e seguiram com ela. Uma das religiosas revelou a tensão vivida: “Nós nos sentimos tratadas como se fossemos mafiosas, vigiadas como num campo de concentração.”
Irmã Aline segue lutando para provar sua inocência. Ela e as outras religiosas contestam as decisões na Justiça vaticana. Segundo declarou, “lutar pela verdade é algo cristão. Pretendo ir adiante até provar que essas acusações não são verdadeiras.”
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino

























