Fulvio Stefanini: “Fazer muitas coisas ao mesmo tempo é puxado”

Por - 25/08/13 às 15:41

Luiza Dantas/ Carta Z Notícias

Sem se esquecer do passado, Fulvio Stefanini é do tipo que valoriza sempre seu momento atual. Isso não se justifica apenas com a empolgação do ator com Denizard, seu personagem em Amor à Vida. Mas também com o prazer que ele ainda sente em trabalhar na tevê, mesmo estando em sua 43ª novela.

Fulvio Stefanini: "As histórias estão mais ágeis, as tramas recheadas de reviravoltas e o público sempre ávido por novidades. Sou testemunha e sobrevivente da evolução tecnológica pela qual a televisão passa", analisa.

Do alto de seus 73 anos e cheio de vigor, Fulvio sente-se um privilegiado por ser pago para fazer o que mais gosta: atuar. E ainda ter em mãos um personagem como Denizard, um típico paulistano na corda bamba entre o drama e a comédia escrachada. Tipo bem ao gosto dos ltimos trabalhos do ator em novelas como Alma Gêmea e Chocolate com Pimenta, ambas sob o texto de Walcyr Carrasco, autor que também é responsável pela atual novela das nove.

"Conheço o Walcyr há mais de 30 anos. Quando recebo o roteiro, sei que ele escreveu pensando em mim, na minha entonação e no que eu posso oferecer ao papel. Isso muda o jeito com que encaro o trabalho", valoriza.

Para Fulvio, em comparação aos personagens anteriores, a grande diferença no tom cômico de Denizard está no fato de Amor à Vida ser contemporânea, o que o leva a uma atuação mais naturalista.

"Ele não tem recursos de humor, como bordão ou tiques. A graça vem do comportamento. O núcleo é todo assim", destaca o ator, dizendo-se surpreso com o que descobre sobre seu personagem a cada capítulo.

"Existe um mistério muito grande por trás dos núcleos centrais de Amor à Vida. Está tudo interligado e a gente vai desvendando isso quase que junto com o público", entrega.

O fator obra aberta das novelas, inclusive, modifica o trabalho de  Fulvio. Se no teatro e no cinema ele se deixa envolver por uma imersão maior no universo de cada papel, o processo na tevê é diferente. Baseado no texto e em sua intuição, o ator foi construindo aos poucos as ambiguidades do personagem.

"É claro que traço um ponto de gestual e sotaque, mas deixo o personagem livre e a serviço dos acontecimentos", detalha.

Natural de São Paulo e apaixonado pela cidade, o ator afirma que um dos pontos principais para acertar sua participação em Amor à Vida é a predisposição da novela em fazer um retrato do local, com sua beleza concreta e evidente desequilibrio social.

"Está tudo lá. A periferia, os falidos, os ricos. São Paulo é um mosaico do Brasil e rende cenas belíssimas", gaba-se.

Extremamente associado ao teatro paulistano, por conta de sucessos nos palcos como Caixa 2 e Meno Male, Fulvio faz questão de lembrar que sua origem é a televisão. O primeiro contato com a atuação foi em meados dos anos 1950, em especiais da extinta TV Tupi. Nos primeiros anos de carreira, acumulou personagens galãs em tramas como Minas de Prata, da Tupi, e Quarenta Anos Depois, da Record. A partir de 1973, Fulvio destacou-se na Globo, em novelas como Carinhoso, e sobretudo, Gabriela, de 1975, onde viveu o icônico garanhão Tonico Bastos.

"Gabriela foi um trabalho importante como um todo. Marcou a vida de todos do elenco e da equipe", conta.

Com passagens também pela extinta Excelsior, SBT e Band, está em Fulvio uma típica inquietação dos grandes intérpretes, sempre na ânsia por novas possibilidades.

"Já fiz de tudo um pouco e acho que trabalhar com diferentes autores e diretores só fez bem à minha atuação. Eu deixei de ser galã para ser ator. E isso só aconteceu porque me arrisquei", justifica.

Uma coisa de cada vez
Na busca por diversificar a carreira, Fulvio escolheu os palcos como refgio entre uma novela e outra. Dessa forma, fez escola e parcerias com nomes como Juca de Oliveira, e passou a ser chamado pela tevê para fazer personagens que fugiam do estilo "pegador".

"Nunca deixei de fazer tevê, mas meu nome acabou ficando muito forte no teatro", afirma.

É para o teatro, inclusive, que ele voltará assim que Amor à Vida chegar ao fim.

"Já fui de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. É puxado e violento. Hoje eu prefiro me manter focado em apenas um trabalho", ressalta.

Com previsão de estreia para o início de 2014, Fulvio faz mistério sobre a nova peça, mas apenas por motivos legais.

"O texto já está pronto e recebendo alguns ajustes. Começo a ensaiar assim que me despedir do Denizard", conta.

Instantâneas
# A primeira aparição de Fulvio Stefanini na Globo foi em uma participação especial em Cavalo de Aço, trama assinada por Walther Negrão, de 1973.

# Por seu desempenho como o Osvaldo de Alma Gêmea, Fulvio foi premiado pela APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – como melhor ator de televisão de 2005.

# O ator estava distante das novelas desde Caras & Bocas, de 2009. Nos ltimos quatro anos ele fez apenas pequenas participações em seriados como A Grande Família e projetos especiais como Homens de Bem e Amor em 4 Atos. 

# Fulvio tem se envolvido cada vez mais com o cinema. Só na última década, ele esteve presente em sete longas. Entre eles, o comercial Cilada.com e o conceitual Cabeça a Prêmio, onde foi dirigido pelo também ator Marco Ricca.

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