Funkeiros Cults; Galera da quebrada tem dominado a literatura

Por - 02/07/20 às 00:30

Reprodução/Instagram

Cabelinho na régua, óculos espelhado e Franz Kafka. O que isso tem a ver? Funkeiros Cults! Se Capitú traiu Bentinho ou não em Dom Casmurro, famoso livro de Machado de Assis, ninguém sabe de fato, mas a história foi muito bem resumida com o hit Um Pente É Pente da dupla Os Hawaianos.

Música do Os Hawaianos virou um resumo para o livro Dom Casmurro

Em uma das imagens compartilhadas na página Funkeiros Cults no Instagram, uma menina brinca com o Santo Graal citado em O Código da Vinci, de Dan Brown e se pergunta: Mas o "grau" não é empinar a moto para chamar a atenção?

É com essa linguagem da periferia, com o estilo de se vestir e se comportar que por muitas vezes é hostilizada que as publicações se tornaram memes e colocaram olhos e mais olhos sobre a cultura de uma população. Funkeiro não é sinônimo de más ações.

Com o intuito de mostrar que a quebrada tem muito a oferecer, Dayrel Azevedo, de 21 anos, morador de Manaus, resolveu dar visibilidade para a galera e deu muito certo! Até mesmo o Chavoso da USP, apelido de Thiago Torres, estudante de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo, deu às caras pelo perfil segurando A liberdade é uma constante, de Angela Davis.

O Código da Vinci e seu

"Pra Lili canta nois vai ter que luta (sic)", descreveu dele.

Para o UOL, Azevedo explicou que cresceu ouvindo funk. Morador de um bairro periférico da capital do Amazonas, ele é apaixonado por cinema e literatura, entretanto, por seu estilo, o preconceito sempre falou mais alto.

"Não entra na cabeça das pessoas que quem ouve um certo estilo de música ou se veste de alguma forma pode ter conhecimento de algo que é escolhido pela elite como cult", ressaltou.

O Chavoso da USP com um dos livros de Angela Davis

O sucesso foi tão certeiro que um grupo no Facebook foi criado e lá o pessoal vai além das imagens literárias. Existem dicas das mais diversas produções audiovisuais e escritas, majoritariamente focadas em questões sociais, principalmente as raciais.

A rede de apoio também é grande ali. Há divulgação e curtida dos trabalhos de muita gente, do próprio grupo, mostrando a força da união.

Tanto a página quanto o grupo segue crescendo, indo parar até no Twitter.

Quebrando diversos paradigmas, os Funkeiros Cults também vem ganhando apoio dos educadores, servindo de inspiração para as futuras gerações e até as atuais, ressignificando a maneira de observar o funk e entendendo a sua importância para tanta gente.

Arrasaram!

Página do Funkeiros Cults no Facebook

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