Gandhi inspira Fernando Belo para seu personagem em Saramandaia

Por - 15/09/13 às 10:30

Pedro Paulo Figueiredo/ Carta Z Noticias

De uma hora para outra, tudo pode mudar. Foi o que aconteceu com Fernando Belo quando foi aprovado para interpretar o prefeito Lua, em Saramandaia. Ele já morava há quatro anos nos Estados Unidos, onde concluía um mestrado em Artes Cênicas, na CalArts – renomada faculdade de Los Angeles –, quando foi convidado para dois testes no Brasil em duas viagens diferentes para a trama de Ricardo Linhares. Ao receber a resposta positiva, precisou pesar na balança suas prioridades. Até então, a ideia de Fernando era se estabelecer por lá. Mesmo assim, o ator resolveu arriscar.

"Não tive muito tempo para pensar e confesso que vim para cá sem certeza se era mesmo este o caminho. Mas não demorou muito para eu ver que era o que tinha de fazer", afirma.

Antes de sair do Brasil para estudar, Fernando era bastante envolvido com teatro experimental, em São Paulo. Fez parte do grupo do SESI e acumulou atuações em musicais como My Fair Lady e A Bela e A Fera. Mas, até se assumir ator, cursou um ano de Administração e se formou em Publicidade.

"Mas acho que trabalhei quatro meses na área estagiando. Eu tinha essa luta de não querer ser ator porque não tenho artistas na família, tinha medo de morrer de fome", exagera ele, que teve uma primeira experiência na tevê com uma participação em Dance Dance Dance, exibida pela Band em 2007.

"Eu era cru de tudo, muito novo. Mas foi uma experiência ótima", recorda.

O Fuxico: Logo em sua primeira novela com um personagem fixo, você contracena com nomes consagrados da teledramaturgia, como Renata Sorrah, Lilia Cabral, José Mayer, Aracy Balabanian e Tarcísio Meira, entre outros. Em algum momento, se sentiu intimidado por conta disso?

Fernando Belo: Não. Me dá mais segurança porque estou bem cercado. Contracenar com a Renata é até fácil porque ela é tão generosa e contribui tanto com a cena que flui muito fácil. Acho que não me dá receio e sim tranquilidade, motivação em saber que eu tenho de trabalhar para corresponder, estar à altura de contracenar com Renata, Tarcísio, Lilia… Acho que não podia ser um começo melhor.

OF: O Lua é um prefeito que prega a neutralidade. Como foi sua preparação para o personagem?

FB: Como o Lua tem a coisa do pacifismo, acabou caindo a ficha e fui pesquisar sobre Gandhi. Li a bibliografia dele e muita coisa bateu e falou para mim um pouco da concepção do Lua. Foi legal porque, dois dias antes de começar a gravar no cenário da prefeitura, eu até conversei com o diretor de arte da novela sobre isso. Aí, ele, correndo, achou uns quadros e livros do Gandhi para colocar no cenário.  

OF: Você que percebeu esse gancho ou foi uma indicação da equipe da novela? 

FB: Foi uma coisa minha, é meio que um trabalho de detetive. Eu estava pesquisando sobre John Kennedy e Lyndon Johnson, que foram presidentes americanos que vinham com esse dado novo da neutralidade, pelo menos no discurso, mas ainda faltava alguma coisa. Porque o Lua é tão idealizado e o Ricardo (Linhares, autor) escreveu o personagem como o político que a gente quer ter. Então, estava difícil achar exemplos reais (risos). E estava difícil achar uma coisa que deixasse essa paixão pelo correto dele natural, verdadeira. Foi lendo sobre o Gandhi que achei o gancho.

OF: Antes de entrar para o elenco de Saramandaia, você estava com a vida estabelecida nos Estados Unidos. Pensa em voltar para lá quando terminar a novela?

FB: Eu ainda tenho minha companhia de teatro, a The Moving Art Collective, que eu dirijo e é uma das minhas grandes paixões. Quero trazer algumas peças para cá no ano que vem. Também tenho alguns trabalhos como ator em Los Angeles e devo ir para lá. Se tudo der certo, meu plano é ficar nessa ponte aérea Rio-Los Angeles.

OF: Você acabou descambando para a direção durante seus estudos nos Estados Unidos. Mas trabalhar atuando na tevê era uma vontade sua quando resolveu investir nas Artes Cênicas?

FB: Eu gosto muito do que faço. Se é na tevê, no teatro… Eu não pensava: "quero estar na televisão". Sempre vi como mais uma oportunidade legal de trabalhar com o que gosto de fazer e cada meio tem uma coisa específica. O pessoal de teatro, às vezes, tem um pouco de preconceito com ator de tevê. Eu já sacava que era um trabalho difícil e agora, que estou imerso nesse meio, admiro cada vez mais. O ator na tevê é um herói. Pela natureza do meio, ele não tem a preparação que tem no teatro. E não dá para ter porque é tudo muito rápido. Às vezes, você faz uma cena com uma pessoa que acabou de conhecer e é uma cena de amor. Acho que quem faz tevê bem é de se admirar.      

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