Ganhador de duas Palmas de Ouro morre, em Tóquio

Morreu na última terça-feira, dia 30, de câncer, aos 79 anos, em Tóquio, o cineasta japonês Shohei Imamura. De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, seu último filme foi um episódio de 11 de Setembro (2002), que reunia 11 diretores de diferentes países, que abordava a dura reflexão sobre o significado dos ataques terroristas.

Imamura foi um dos raros cineastas a conquistar por duas vezes a Palma de Ouro em Cannes, a primeira por Balada de Narayama (1983) e a segunda por A Enguia (1997), este último um drama sobre um marido ciumento que vai parar na prisão por homicídio e, ao sair, permanece mentalmente enclausurado.

O universo do cineasta é povoado por gente assim: desvalidos, prostitutas e renegados sociais. Ainda de acordo com a publicação, seu humanismo foi um legado do mestre Yasujiro Ozu. Mas, ao contrário do seu mestre, ele costumava envolver o espectador na loucura passional de seus personagens, como a mulher que faz jorrar água quente na hora do gozo, em Água Quente sob uma Ponte Vermelha (2000), um insólito e poético filme, como todos de Imamura.