Gardênia, espetáculo dirigido por Marat Descartes, encerra temporada com êxito em SP
Por Redação - 16/04/14 às 09:54
O Centro Internacional de Teatro Ecum, na Rua da Consolação, região central de São Paulo, recebeu nesta terça-feira (15) a última apresentação de Gardênia, peça do núcleo de teatro El Otro, que está em turnê pelo país desde 2009. Com êxito, aplausos da plateia e muita comoção, a equipe e o público se despediram de mais uma temporada do espetáculo, baseado em O Amor Nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Marques.
A peça é magnífica não só pela genialidade da cenografia, construída por Cristina Souto, que mantém a identidade do texto do colombiano (de uma elegância cheia de simplicidade), como também tem dramaturgia inovadora construída por Ana Roxo, quem deu voz aos personagens para que contassem suas histórias com a própria voz.
E o trabalho para Cybele Jácome e Luis Mármora, que deram vida a Fermina Daza e Florentino Ariza, respectivamente, só aumentou com isso. Os atores conquistam a empatia do público logo de cara, enquanto trocam cartas de amor na adolescência e fazem das fileiras da plateia seus pombos correios. Ou então quando usam o toca discos ou se sentam entre os expectadores para ouvir o que o outro conta. A interação com quem te assiste é um dos elementos mais vívidos da peça.
Ainda há a responsabilidade com toda a interação com o cenário, que é móvel e conta com 4 cortinhas finas, 10 projetores, 2 banquinhos, 1 toca discos, 1 sanfona, cartas, 1 trança de cabelo, roupas, livros, cadernos, etc. A relação ator-cenário aqui fica cria toda a inovação da peça e é resultado de um esforço criativo extremamente bem sucedido entre cenografa e dramaturgia.
E para encerrar com chave de ouro e deixar aos que não viram com curiosidade para encontrar as próximas apresentações da peça, é ainda importante lembrar a fidelidade ao texto de Garcia Marques. Com todos os elementos teatrais muito bem desenvolvidos, o texto não fica em segundo plano, de jeito nenhum. As cartas do escrivão Florentino arrebatam o público a uma dimensão rimada e interpretativa romântica que se afasta do clichê e enche os olhos de lágrimas.
É emocionante ver como o rapaz se declara à amada e acompanhar sua vida de despojo sexual, enquanto reafirma seu amor e decide lutar por ele e, mesmo depois dos 70, o vive com a mesma intensidade dos 20.
“Até quando vamos ficar nesse ir e vir?”, pergunta a impaciente Ferminada, que recebe de cara a resposta do amado: “Para todo a vida!”. Mais uma direção brilhante de Marat, que tem uma carreira inquestionável e de suma importância para o teatro nacional.
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